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A guerra económica também mata

category internacional | imperialismo / guerra | opinião / análise author Tuesday March 18, 2008 17:05author by Manuel Baptista (a título pessoal) - Luta Social (Portugal)author email iniciativalutasocial at gmail dot com Report this post to the editors

A guerra económica é dos muito ricos contra os pobres e remediados.

Uma certeza é que a paz é essencial para se desenvolver essa alternativa, que não haverá nenhum progresso através de guerras, sejam elas localizadas, sejam elas globais. [ English]


A guerra económica também mata


A guerra económica é dos muito ricos contra os pobres e remediados.

De facto, ao vermos as notícias alarmantes das quedas generalizadas das bolsas mundiais, as injecções massiças de dinheiro dos bancos centrais para salvar as entidades bancárias periclitantes, incluindo a própria opção de nacionalização de bancos em risco de falência, temos a ideia de que este maremoto vai afectar sobretudo os lucros dos especuladores bolsistas, das grandes empresas, dos bancos.

Porém, estes são apenas atingidos numa redução dos seus negócios, não são atingidos no seu património. É que eles operam com o dinheiro dos outros! Os outros, são os pequenos investidores, muitos deles trabalhadores reformados, que ficam com as perdas de biliões de dólares.

Os mercados reagem à aproximação do momento da perda de hegemonia do dólar e ao arrastamento da economia da maior potência para uma situação de marasmo e de perda irreversível de poderio financeiro. Esta perda tem um corolário político e militar.

A matéria prima estratégica entre todas, o petróleo, reflecte essa desafecção pelo «bilhete verde», com novos recordes nos preços do barril de «crude».

As matérias primas alimentares, nomeadamente os cereais, estão a subir de forma muito acentuada, por antecipação dos preços mais altos do petróleo e porque existem pressões para converter campos agrícolas, que poderiam ser destinados à alimentação humana (milho, por exemplo), em matéria prima para bio-combustível.

Tudo indica que estamos a entrar numa era de grandes incertezas a nível mundial, tanto mais que a administração Bush deixou o mundo com uma pesada herança de aprofundamento de conflitos e de sementeira de novos. Basta pensar nas situações que se irão arrastar por muitos anos ainda, previsivelmente, como as do Iraque, do Afeganistão, de Israel-Palestina, Kosovo-Sérvia, etc, etc.

Em todos estes processos, o «ocidente» tem vindo a perder qualquer resquício de pudor e a transformar-se em acólito submisso do imperialismo USA, o que somente serve para fortalecer os nacionalismos de países como a Rússia.

A era dos nacionalismos não acabou, mas antes estamos perante a abertura duma caixa de pandora de rancores históricos que se abre com a chamada globalização neo-liberal, a qual precisa dos nacionalismos, justamente, para 'justificar' a hegemonia de Washington e do seu polícia mundial, a NATO.

A necessidade urgente de uma mudança profunda no âmbito global (uma revolução social, ao fim e ao cabo) faz-se sentir de forma cada vez mais aguda. Os caminhos para alcançarmos essa situação são ainda muito nebulosos.

Uma certeza é que a paz é essencial para se desenvolver essa alternativa, que não haverá nenhum progresso através de guerras, sejam elas localizadas, sejam elas globais. A história recente já demonstrou à saciedade que o campo popular e anti-autoritário apenas tem a perder com a militarização dos conflitos sociais.

Apenas os poderes hegemónicos, detentores da força bruta, têm a ganhar com isso, sendo estes sempre os poderes dos Estados e do Capital.

Manuel Baptista
(a título individual)
Luta Social
Colectivo Anti-Autoritário e Anti-Capitalista
de Luta de Classes, baseado em Portugal

Related Link: http://www.luta-social.org
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