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Surgimento e Breve Perspectiva Histórica do Anarquismo

category internacional | história do anarquismo | opinião / análise author Saturday January 19, 2013 04:00author by Felipe Corrêa

Esse texto apresenta uma breve história do surgimento e do desenvolvimento do anarquismo. Constitui, mais do que um grande tratado ou um estudo de fontes primárias, uma tentativa de compilar e resumir estudos históricos sobre o tema, de maneira apresentar um mapa geral dos acontecimentos fundamentais que envolveram o anarquismo, desde seu surgimento até o presente, e indicar bibliografia aos leitores.
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SURGIMENTO E BREVE PERSPECTIVA HISTÓRICA DO ANARQUISMO
(1868-2012)

Felipe Corrêa

Quando falamos de anarquismo, e de segmentos do campo do socialismo, [...]
embora o objeto de investigação encontre-se ancorado no campo ideológico,
ele, além de representar uma aspiração passível de identidade temporal,
necessariamente atravessa a encruzilhada entre filosofia e história.
Situação que vincula o pensamento anarquista a uma longa linhagem
que deve, sem a perda de sua riqueza e diversidade, ser analisada em seu tempo
com todos os desdobramentos verificáveis até o presente.
Alexandre Samis

ESCOPO E PROPÓSITO DESTE TEXTO

Esse texto apresenta uma breve história do surgimento e do desenvolvimento do anarquismo. Constitui, mais do que um grande tratado ou um estudo de fontes primárias, uma tentativa de compilar e resumir estudos históricos sobre o tema, de maneira apresentar um mapa geral dos acontecimentos fundamentais que envolveram o anarquismo, desde seu surgimento até o presente, e indicar bibliografia aos leitores.

Obviamente, um estudo dessas proporções, que leva em conta 150 anos de história nos cinco continentes, não poderia ser tratado devidamente em um texto sintético como esse. Estou ciente das limitações desse empreendimento, mas, mesmo assim, acredito que seja relevante trabalhar nesse mapeamento, de maneira que outras pesquisas, mais aprofundadas, possam ser realizadas utilizando-se de elementos aqui apresentados. Tentando solucionar esse problema, busquei me apoiar fortemente nos estudos de Lucien van der Walt e Michael Schmidt, sul-africanos que se dedicam a essa pesquisa histórica há mais de uma década.[1] Trata-se, conforme se verá, de uma pesquisa horizontal, que não aprofunda os temas verticalmente, mas tenta apresentar um panorama geral, a partir de uma noção de totalidade da história do anarquismo. Essa iniciativa, a meu ver, é relevante por alguns motivos, pois ela:

  • Estabelece um fio condutor geral, de maneira que os episódios particulares possam ser relacionados a um contexto mais amplo;
  • Evidencia o fato de que há muitos episódios pouco/nada investigados ou conhecidos entre os anarquistas e que necessitam de pessoas dispostas a se debruçar sobre eles;
  • Fundamenta as bases para contrapor problemas fundamentais dos estudos de referência do anarquismo, principalmente no que diz respeito aos seguintes aspectos:
  • Conjunto restrito de autores e episódios tomados em conta nas investigações, assim como generalizações a partir de um restrita base de dados;
  • Foco quase exclusivo na Europa Ocidental /eixo do Atlântico Norte;
  • Abordagens ahistóricas (que afirmam que anarquismo sempre existiu), que vinculam o anarquismo à utilização terminológica e/ou à autoidentificação dos anarquistas (que afirmam que o anarquismo surgiu no século XVIII, na primeira metade do século XIX etc.);
  • Foco nos grandes homens, com a utilização da história vista de cima;
  • Desconsideração dos vetores sociais do anarquismo, em especial o sindicalismo de intenção revolucionária;
  • Definições inadequadas de anarquismo (que o conceituam como antiestatismo, oposição à dominação, antítese do marxismo etc.), que não permitem compreendê-lo adequadamente e nem diferenciá-lo de outras ideologias;
  • Abordagens teóricas sem base histórica e vice-versa.
  • Fundamenta as bases para contrapor afirmações equivocadas dos estudos de referência do anarquismo, que afirmam que ele:
  • Constitui uma ideologia incoerente;
  • Não teve um impacto popular significativo;
  • Mobilizou bases classistas restritas, restringindo-se aos camponeses e artesãos em declínio, não conseguindo adaptar-se ao capitalismo industrial;
  • Praticamente terminou depois da derrota na Revolução Espanhola, em 1939, episódio que, inclusive, constitui uma exceção na história anarquista, por ter sido um dos poucos casos em que anarquismo converteu-se em um significativo movimento de massas;
  • É sinônimo de antiestatismo e/ou antítese do marxismo;
  • Fundamenta-se em bases idealistas, espontaneístas, individualistas e juvenis.
  • Fundamenta as bases para um conjunto de teses que eu e outros pesquisadores temos buscado afirmar:
  • Anarquismo não é sinônimo de individualismo, antiestatismo ou antítese do marxismo;
  • Ele baseia-se em análises racionais, métodos e teorias que não são idealistas (explicações metafísicas/teológicas). Não afirma, em geral, a prioridade das idéias em relação aos fatos; apresenta distintas posições teóricas a este respeito;
  • Seus debates fundamentais se dão em torno dos seguintes temas: organização, lutas de curto prazo e violência;
  • Não é negação da política, do poder, não nega completamente as lutas de curto prazo e a organização. Defende uma concepção política e poder (sendo, para essa reflexão, necessária uma padronização conceitual); na maioria dos casos, os anarquistas defendem reformas e organização;
  • Sua extensão e seu impacto amplos: de 1868 ao presente nos cinco continentes;
  • Mobilizou classes dominadas como um todo, em especial proletariado urbano (operariado);
  • Não é incoerente, sendo que seus princípios demonstram a existência de uma coerência. As divergências estão nos debates estratégicos, que dão origem às diferentes correntes anarquistas.
  • Para tanto, trabalho em torno de quatro eixos fundamentais:

