user preferences

New Events

Ásia Oriental

no event posted in the last week

O patriotismo e o caminho para a felicidade dos chineses

category Ásia oriental | história do anarquismo | opinião / análise author Wednesday May 09, 2018 04:33author by Ba Jin Report this post to the editors

Tradução: Rafael V. da Silva

Traduzido o livro Problemas del anarquismo y la revolución en China.
Ba Jin.
Ba Jin.

Hoje em dia vemos a China converter-se numa sociedade em escuridão. Sob o peso desta obscuridade, alguns jovens conscientes propõem que a única maneira de salvar a China desta situação miserável é promover o "patriotismo", tomar o patriotismo como o único caminho para a felicidade dos chineses. Pelo mesmo motivo, a palavra "patriotismo" é ouvida em todo o país. Este é um fenômeno terrível. Creio que o "patriotismo" é um obstáculo a evolução humana. Como membro da humanidade minha consciência me move a rechaçar semelhante falácia e a oferecer minha própria sugestão a respeito do "caminho para a felicidade dos chineses". As palavras que digo surgem de minha consciência. Creio que num país tão grande como é a China, deverá haver mesmo que sejam alguns poucos com a consciência para apoiar minhas ideias.

"O que é o patriotismo"? Tolstói nos diz corretamente que o patriotismo é "como uma máquina de moto. O que pratica é a arte do homicídio, o que discute é de que maneira assassinar. Não tem nada a ver com a vida real das massas".

Por surpreendente que soe, esta citação captura perfeitamente o espírito do "patriotismo". Com exceção de alguns caudilhos cruéis e dos políticos, os seres humanos se opõe e condenam as guerras, e a origem das guerras, de fato, é o "patriotismo". Se os seres humanos se amaram e trabalharam juntos em paz, por que haveria guerras? O "patriotismo" nasceu na "Época do instinto animal", quando o Estado nasceu. O Estado se caracteriza pelo egoísmo e a hipocrisia. A fim de satisfazer sua paixão animal, o Estado força a sua população a invadir outras terras e morrer. A vitória bélica traz prazer aos caudilhos e aos políticos, e o fracasso bélico arranca a carne e o sangue do povo que paga seu preço. A guerra beneficia de alguma maneira as pessoas comuns? Desafortunadamente, o povo se encontra em total desconhecimento de que o chamado "patriotismo" é uma arma com a qual se assassina a seus entes queridos. O "patriotismo" é uma monstruosidade que assassina. Por exemplo, no final do século XIX o governo alemão promoveu o sentimento patriótico e implementou o alistamento militar. Todos os adultos, incluído os intelectuais e sacerdotes, deviam prestar serviço militar e assim assassinar segundo as ordens dos militares e políticos. Ordenavam-lhes assassinar trabalhadores em greve, inclusive se eram seus pais e irmão. Que desgraça! Poderia haver algo mais cruel e selvagem que isso?

Creio que a promoção do patriotismo jamais poderá significar a felicidade dos chineses; ao contrário, trará misérias. O único caminho para que os chineses busquem a felicidade é a abolição das seguintes instituições:

I. GOVERNO: O governo é a instituição do poder autoritário. Protege as leis, nos assassina, nos priva dos meios de vida, nos insulta e ajuda o capitalismo a assassinar os pobres. Nós, os seres humanos, nascemos para ser livres por natureza, mas o governo criou muitas leis com as quais nos amarram; amamos a paz, mas o governo nos impulsiona a guerra; supostamente deveríamos praticar o apoio mútuo com nossos compatriotas do mundo, mas o governo nos força a competir. Tudo o que o governo faz, contradiz a vontade da vasta maioria do povo. Por sobre tudo, o governo é a base do patriotismo. Se quisermos buscar a felicidade, nossa prioridade deve ser derrotar o governo.

II. PROPRIEDADE PRIVADA: A propriedade privada é fruto do saqueio. A propriedade originalmente pertencia a todos os seres humanos, mas um número reduzido de pessoas, por meio de seu poder e de seus conhecimentos, se apropriou da propriedade comum. Isto levou aos mais débeis se virem sem teto, e a que os mais poderosos puderam comprar a força de trabalho alheia. Eles desfrutam do que produzem os trabalhadores, enquanto a estes não lhes resta nada. A propriedade privada é a injustiça número um do mundo. Além disso, a propriedade privada levou a rivalidade, ao roubo, ao latrocínio e a degeneração moral. É a propriedade privada que tem mantido o governo por tanto tempo. Consequentemente, a abolição da propriedade privada fará mais fácil a abolição do governo.

