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É Preciso Retomar o Caminho para Revolução: Carta Desfiliação Coletiva à FOB

category brazil/guyana/suriname/fguiana | a esquerda | policy statement author Friday July 02, 2021 02:22author by seguimosnalutasc Report this post to the editors
A presente carta foi escrita durante o mês de Abril de 2021 com objetivo de ser restrita a militância da FOB (Federação das Organizações Sindicalista Revolucionárias do Brasil), por esse motivo tivemos de editá-la e suprimir alguns trechos que poderiam expor militantes e a organização, sendo assim já advertimos que a leitura pode ficar dificultada para a militância externa a FOB. Decidimos publicizar nossa carta de ruptura após recebermos uma resposta a mesma no início de Junho, onde ficou explícito o não compromisso com a verdade, a responsabilização individualizada sobre alguns dos ex-militantes e a tentativa de descredibilizar nossas ações a fim de evitarmos chegar ao ponto da ruptura. Para além disto a resposta da FOB à nossa carta não responde nenhuma das críticas apontadas, sendo assim resolvemos deixar público o esclarecimento sobre o motivo de nossa desfiliação para que a base da nossa ex-organização tenha acesso ao real motivo de nossa saída das fileiras desta.

Julho/2021

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Nós, militantes atuantes em Santa Catarina que abaixo assinam, divulgamos por meio desta carta o nosso desligamento coletivo do SIGA-SC (Sindicato Geral Autônomo de Santa Catarina) e da FOB (Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil), federação a qual o primeiro é filiado. Redigimos esta carta por respeito aos/as camaradas que continuam nessa organização e aos acordos coletivos firmados, assim como para registrar publicamente que não possuímos mais vínculo com as posições e ações das referidas organizações e de seus membros.

Explicitando o motivo pelo qual estamos nos desligando, viemos também fazer a crítica à organização. Entendemos que a forma como a FOB vem se estruturando não contempla nossa compreensão de organização política. Primeiramente vemos que a FOB não tem atuado através da democracia de base, um de seus princípios fundamentais, e sim de forma verticalizada através da Coordenação Nacional, que hoje é hegemonizada e tutelada pela Unipa (União Popular Anarquista). As decisões tomadas pela FOB não se dão nas bases e sim nas esferas coordenativas, ignorando especificidades locais para construção de campanhas e espaços nacionais que tem muito pouco ou nenhuma relação com a realidade das bases e não trazem ganhos políticos mensuráveis para a construção tanto de uma organização de massas e, muito menos, para termos condições de influir concretamente na luta de classes. Uma instância que deveria ser executiva tornou-se uma instância deliberativa e desorganizadora.

Além disso, a prática de propaganda da organização se dá em uma lógica inversa, uma vez que a propaganda deveria ser resultado da prática e o que acontece é que a partir da propaganda tenta-se impulsionar ações. Assim, hoje na FOB, há campanhas de propaganda desconexas da realidade das bases e sem desdobramentos práticos. Além disso, por não existir um debate anterior nas bases, essas propagandas trazem uma linguagem altamente acadêmica e elitizada que não dialoga com a classe trabalhadora em geral, nem com parte da nossa própria militância que não faz e nunca fez parte dos círculos acadêmicos. A prática da FOB nacionalmente vem se limitando a produção de textos e notas que não refletem suas ações e nem repercutem na materialidade. E quando pequenas ações são feitas, elas não têm continuidade e não revertem em ganho político, pelo contrário, só geram dispêndio de energia.

Essas questões da estrutura organizativa, propaganda e construção de campanhas são reflexo da falta de um programa e de um plano estratégico. Se não temos uma análise da realidade, um projeto de organização da classe trabalhadora, não conseguimos atuar qualitativamente e ficamos refém de uma militância tarefeira e que pauta suas atuações somente em questões imediatas que não visam a construção de um projeto revolucionário, que em teoria a FOB busca construir. Entendemos que isso é efeito da ausência de uma linha política coerente com o objetivo final esboçado pela organização e que seja eficaz, já que as teses que balizam a organização não dão conta de debater a realidade, nem propõem uma atuação estratégica a caminho da revolução.