    1.) Busco demonstrar que o surgimento do anarquismo está relacionado a um contexto histórico particular, o qual lhe proporcionou as condições para surgir e desenvolver-se e que envolveu elementos estruturais e ações humanas voluntárias. Dedico-me, principalmente, a demonstrar que a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), ou Primeira Internacional, proporcionou muitas das condições necessárias para o surgimento do anarquismo e para que ele se difundisse internacionalmente, com destaque para o trabalho empreendido pela Aliança da Democracia Socialista (ADS) e para as distintas estratégias defendidas pelos anarquistas, em especial, o sindicalismo de intenção revolucionária.
    2.) Apresento a teoria das cinco ondas do anarquismo, as quais vão de 1868 ao presente. Busco demonstrar que, tendo surgido em 1868, em menos duas décadas o anarquismo generaliza-se para distintos continentes, com suas estratégias fundamentais já delineadas.
    3.) Apresento uma breve perspectiva histórica do desenvolvimento do anarquismo, nessas cinco ondas, nos cinco continentes, desde seu surgimento até o presente. Apresento, para cada onda, elementos contextuais que marcaram o mundo no período em questão e a situação geral do anarquismo no mundo, as experiências internacionais mais relevantes, os principais episódios e iniciativas com participação anarquista (mais ou menos relevante) em cada continente, reflexões gerais sobre o período. Coloco referências em nota para que o leitor interessado possa se aprofundar nos temas.
    4.) Realizo uma reflexão geral sobre a extensão e o impacto do anarquismo discutindo as regiões em que esteve/está presente, as classes sociais que foram mobilizadas nessas regiões, a intensidade de cada uma das ondas, os principais episódios revolucionários em que os anarquistas tiveram destaque.
    Devo ainda mencionar que retrato um quadro geral do anarquismo, partindo de uma definição precisa que será especificada a seguir, buscando não conferir prioridade aos pensadores, episódios e correntes com os quais tenho maior afinidade.[2] Trata-se, evidentemente, de um esforço, que espero que tenha sido minimamente cumprido. Além disso, preparei um “Caderno de Imagens” que acompanha esse texto, permitindo conhecer visualmente militantes, periódicos, organizações, episódios etc.[3]

    DEFINIÇÃO DO ANARQUISMO E DE SUAS CORRENTES

    O foco desse texto não é teórico-conceitual, mas, para fins didáticos, apresento aqui brevemente o conceito de anarquismo que utilizei para a presente leitura, e que foi discutido detalhadamente em Corrêa (2012).

    O anarquismo é uma ideologia socialista e revolucionária que se fundamenta em princípios determinados, cujas bases se definem a partir de uma crítica da dominação e de uma defesa da autogestão; em termos estruturais, o anarquismo defende uma transformação social fundamentada em estratégias, que devem permitir a substituição de um sistema de dominação por um sistema de autogestão.

    O anarquismo emerge de uma relação entre determinadas práticas das classes dominadas e formulações de distintos teóricos e tem como objetivo transformar a capacidade de realização das classes dominadas em força social e, por meio do conflito social caracterizado pela luta de classes, substituir o poder dominador que surge como vetor resultante das relações sociais por um poder autogestionário, consolidado nas três esferas estruturadas da sociedade (econômica, política/jurídica/militar, cultural/ideológica). Para o desenvolvimento desse projeto de poder, o anarquismo considera atores principais os agentes sociais que são membros das classes sociais concretas, presentes em cada tempo e lugar, as quais constituem as classes dominadas de maneira mais ampla. O anarquismo busca, em meio a elas e como parte delas, aumentar permanentemente sua força social, por meio de processos de luta que impliquem: participação crescente, visando à autogestão, estímulo da consciência de classe, construção das lutas de baixo para cima, com independência em relação aos agentes e estruturas dos inimigos de classe – sustenta, assim, meios condizentes com os fins que pretende atingir. A consolidação desse projeto de poder se dá por meio de uma construção permanente, que encontra em um processo revolucionário, em que a violência é inevitável, um marco de passagem de um sistema de dominação para um sistema de autogestão.

    As correntes anarquistas são fundamentalmente duas: o anarquismo insurrecionalista e o anarquismo de massas, sendo esta ultima subdividida, com base em outras questões de ordem estratégica. Essa definição das correntes fundamenta-se, portanto, na diferença entre algumas posições essenciais defendidas nos debates apresentados, envolvendo organização, lutas de curto prazo e violência. Um gráfico de Schmidt e van der Walt demonstra, de maneira esquemática, essas duas correntes do anarquismo e as subdivisões estratégicas referentes ao anarquismo de massas.


    CONTEXTO HISTÓRICO E SURGIMENTO DO ANARQUISMO

    O surgimento do anarquismo relaciona-se a um contexto histórico particular, que implicou mudanças sociais amplas, em todas as esferas, culminando no século XIX. Conforme afirmou Rafael Viana da Silva, foi esse contexto do século XIX que proporcionou o surgimento do anarquismo.
    É possível compreendermos a emergência do anarquismo, como intimamente ligada ao contexto histórico do século XIX de formação da classe trabalhadora. Neste contexto rico de lutas, os trabalhadores se organizavam e ameaçavam governos e patrões com o espectro do socialismo. O anarquismo surge desta efervescência das lutas dos trabalhadores na segunda metade do século XIX, num quadro de desenvolvimento industrial e tecnológico sem grandes precedentes, mas também como anteriormente mencionado, de formação de uma consciência de classe que envolve sistemas de referências, valores e tradições, que possuem raízes em lutas anteriores. Muito mais do que uma mera construção teórico-filosófica, o anarquismo fincou sua raiz exatamente no interior das discussões sobre quais seriam os meios de se atingir a sociedade socialista: discussões que se davam no contexto das lutas da classe trabalhadora. (Silva, 2011a, p. 22-23)
    Concordo com essa tese da emergência do anarquismo na segunda metade do século XIX, vinculada completamente às classes dominadas e ao próprio surgimento e desenvolvimento do socialismo. Exponho, a seguir, uma análise mais detalhada deste contexto de surgimento do anarquismo.

    Lucien van der Walt e Steven Hirsch (2010a, p. xxxiv) apontam que, durante o século XIX, o capitalismo desenvolveu-se e globalizou-se, a partir da integração das estruturas econômicas mundiais, dentro de marcos estabelecidos pela Revolução Industrial, “com a primeira economia global surgindo nos anos 1870”, o que, para alguns autores, pode, inclusive, ser considerada uma Segunda Revolução Industrial; ao mesmo tempo, os Estados Modernos consolidam-se e levam a cabo uma expansão imperial significativa ligada, em grande medida, ao aumento da produção mundial e às novas tecnologias desenvolvidas. Tais processos são acompanhados por um crescimento significativo da imigração de trabalhadores, com “aumentos sem precedentes na migração trans-oceânica e intracontinental”, e, ao mesmo tempo, por um desenvolvimento significativo das tecnologias em geral, em especial dos transportes e das comunicações. A promoção do racionalismo e a circulação de valores modernos, que ganham relevância com a Revolução Francesa, também são aspectos a serem levados em conta, assim como a reorganização das classes sociais e seu protagonismo em conflitos nas cidades e nos campos.

    O desenvolvimento e a globalização da economia capitalista na segunda metade do século XIX são marcados pelo crescimento da produção e do comércio. De acordo com van der Walt e Hirsch (2010a, p. xxxiv), “de 1870 a 1914, a produção e o comércio mundiais cresceram continuamente, com os maiores poderes desenvolvendo o comércio a ponto de o Produto Interno Bruto exceder um crescimento de 35%.” Essa onda de crescimento e globalização, maior do que a ocorrida nos fins do século XX, implicou o desdobramento das mudanças trazidas no bojo da Revolução Industrial e envolveu: a precarização das condições de trabalho; a separação definitiva entre capital e trabalho; o desenvolvimento do capitalismo industrial; as inovações tecnológicas nos setores produtivos (siderurgia, química), nas fontes de energia (derivados de petróleo e eletricidade são utilizados para fins de energia motriz), nos transportes e na comunicação; a aceleração nas transações comerciais; a urbanização e o crescimento das cidades; a alta concentração de capitais e a formação de grandes monopólios; as disputas das áreas coloniais, visando matérias-primas, criação de novos mercados, mão de obra, entre outros fatores.