III. RELIGIÃO: A religião acorrenta o pensamento humano e obstaculiza a evolução humana. Enquanto queremos a busca da verdade, ela nos entrega superstições; enquanto queremos o progresso, ela nos pede para sermos conservadores. Alguns sacerdotes dizem: "Deus é onipotente. Deus é a verdade, justiça, gentileza, beleza, poder e vitalidade, enquanto que o Homem é a falsidade, a injustiça, a maldade, a fealdade, a impotência e a morte; Deus é o senhor, o Homem um escravo. O Homem, por si só, não é capaz de alcançar a justiça, a verdade, a vida eterna, e deve seguir as revelações de Deus. Deus criou o mundo, e os monarcas com seus oficiais representam a Deus e merecem ser servidos pelo povo" (Isto é o que Carlos I da Inglaterra chamou de "direito divino dos monarcas"). Esta é a essência da cristandade e podem apreciar-se muitas similitudes com algumas das religiões menos importantes. O comentário de Bakunin: "Se deus realmente existisse, seria necessário aboli-lo" é grandioso. Há que torná-lo realidade.

As instituições discutidas são todas nossas inimigas. Antes de tomar o rumo pelo caminho da felicidade, é preciso aboli-las. Então, distribuiremos a propriedade, iniciaremos nossas associações livres, praticaremos os princípios do apoio mútuo, de cada qual segundo sua capacidade, a cada qual segundo suas necessidades, todos para um e um para todos. Não é essa uma vida feliz? No entanto, temos de pagar um preço para obter essa felicidade. Qual é esse preço? É o sangue quente de muita gente. Bakunin disse: "Nada deste mundo é mais excitante e prazeroso que a empreitada revolucionária! Que preferirias? Que tua vida se passara em tua submissão ao poder despótico ou arriscar valorosamente tua vida numa luta sem tréguas contra a tirania?" Que entusiasta valoroso! Espero que vocês, amigos, se unam a nós e contribuam com seu sangue quente a mais excitante e prazerosa das empreitadas revolucionárias! Marchemos juntos pelo caminho da felicidade!

El despertar del pueblo, n01, 1 de setembro, 1921.

This page can be viewed in
English Italiano Deutsch

Front page

Support Sudanese anarchists in exile

Joint Statement of European Anarchist Organizations

International anarchist call for solidarity: Earthquake in Turkey, Syria and Kurdistan

Elements of Anarchist Theory and Strategy

19 de Julio: Cuando el pueblo se levanta, escribe la historia

International anarchist solidarity against Turkish state repression

Declaración Anarquista Internacional por el Primero de Mayo, 2022

Le vieux monde opprime les femmes et les minorités de genre. Leur force le détruira !

Against Militarism and War: For self-organised struggle and social revolution

Declaração anarquista internacional sobre a pandemia da Covid-19

La révolution du Rojava a défendu le monde, maintenant le monde doit défendre la révolution du Rojava!

Anarchist Theory and History in Global Perspective

Trans Rights is a Class Issue

Capitalism, Anti-Capitalism and Popular Organisation [Booklet]

AUKUS: A big step toward war

Reflexiones sobre la situación de Afganistán

Αυτοοργάνωση ή Χάος

South Africa: Historic rupture or warring brothers again?

Declaración Anarquista Internacional: A 85 Años De La Revolución Española. Sus Enseñanzas Y Su Legado.

Death or Renewal: Is the Climate Crisis the Final Crisis?

Gleichheit und Freiheit stehen nicht zur Debatte!

Contre la guerre au Kurdistan irakien, contre la traîtrise du PDK

Meurtre de Clément Méric : l’enjeu politique du procès en appel

Comunicado sobre el Paro Nacional y las Jornadas de Protesta en Colombia

© 2005-2023 Anarkismo.net. Unless otherwise stated by the author, all content is free for non-commercial reuse, reprint, and rebroadcast, on the net and elsewhere. Opinions are those of the contributors and are not necessarily endorsed by Anarkismo.net. [ Disclaimer | Privacy ]