Outra questão é que a FOB permite seus militantes atuarem em outras organizações desde que as mesmas estejam de acordo com os princípios e estatuto da FOB. Entendemos que por se tratar de uma organização de massas, ter organizações de diferentes matrizes e haver disputa entre elas, é saudável e importante para a construção da via revolucionária, porém, deve acontecer de forma honesta e transparente a todos/as militantes da organização. O que a União Popular Anarquista (UNIPA) vem fazendo dentro da FOB é uma disputa velada, buscando ter o controle burocrático da FOB a qualquer custo, atravancando e boicotando discussões e deliberações. Fazendo isso objetivamente através da ocupação da maioria dos cargos coordenativos e representação em comissões.

Um exemplo disso é o represamento de documentos e discussões que vão na contramão das aspirações da UNIPA. É recorrente dentro da FOB que críticas sejam taxadas como práticas de traição, são abafadas, ignoradas ou não encaminhadas, como no caso que ocorreu em SC, onde as críticas feitas pela Casa da Resistência (Bahia) contra a direção política da FOB não foram encaminhadas às bases e somente após exaustiva cobrança foram repassados os documentos, porém, em quase um ano ainda não haviam sido discutidos nas bases.

Como dito anteriormente, reconhecemos a importância de que a FOB permita a disputa interna, através de outros grupos ou organizações que estejam de acordo com seus princípios. Entretanto, quando alguns de nós se propuseram a iniciar uma discussão sobre os rumos da organização, justamente pelas críticas a forma com que a UNIPA vinha dirigindo a mesma, fomos acusados de traição e paralelismo. Assim, nos questionamos: a única forma de disputa válida é a feita pela UNIPA? Outras organizações ou grupos que a fizerem serão acusados de paralelismo e traição?

A gota d'água foi a onda de processos disciplinares, os quais a UNIPA demonstrou claro interesse nos resultados. Os processos, que acabaram indevidamente se tornando um único, foram feitos sem obedecer às regras estatutárias, chegando ao cúmulo de negarem o direito à ampla defesa, negarem acesso da base e dos envolvidos aos autos do processo, e a decretação de condenação à revelia.

Somos a favor da apuração de qualquer suposta violação estatutária. Contudo, os processos ocorreram de forma totalmente tendenciosa, irregular, arbitrária e injusta. Esse processo de apuração só reflete a maneira equivocada com que a FOB vem atuando internamente, sendo condicionada aos interesses e à tutela burocrática da UNIPA. Hoje o que temos é uma organização atolada no imobilismo, permeada pelo liberalismo potencializado pelas redes de afinidades e sem ter conexão com a realidade concreta, rumo esse tomado devido a falta de um programa coerente.

Nosso desligamento da organização vem de um acúmulo de críticas e desgaste. E diferente do que a organização responde em sua defesa, dizendo que essa crise interna é decorrente das debilidades trazidas pela pandemia Covid-19, frisamos que a crise interna vem antes mesmo do início da pandemia. Os últimos acontecimentos apenas reforçaram nossa posição, mostrando que não é mais possível disputar internamente já que os problemas são também estruturais. Entendemos que a FOB está fadada a seguir um projeto limitado aos setores médios da sociedade e que acreditamos não levar à construção da revolução proletária.

Nós seguimos na luta pela revolução proletária e continuamos acreditando que somente a luta organizada junto ao povo oprimido é caminho para a revolução, por isso colocaremos nossas mentes, braços e corações ao trabalho de balanço desses anos de militância e rearticulação da nossa atuação. A todos/as que quiserem discutir as críticas apontadas estamos abertos ao diálogo.

Avante a Revolução Proletária Contra o Estado e o Capital!

Assinam:
Luiza – seção estudantil SIGA/SC
Franciele – seção trabalhadores da educação SIGA/SC
Rafaela – seção estudantil SIGA/SC
Mariana – seção estudantil SIGA/SC
Giulia – seção estudantil SIGA/SC
Andre – seção estudantil SIGA/SC
Marlon – seção popular SIGA/SC

E-mail para contato: seguimosnalutasc@protonmail.com

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