    O século XIX também foi palco da consolidação dos Estados Modernos, que passaram a constituir estruturas centralizadas, burocráticas e hierárquicas, responsabilizando-se pela administração de territórios amplos e com fronteiras bem estabelecidas. Ainda que tal processo tenha se delineado durante o Absolutismo Monárquico do período anterior, nesta fase, ensejada pelos valores modernos e burgueses, os Estados assumiram tais contornos de maneira mais evidente e estável. Os Estados Modernos impõem, principalmente pela violência da repressão, a obediência generalizada ao conjunto de governados, em uma atuação fundamentada na manutenção e na promoção dos interesses das classes dominantes. Trata-se de um aprimoramento da máquina burocrático-administrativa para viabilizar o capitalismo, laicizando-se pouco e pouco e reprimindo as iniciativas em sentido contrário.

    Além disso, van der Walt e Hirsch (2010a, p. xxxv) enfatizam que “os contornos do capitalismo, do Estado e das classes populares também foram profundamente marcados pelo imperialismo.” Além do Império Britânico, que chegou a incorporar um quarto do mundo em 1900,

    a próxima onda imperial inclui poderes modernos como Áustria-Hungria, Bélgica, França, Alemanha, Japão, Holanda e Estados Unidos. Impérios pré-modernos em declínio, oscilando entre a modernização e o desmembramento, completam a base da onda imperial: China, Irã, Turquia Otomana, Portugal, Rússia e Espanha. (van der Walt; Hirsch, 2010a, p. xxxiv)
    Incluindo amplos territórios, com grandes arrecadações de impostos e fortes exércitos, os Estados imperialistas desenvolvem políticas externas para satisfazer os interesses das classes dominantes e dos grandes monopólios nacionais, por meio da dominação de outras nações.

    Essa expansão capitalista e estatista foi acompanhada de imensos fluxos migratórios e de um alto desenvolvimento tecnológico. As imigrações foram estimuladas pela busca de melhores condições de vida, de trabalho, e também pela fuga de perseguições e discriminações políticas e religiosas. O motor a vapor – uma conquista da Revolução Industrial, largamente utilizado até o início do século XX – possibilitou um incremento significativo no transporte por trens e barcos; o motor de combustão interna, dentre outras coisas, impulsionou o transporte rodoviário. Junto a esse processo, os correios desenvolveram-se, com a criação de regras para unificar a circulação internacional, e dinamizou-se a distribuição de materiais pelo mundo. No campo das comunicações, a prensa rotativa facilitou a impressão de periódicos em alta escala.

    Destacam-se, ainda, durante o século XIX, a promoção do racionalismo e de valores que contribuíram com o processo em questão. Abandonam-se, progressivamente, por estímulo prévio do Renascimento e do Iluminismo, as explicações sociais de base teológica e metafísica e estimulam-se as análises fundamentadas na racionalidade, processo para o qual o surgimento das Ciências Sociais em muito contribuiu. Valores como a liberdade individual e a igualdade perante as leis passam a ser difundidos de maneira mais generalizada, assim como a idéia de que as tecnologias poderiam auxiliar a emancipação humana; valores que contribuem também, aos poucos, com o enfraquecimento da influência religiosa. Paralelamente, um aumento na taxa de alfabetização permite um consumo cultural mais ampliado, que inclui periódicos e livros.

    Em termos globais, notam-se duas situações relativamente distintas. De um lado, o capitalismo moderno em processo de consolidação por meio do crescimento industrial; seus centros encontram-se na Europa Ocidental, nos Estados Unidos e no Japão, os quais se desenvolvem rapidamente, juntamente com uma classe de trabalhadores assalariados e urbanos, que se envolve permanentemente em conflitos trabalhistas. De outro, economias menos desenvolvidas, de base agrária, como nos países da América Latina, na China, na África, no mundo islâmico e mesmo em outras partes da Ásia e da Europa; nessas localidades, trabalhadores rurais e camponeses protagonizam conflitos em torno da propriedade da terra. Em ambas as regiões, mesmo com a ascensão progressiva do proletariado industrial, o campesinato constitui uma classe relevante, em termos numéricos e também por seu envolvimento nos conflitos, em contextos freqüentemente marcados pelo crescimento do comércio de produtos agrícolas.

    Os conflitos sociais nas cidades e nos campos implicam lutas durante todo o século XIX: lutas de independência e antiimperialistas, revoltas camponesas e de escravos, conflitos de operários e artesãos nas cidades; muitas das quais tiveram participação dos oprimidos, com maior ou menor protagonismo. Entre muitos outros conflitos do período, podem-se citar: a Guerra de Independência do México (1810) e a luta contra o imperialismo francês, representado por Maximiliano da Áustria (1864-1867); as insurreições dos operários da seda lioneses, em 1831 e 1834, na França; a Cabanagem (1835-1840), a Revolta dos Malês (1835) e a Balaiada (1838-1841), no Brasil; as Revoluções de 1848, na Europa; as Guerras de Independência Italiana (1848-1866); as lutas entre as forças de resistência de Abd el-Kader na Argélia contra a França; a resistência anticolonial no Senegal, realizada pelos nômades tuaregues no Saara; as várias guerras de independência nas Américas; a Greve Geral de 1842, na Inglaterra; a Rebelião Taiping (1851-1864), na China e a Revolta dos Sipaios (1857-1858), na Índia. Os conflitos sociais, em geral, contribuem com o fortalecimento da noção que a ação humana poderia modificar o futuro; particularmente, os conflitos de classe fortaleceram a noção de que os oprimidos, por meio de sua ação, poderiam transformar a sociedade.

    Para van der Walt e Hirsch (2010a, p. xxxv), “a industrialização, a formação das classes e dos conflitos de classe proporcionaram as forças sociais que seriam mobilizadas por anarquistas e sindicalistas”; forças estas que se desenvolveriam fundamentalmente entre os trabalhadores assalariados e o campesinato, ainda que precarizados e marginalizados, em geral, tenham, também, tido papel relevante.

    O surgimento do anarquismo está diretamente associado a esse contexto histórico particular. Juntamente com o desenvolvimento de uma estrutura de dominação capitalista, estatista e pautada nos valores modernos, surgem inimigos das classes dominantes que, não se sentido contemplados pelas ideologias políticas em voga, desenvolvem, a partir de uma inter-relação prática-teórica, os elementos fundamentais do anarquismo.

    Os próprios circuitos e centros do imperialismo, do capitalismo industrial, e das formações do Estado [moderno] proporcionaram os vínculos em que esses inimigos, anarquistas e sindicalistas, surgiram. As primeiras mobilizações da globalização para o trabalho na indústria e para as guerras espalharam o radicalismo e conectaram os radicais, suas comunicações baratas por meio de navios a vapor, telégrafos, sua imprensa a preços populares provieram os meios para um contato contínuo e seus novos centros industriais ofereceram as possibilidades para os recrutamentos sindicais em massa. (van der Walt; Hirsch, 2010a, p. xxxiv-xxxv)
    Segundo os autores, foi esse contexto histórico particular do século XIX que permitiu o surgimento e o desenvolvimento do anarquismo.

    O trabalho capitalista desumano, que implicava jornadas extenuantes e péssimas condições de trabalho, contribuiu para o fortalecimento das posições anticapitalistas. Os Estados brutais, pautados na repressão e na intervenção expansionista, contribuíram para o estabelecimento de posições antiestatistas. O racionalismo e os valores difundidos contribuíram para que se estabelecessem análises críticas da realidade e objetivos de transformação revolucionários e socialistas.

    Experiências históricas precedentes demonstram a necessidade de um projeto próprio das classes dominadas e de um processo transformador que as tenha como centro; não podiam, conforme foi sendo percebido, continuar a ser utilizadas na construção de projetos das classes dominantes. Tradições políticas anteriores, pautadas na tomada violenta do poder por minorias conscientes, demonstravam sua ineficácia e a necessidade de um processo transformador de bases mais amplas e democráticas; que pudesse, de fato, promover a liberdade, a igualdade e a fraternidade. A diminuição da influência da Igreja também permitiu que diversos espaços de lazer fossem politizados e, juntamente com alternativas no campo da educação, fortalecessem uma determinada cultura de classe.

    Os amplos fluxos migratórios e o desenvolvimento das comunicações permitiram a conexão permanente entre militantes e o fortalecimento do internacionalismo; processo que se relaciona diretamente com o desenvolvimento dos transportes, dos correios e da comunicação. Rodovias, trens e barcos desenvolveram-se e seus custos tornaram-se mais acessíveis; as viagens tornaram-se constantes, assim como o deslocamento de militantes dentro e fora de seus países. O aumento de eficácia dos correios permitiu a troca permanente de correspondências e publicações entre anarquistas de diferentes lugares do mundo. Os desenvolvimentos químicos e da prensa rotativa a vapor contribuíram com o aumento na difusão de informações, no número de publicações e com seu barateamento; a melhoria da educação permitiu que um número crescente de trabalhadores lesse essas publicações. Esse avanço tecnológico permitiu que os anarquistas entrassem em contato, se comunicassem, trocassem publicações, em um processo que possibilitou a rápida difusão e a generalização do anarquismo.

    A Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT)

    Foram essas condições históricas que, somadas às iniciativas de um número significativo de trabalhadores, possibilitaram as visitas mútuas entre operários ingleses e franceses, a partir de 1862, que culminaram na fundação da AIT, em 1864, conhecida posteriormente como Primeira Internacional (1864-1877).

    Fundada em Londres, por obra do proletariado francês, hegemonicamente mutualista proudhoniano, e do proletariado inglês, na maioria trade-unionista, a AIT tinha por objetivo criar um organismo internacional no qual a classe trabalhadora pudesse se associar para discutir projetos comuns. A AIT constituiu um espaço que propiciou as condições para o surgimento do anarquismo, alguns anos depois de sua fundação.

    A Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), ou Primeira Internacional, proporcionou todas as pré-condições para que o anarquismo e o sindicalismo de intenção revolucionária [sindicalismo revolucionário e anarco-sindicalismo] se consolidassem: importantes setores do operariado e do campesinato haviam adquirido uma consciência revolucionária, internacionalista e tinham criado uma federação internacional de suas próprias organizações, baseada fundamentalmente nos trabalhadores organizados. (Schmidt, 2012a, p. 54)
    Num primeiro momento, a Internacional buscou dedicar-se, em nível local, por meio de suas seções, às articulações de trabalhadores e, internacionalmente, ao estabelecimento de suas bases de acordo; realizou, num primeiro momento, congressos anuais, a partir de 1866.

    De acordo com Alexandre Samis (2011, p. 131-157), o primeiro congresso, realizado em Genebra, na Suíça, em 1866, além de aprovar os estatutos gerais da associação, deliberou pela estrutura federalista a ser adotada, incluindo uma estrutura de bureaux regionais que articulariam as comunicações com as seções locais e o Conselho Geral, o qual deveria, além de constituir um nó para distribuição das comunicações, funcionar como um órgão executivo da associação. O segundo congresso, realizado em Lausane, na Suíça, em 1867, ainda marcado pelas posições hegemonicamente mutualistas, deliberou, entre outras coisas: o estímulo às cooperativas de crédito e de produção, nas quais se deveria fazer penetrar o espírito mutualista e federalista; a necessidade de redução das jornadas de trabalho, da extinção do trabalho assalariado e da repartição dos produtos entre os trabalhadores, de maneira a promover a emancipação social.

    O terceiro congresso, realizado em Bruxelas, na Bélgica, em 1868, marcou um momento de radicalização da AIT que, até então, mantinha-se bastante moderada. Aprovaram-se incentivos à criação de novos sindicatos e ao ingresso das massas na AIT; a associação também recomendou o método federalista, devendo as decisões nos sindicatos ser tomadas pelas bases e com as delegações submetidas ao controle dos trabalhadores; aprovou-se que se deveria incentivar a luta pela redução da jornada de trabalho, por meio de greves, além do aumento de combatividade das cooperativas operárias. Aprovaram-se, ainda, como perspectivas para o movimento operário, a condenação do sistema capitalista e a necessidade de os trabalhadores expropriarem os capitalistas de seus instrumentos de produção. Os próprios movimentos populares que constituíam as bases da Internacional radicalizaram-se neste período.

    Esse congresso marcou uma mudança importante na correlação de forças interna da associação. A hegemonia federalista, vigente em toda a existência da Internacional, modificou-se naquele ano; o mutualismo, um dos campos federalistas, cedeu espaço para outro, o coletivismo, conforme explica Samis:

    No geral, Bruxelas representou o triunfo do coletivismo sobre o mutualismo, ainda que este tenha sobrevivido, como se viu, residualmente em algumas resoluções. Este, apesar de enfraquecido nos seus eixos centrais, foi capaz de servir de complemento ao coletivismo que, nas suas linhas gerais, [...] influenciaria sobremaneira o sindicalismo revolucionário. (Samis, 2011, p. 156)
    O surgimento do anarquismo está diretamente relacionado à AIT, em especial a este momento de radicalização e da mencionada mudança na correlação de forças entre mutualismo e coletivismo.

    A Internacional estabeleceu uma estrutura orgânica, com presença em diversos países, articulando permanentemente trabalhadores e movimentos classistas, internacionalistas e que, em meio às suas produções teóricas e práticas, amadureceram e radicalizaram suas posições. Mobilizações locais ganharam apoio e estimularam a solidariedade de classe; experiências positivas e negativas foram utilizadas como base de reflexão crítica para a continuidade do movimento; discutiram-se questões centrais do movimento operário em geral, e do socialismo em particular.

    Todos esses elementos da AIT foram imprescindíveis para o surgimento e o desenvolvimento do anarquismo.

    A Aliança da Democracia Socialista (ADS)[4]

    A força do coletivismo na AIT, evidente em 1868, mas, estabelecida plena e hegemonicamente no congresso do ano seguinte, havia sido reforçada pela radicalização de muitos mutualistas proudhonianos. Samis (2011, p. 149), ao tratar desse processo, afirmou que essa mudança “não se tratava apenas de uma modulação no discurso, mas de um deslocamento da raiz metodológica e dos meios através dos quais deveriam os militantes valer-se para operar a tão sonhada ruptura”; ou seja, tratava-se de uma radicalização que, em meio a um contexto histórico determinado, buscou adequar as práticas políticas militantes aos objetivos revolucionários estabelecidos naquele momento.

    Entretanto, esse não foi um processo ocorrido com todos os mutualistas. Conforme argumenta Samis (2011, p. 150), um determinado grupo, mantendo-se fiel às suas posições originais, não acompanhou esse processo de radicalização, e terminou por sustentar posições moderadas e conservadoras frente a episódios práticos da luta dos trabalhadores, como no caso da Comuna de Paris. Tal processo implicou uma separação entre aqueles que permaneceram no campo mutualista e os coletivistas. Ainda que se possa falar em mutualismo e coletivismo como “formas históricas específicas de uma mesma tradição antiautoritária e federalista”, o fato é que esse processo de radicalização da AIT, de passagem de parte significativa dos mutualistas para o campo coletivista, e a separação clara entre os dois campos estabeleceu as bases para o surgimento do anarquismo.

    Essa afirmação não implica reduzir o coletivismo ao anarquismo; o segundo, na realidade, surgiu como uma corrente, provavelmente majoritária, do primeiro, graças à conjunção de dois setores que se encontraram em 1868, e que constituíram as bases da Aliança, ou ADS, primeira organização específica anarquista da história. Esses setores tinham origens distintas e não eram homogêneos. Um deles era composto por revolucionários instruídos, que vinham progressivamente se aproximando do socialismo, depois de um passado de lutas que incluía, em alguns casos, participações armadas na Primavera dos Povos; acabavam de romper com a Liga da Paz e da Liberdade, ingressando na AIT. O outro era composto por operários que já faziam parte da Internacional, muitos dos quais estavam envolvidos com as crescentes mobilizações sindicais do momento.[5]

    Membros da Aliança, dentre os quais se encontrava Mikhail Bakunin, não concordavam que “a consciência política e a estratégia revolucionária eram resultados diretos, inevitáveis e imediatos da opressão”; assim, uma “ação coletiva exigia táticas e estratégias, que implicavam tanto pensamento como ‘instinto’ e motivação. A ação coletiva exigia que uma minoria militante educasse, agitasse e organizasse sem qualquer noção de controlar as massas.” (Leier, 2006, p. 198) Essa minoria era a ADS, organização específica anarquista que, em seus estatutos de 1868, assim declarava seu duplo objetivo:

    a.) Ela se esforçará propagar entre as massas populares de todos os países as verdadeiras idéias sobre a política, sobre a economia política e sobre a economia social e sobre todas as questões filosóficas. Ela fará uma ativa propaganda por meio de jornais, das brochuras e dos livros, assim como por meio da fundação de associações públicas. b.) Ela buscará filiar todos os homens inteligentes, enérgicos, discretos e de boa vontade, sinceramente devotados a nossos ideais – a fim de formar em toda a Europa e em todos as localidades possíveis, incluindo a América, uma rede invisível de revolucionários devotados e empoderados por essa própria aliança. (Bakunin, 2000c)
    Essa organização anarquista, que teve existência pública e secreta, a depender do contexto, desenvolveu sua estratégia pautada no dualismo organizacional. Ainda que ela tenha sido pouquíssimo estudada, e que haja dúvidas relevantes sobre seu desenvolvimento histórico, pode-se afirmar[6] que a ADS, por um lado, buscou criar e estimular organizações de massas e veículos de propaganda pública; suas posições defendidas na AIT, as quais definiram as bases do sindicalismo de intenção revolucionária, constituem o primeiro pilar deste dualismo. Por outro, a Aliança buscou articular uma organização política, um pequeno “partido”, como dizia Bakunin, que teria como objetivo fortalecer a intervenção da ADS entre as massas.

    A ADS foi fundada em 1868 e, a partir de então, teve atuação determinante. No nível de massas, a principal atividade dos militantes aliancistas a criação da AIT em países onde ela ainda não existia e, em outros casos, a criação de novas seções da Internacional onde ela já estava em funcionamento; tais foram os casos da Espanha, da Itália, de Portugal e da Suíça, além de casos na América Latina, estimulados pelas correspondências com os aliancistas. Criando ou participando das seções da AIT, esses anarquistas promoveram programas que, entre outros pontos, sustentavam a necessidade de mobilizações amplas de trabalhadores, articulados em movimentos classistas, para a realização de lutas populares combativas, independentes e organizadas em bases federalistas, que deveriam ser capazes, ao mesmo tempo, de proporcionar conquistas imediatas aos trabalhadores, mas também, de caminhar rumo à revolução social e ao socialismo, passando necessariamente pela derrubada do capitalismo e do Estado. No nível político, os aliancistas investiram na criação de seções da ADS nos países, visando potencializar esse programa de massas e dar maior organicidade aos militantes anarquistas; a depender dos contextos, a Aliança teve maior ou menor organicidade.

    Desenvolvimento histórico do anarquismo

    O modelo dualista da ADS, paradigmático no momento de surgimento do anarquismo em 1868, contou com casos semelhantes, como no México, com a constituição da organização específica La Social, que articulou os anarquistas envolvidos diretamente na construção de organismos de massas como o Círculo Proletário, de 1869, e do Centro Geral dos Trabalhadores Organizados, de 1870, chamado posteriormente de Gran Círculo de Obreros México; essa experiência também foi fruto de um processo de radicalização do mutualismo defendido e praticado pelos trabalhadores mexicanos.

    Entretanto, esse modelo, historicamente, não foi hegemônico. Na maioria dos casos, os anarquistas investiram muito mais nas estratégias de massas do que em sua articulação política; o investimento na construção do sindicalismo de intenção revolucionária foi, bastante freqüentemente, priorizado em relação à criação de organizações específicas anarquistas. Levando em conta a primeira onda do anarquismo, pode-se afirmar que esse foi o caso em países como Egito, Estados Unidos, França, Portugal e Uruguai. Tal tendência manteve-se hegemônica durante o século XX, com a maioria dos anarquistas tendo como prioridade absoluta a criação e a participação nas organizações de massas; ainda assim, tal posição recebeu duras críticas de anarquistas, minoritários, entretanto, que acreditavam ser as organizações políticas imprescindíveis.

    Tal problemática histórica remete a um fundamento teórico-metodológico central nos estudos do tema: a relação entre o anarquismo e seus vetores sociais. Desde seu surgimento, o anarquismo esteve fortemente – e, em alguns contextos, exclusivamente – dedicado às estratégias de massas, de construção do sindicalismo de intenção revolucionária entre outros movimentos populares. Por isso, uma história do anarquismo não pode dedicar-se exclusivamente à investigação de iniciativas especifica e nomeadamente anarquistas. As organizações de massas, de tipo sindical, ou mesmo comunitárias, estudantis, etc. – em muitas das quais a participação anarquista foi determinante e suas estratégias hegemônicas –, têm, necessariamente, de ser estudadas – mesmo que elas contem com trabalhadores que, na maioria dos casos, não se identificam como anarquistas.

    Schmidt (2012b), em sua “teoria dos quatro vetores”, discutiu o desenvolvimento do anarquismo pelo mundo, identificando quatro vetores fundamentais; três deles dizem respeito ao sindicalismo (sindicalismo revolucionário, anarco-sindicalismo etc.) e o quarto às “diásporas anarquistas”, que forçaram, por causa da repressão, anarquistas a circularem amplamente pelo mundo: franceses foram para Nova Caledônia e Guiana Francesa; portugueses foram para Angola, Guiné-Bissau, Goa, Moçambique, Timor e Macau; espanhóis foram para Filipinas, Cuba e Ilhas Canárias; Russos e Búlgaros foram para França e Estados Unidos; italianos foram para Estados Unidos e Austrália; uruguaios foram para a Suécia, entre outros casos. Três dos quatro vetores identificados por Schmidt relacionam-se às organizações de massas criadas e impulsionadas pelos anarquistas; além disso, ele destaca, também, a relevância dos fluxos migratórios para uma compreensão global do anarquismo.

    Em sua “teoria das cinco forças”, Schmidt (2012b) também sustenta que, historicamente, o anarquismo investiu em distintas formas organizativas para colocar suas idéias em prática. Visando estabelecer forças políticas, defensivas, produtivas, distributivas e deliberativas, os anarquistas desenvolveram um conjunto amplo de experiências envolvendo pessoas, grupos, organizações, sindicatos, conselhos, comunas, publicações, exércitos, escolas, que, juntamente com mobilizações de distintos tipos, redes, atentados, insurreições e revoluções, deram corpo à sua rica experiência histórica.

    As investigações históricas do anarquismo devem ter por objeto esse conjunto amplo de experiências.

    Cinco ondas do anarquismo: 1868 ao presente

    Para a breve perspectiva histórica apresentada a seguir, adoto a “teoria das cinco ondas do anarquismo”, elaborada por Schmidt (2012a). Essa teoria surge para contrapor as abordagens vigentes da história do anarquismo, focadas, em grande medida, naquilo que o autor chamou de “mito dos cinco grandes momentos” – uma ênfase em cinco episódios que tiveram participação anarquista e que seriam, segundo alguns autores, os maiores destaques do anarquismo na prática. Seriam eles: o caso Haymarket, que envolveu as mobilizações do Primeiro de Maio e a morte dos Mártires de Chicago entre 1886-1887; a Confédération Générale du Travail (CGT) francesa, fundada em 1895, cuja Carta de Amiens, de 1906, teve significativa influência no desenvolvimento do sindicalismo revolucionário; a Revolta de Kronstadt, no contexto da Revolução Russa, em 1921; a Revolução Espanhola de 1936-1939 e as revoltas francesas do Maio de 68.

    Segundo o autor, os estudos que trabalham nesta perspectiva exageram ao avaliar a influência anarquista em episódios como Kronstadt e o Maio de 68 francês; por outro lado, ignoraram episódios em que essa influência foi determinante, como a Revolução Mexicana, iniciada em 1910; a Revolução na Manchúria (1929-1931); a Revolução Cubana, entre 1952 e 1959, além de outros episódios relevantes como os levantes cantonalistas ocorridos na Espanha em 1873 e a Revolta da Macedônia de 1903.

    A teoria das cinco ondas fundamenta-se, segundo Schmidt (2012a, p. 40-44), “na militância anarquista e anarco-sindicalista / sindicalista revolucionária, que teve fluxos e refluxos, de acordo com uma expansão e retração mais geral, ligados às condições objetivas das classes populares organizadas”. As cinco ondas – as quais constituem “um tecido complexo, que abarca as tramas das atividades e culturas da classe trabalhadora” e os “fluxos e refluxos dos movimentos globais de pessoas, capital e idéias” – constituem a base de uma teoria que funciona como “um guia histórico para a compreensão dos altos e baixos do movimento, e não como uma lei de ferro do progresso e da reação”; são definidas da seguinte maneira:

    A primeira onda, de 1868-1894, pouco conhecida, e a segunda onda, de 1895-1923, bem mais estudada, que cobre as revoluções no México, na Rússia e na Ucrânia. [...] A terceira onda, de 1924-1949, igualmente famosa, que abarca as revoluções na Manchúria e na Espanha, e que, juntamente com a segunda onda, constitui o “período glorioso” do anarquismo. [...] A quarta onda, de 1950-1989, cujo ápice se deu na Revolução Cubana em 1952-1959 e, novamente, com a Nova Esquerda de 1968. [...] A quinta onda, atual, gerada em 1989 pela queda do Muro de Berlim e pelo surgimento de mobilizações “horizontalistas” contrapondo-se ao antigo e velho “comunismo” marxista (na realidade, um capitalismo de Estado autoritário), às ditaduras de direita e ao neoliberalismo, por meio de novos movimentos das classes populares globalizadas. (Schmidt, 2012a, p. 43-44)
    Este arcabouço teórico é utilizado como um quadro de referência, de maneira a realizar uma exposição didática e global da história do anarquismo que, conforme afirmei, mesmo com a limitação de espaço, dá uma noção geral de seu desenvolvimento.

    Abordar a história do anarquismo a partir da teoria elaborada por Schmidt implica considerar amplamente o objeto, em termos de tempo, levando em conta praticamente 150 anos de história, e de espaço, considerando os cinco continentes do mundo, globalmente. É evidente que essa tarefa não será realizada de maneira minimamente aprofundada. Ainda assim, considero, conforme afirmei, que essa breve exposição da história do anarquismo, com foco nas organizações, ações e mobilizações locais, esforços internacionais e as grandes lutas em que os anarquistas estiveram envolvidos, pode dar uma idéia de seu impacto, de sua extensão, e também, ao mesmo tempo, contrapor e sustentar abordagens e os argumentos teóricos expostos ao início do texto.

    Para isso, levo em conta o referencial teórico brevemente apresentado e me fundamento nas abordagens históricas desenvolvidas em Cartographie de l’Anarchisme Révolutionnaire (Schmidt, 2012a), e, principalmente, em Global Fire: 150 fighting years of international anarchism and syndicalism (Schmidt, van der Walt, no prelo (a)) – uma obra magistral que vem sendo produzida há mais de uma década e está em processo de finalização, cujos originais me foram disponibilizados pelos autores. Utilizei, ainda, em alguns casos, outras obras mais específicas, de estudos mais verticais que serão indicados em notas, como complemento às obras dos africanos, e tentando priorizar a bibliografia em português.[7]

    Considero que esse procedimento é satisfatório para os objetivos da exposição histórica em questão.

    Primeira onda (1868-1894)

    Conforme coloquei, alguns elementos foram determinantes para o surgimento e o desenvolvimento do anarquismo, dentre os quais estão: o desenvolvimento do capitalismo, posterior à Revolução Industrial, com a expansão industrial e o crescimento no comércio ligado à agricultura; o desenvolvimento dos Estados Modernos, que incluem as unificações alemã, italiana e a Guerra de Secessão nos Estados Unidos – destaca-se, nesse processo, a permanência e expansão de poderes imperiais, atuando na parte não conquistada da América do Norte e na busca de recursos materiais e humanos na África, na América Latina, na China e em outros países. Juntamente, há a perda de poder das oligarquias e a ascensão da burguesia e dos burocratas de Estado, assim como do proletariado urbano que, juntamente com trabalhadores rurais e camponeses, protagonizam conflitos sociais crescentes. Ligados a esse processo, estão as migrações massivas, o desenvolvimento tecnológico, em especial dos transportes e da comunicação, e a influência do racionalismo e de valores propagados pela Revolução Francesa.

    O anarquismo surge neste contexto, como uma resposta de um setor significativo das classes dominadas às insuficiências de correntes político-ideológicas que atuavam naquele momento: autoritárias, reformistas, republicanas radicais, socialistas marxistas e populistas. Seu surgimento foi possibilitado pela constituição da AIT que, em seu seio, aprofundou a consciência de classe dos trabalhadores, promoveu uma perspectiva internacionalista e desenvolveu uma estrutura orgânica que, juntamente com experiências práticas de lutas, permitiram a radicalização do mutualismo, o surgimento do coletivismo e a difusão do anarquismo para outras partes do mundo. A constituição da ADS foi, também, determinante para o estabelecimento e o crescimento das seções da Internacional na Europa; nas Américas, processos concomitantes foram levados a cabo e, em contato com os processos europeus, impulsionaram localmente a difusão da ideologia anarquista. A ADS foi determinante para o estabelecimento e o crescimento das seções da Internacional na Espanha, na Itália, em Portugal e na Suíça. Há alguns marcos do anarquismo nesses países.

    Na Espanha, iniciativas relevantes do anarquismo incluem: a Federación Regional Española (FRE), fundada em 1870, que três anos depois chegou a ter 60 mil trabalhadores da cidade e do campo federados; sua herdeira, a Federación de Trabajadores de la Región Española (FTRE), fundada em 1881, a qual adere programaticamente ao anarquismo e conforma-se, a seguir, na Organização Anarquista da Região Espanhola. As Revoltas Cantonalistas de 1873, que buscaram estabelecer por meio das armas um federalismo radical, implicando a autonomia das cidades e das federações de cidades (cantões), contaram com participação determinante dos anarquistas em Granada, Sevilha, Málaga e Alcoi.[8]

    Na Itália, destacam-se: o jornal La Campana; a Federação Italiana, fundada em 1872, que chegou a 30 mil membros em 1873; o Comitê Italiano pela Revolução Social, de 1873, sua participação nas insurreições de Bolonha, em 1874, e nas insurreições promovidas pelo Bando de Matese, em 1877; o Partido Revolucionário Anarquista Socialista, fundado em 1891.[9]

    Em Portugal, a AIT, criada por obra de delegados da ADS no país, contava, em 1872, com 20 mil membros. Na Suíça, fundam-se a Federação Jurassiana, em 1871, o Anarchistich-Kommunistische Partei Deutscher Sprache [Partido Anarco-Comunista de Língua Alemã] (AKP), em 1877, e o jornal Le Revolté, em 1879.[10]

    Outras experiências anarquistas destacam-se em outros países europeus. Na Bélgica, alguns anarquistas participam do movimento operário e, na França, militantes da ADS participam da Comuna de Lyon e do Levante de Marselha, ambos em 1870; além disso, criam-se iniciativas no campo da educação, como o Orfanato de Cempuis (1880-1894). A Comuna de Paris, em 1871, teve ampla influência da Internacional e os federalistas conseguiram impor sua hegemonia, apesar de blanquistas e jacobinos estarem em menor número; anarquistas, parte minoritária deste setor federalista, tiveram participação importante.[11] A imensa repressão que se seguiu – a qual contou com 30 mil mortos, quase 40 mil detenções e milhares de fugitivos – arrasou o movimento operário francês, que ingressou numa onda insurrecional, cujos atentados, levados a cabo entre os anos 1880 e 1890, anunciaram, em grande medida, o clima do Congresso de Londres de 1881, que fundou a Internacional Negra, sem grandes desdobramentos posteriores, entretanto.[12]

    O quarto congresso da Internacional, realizado na Basiléia, na Suíça, em 1869, marcou, definitivamente, a hegemonia coletivista, e deliberou, entre outros pontos: a recomendação de que o movimento operário reivindicasse a propriedade coletiva e o fim das heranças, de maneira a concretizar a realização do socialismo, além da necessidade de fortalecimento das sociedades de resistência.

    A partir de então, vieram à tona, de maneira bastante evidente, os conflitos entre federalistas, dentre os quais se encontravam os anarquistas, e centralistas, que se encontravam, fundamentalmente, em torno do Conselho Geral. A Comuna de Paris, com todas suas implicações posteriores, e a Conferência de Londres, de 1871, que teve participação restrita, sem representação das seções, construíram as bases da cisão que se daria em 1872, no quinto congresso da AIT, em Haia. Esse congresso marcou, de maneira geral, a cisão do movimento operário internacional; uma minoria, centralista, com influência nas seções da Alemanha e da Inglaterra, logo se desmobilizou e, com a decisão de transferir o Conselho Geral para Londres, declarou morta a Internacional em 1876; uma maioria, federalista – com influência nas seções da Espanha, da Itália, da Bélgica, da Suíça, da França e dos Estados Unidos – reuniu-se, ainda em 1872, e fundou a Internacional Antiautoritária, que deu continuidade à AIT até 1877.[13]

    O surgimento do anarquismo também encontra raízes nas Américas.[14] No México, ainda em 1868, foi fundada La Social, organização específica anarquista; em 1869, surgiu o Círculo Proletário e, em 1870, o Centro Geral dos Trabalhadores Organizados, chamado posteriormente de Gran Círculo de Obreros México (GCOM), o qual constituiu uma expressão de massas do anarquismo e chegou a 50 mil membros. Entre 1877 e 1878, o anarquismo chegou ao ápice no México da primeira onda, detendo a hegemonia do movimento operário.[15] Em Cuba, o anarquismo consolidou-se entre 1883 e 1885, com a fundação da Junta Central de Artesanos (JCA) e do Círculo de Trabajadores de La Habana (CTH); periódicos como El Obrero e El Productor, assim como a organização específica anarquista Alianza Obrera, inspirada na ADS, marcam outros bastiões do anarquismo no período. No início dos anos 1890, os anarquistas reabriram o CTH com o nome de Sociedad General de Trabajadores, participaram da luta anticolonial separatista e da Guerra de Independência Cubana.[16]

    No Uruguai, em 1872, havia já uma seção da Internacional, criada por influência dos anarquistas, a qual forneceu as bases para a fundação, em 1875, da Federación Regional de la Republica Oriental de Uruguai (FRROU) e, em 1885, da Federación de los Trabajadores de Uruguay, que deu continuidade à sua obra.[17] Na Argentina, o anarquismo surgiu em 1876, com a fundação do Centro de Propaganda Obrera e, depois, do Círculo Comunista Anárquico; visitas de anarquistas italianos possibilitassem a fundação do sindicato dos padeiros, em 1887; houve, no país, desde a primeira onda, polêmicas entre anarquistas organizacionistas e antiorganizacionistas.[18] No Chile, também em 1872, se forma em Valparaíso uma seção da AIT e o anarquismo começa a se desenvolver em seguida.[19]

    Na América do Norte, especificamente nos Estados Unidos, o anarquismo surgiu com o Congresso de Pittsburgh, em 1883, e com a fundação da International Working People’s Association (IWPA), expressão de massas anarquista que, em 1886, chegou a ter 2500 militantes e 10 mil colaboradores. Outros marcos significativos foram: o jornal diário Chicagoer Arbeiter Zeitung e a fundação, em 1884, da Central Labor Union (CLU), que chegou a 28 mil trabalhadores, somente em Chicago, em 1886, mesmo ano em que protagonizou a greve pelas oito horas, envolvendo 300 mil trabalhadores nos EUA e terminando com a condenação à morte de cinco militantes anarquistas, conhecidos como Mártires de Chicago, estabelecendo o Primeiro de Maio como dia dos trabalhadores.[20]

    Na África[21], ainda que mais timidamente, o anarquismo surgiu em 1876 no Egito, com imigrantes italianos que constituíram, em 1877, uma seção da Internacional e, em 1881, o Círculo Europeu de Estudos Sociais.[22] Na África do Sul, a propaganda anarquista surgiu em 1886, por obra de imigrantes ingleses. O anarquismo sul-africano, entretanto, desenvolveu-se de maneira significativa somente alguns anos depois.[23]

    Dentre os elementos que contribuíram com o refluxo dessa onda, destaca-se a repressão brutal, ocasionada como resposta à Comuna de Paris, aos atentados na França e ao movimento operário nos Estados Unidos. Além disso, o fracasso da Internacional Negra e, principalmente, o fortalecimento das estratégias eleitorais entre os trabalhadores devem também ser destacados.

    Alguns apontamentos podem ser realizados em relação à primeira onda do anarquismo. Em primeiro lugar, verifica-se que o anarquismo surge em 1868, e generaliza-se nas duas décadas seguintes para pelo menos três continentes – ainda que sua maior força encontre-se na Europa e nas Américas. Sua estratégia fundamental é o sindicalismo de intenção revolucionária, mas há também força nas ações insurrecionais, tanto revoltas armadas como atentados, nas organizações específicas anarquistas, assim como nas publicações e outras iniciativas culturais – tanto com a criação de espaços próprios, como centros de cultura e escolas libertárias, quanto com participação em instituições mais amplas, como escolas públicas, intervindo a partir dos marcos da educação libertária. Nesse período, os anarquistas participam de episódios relevantes, dentre os quais estão as Revoltas Cantonalistas, a Comuna de Paris, as lutas anticoloniais de Cuba e as mobilizações do Primeiro de Maio nos Estados Unidos. Deve-se pontuar que Cuba, México e Espanha – três bastiões do anarquismo da primeira onda – serão palcos de revoluções com participação anarquista durante o século XX.

    Tais elementos permitem, ainda, afirmar que, durante a primeira onda do anarquismo, os anarquistas impulsionaram, como principal estratégia, um tipo de sindicalismo que será, anos à frente, chamado de sindicalismo revolucionário e/ou anarco-sindicalismo. O vínculo programático da FTRE espanhola com o anarquismo permite considerá-la uma experiência anarco-sindicalista; todos os outros casos, a estratégia fundamental é o sindicalismo revolucionário. Finalmente, não se pode afirmar que os anos 1880 e 1890 foram marcados, hegemonicamente, pelo insurrecionalismo, consolidado na propaganda pelo fato, com as insurreições e atentados levados a cabo na Europa. Isso pode ser verdade, se houver um foco exclusivo na Europa Ocidental; entretanto, levando em conta o anarquismo nas Américas neste período, verifica-se que isso não é generalizável, já que as experiências nos Estados Unidos, no México, em Cuba e no Uruguai apontam para preponderância das estratégias de massas nesse período.

    Segunda onda (1895-1923)

    A segunda onda do anarquismo é, sem dúvidas, a maior e mais relevante, tendo sido marcada pela consolidação do sindicalismo de intenção revolucionária e das organizações específicas anarquistas em tempos de guerra e reação. O contexto em que se insere esse período é de uma expansão dramática do capitalismo, potencializada nos anos 1890, com a abertura de colônias africanas e várias partes da Ásia à dominação imperialista. A Primeira Guerra Mundial certamente teve impacto no período, e a posição de parte dos anarquistas, de apoio aos Aliados, gerou conflitos internos relevantes. Durante a guerra, inicia-se um processo lento de substituição das importações que possibilita a formação de um incipiente parque industrial em diversos países da América Latina. O anarquismo persistiu depois da guerra, mas sofreu vários golpes das potências nacionais por razão das crescentes mobilizações e das pressões que elas vinham exercendo nas classes dominantes, incluindo as revoluções no México, na Rússia e na Ucrânia, que marcaram uma onda massiva de mobilizações crescentes entre 1917 e 1923.

    Experiências anarquistas continuam a desenvolver-se na Europa, nas Américas, se fortalecem na África e surgem na Ásia e na Oceania. Em termos internacionais, as duas experiências de maior influência no mundo, e que contam, em sua formação, com participação anarquista determinante, são: a Confédération Générale du Travail (CGT)[24], fundada na França, em 1895, e que, em 1906, elaborou a “Carta de Amiens”[25], que teve impacto significativo no mundo hispano-lusófono; o Industrial Workers of the World (IWW)[26], fundado nos Estados Unidos, em 1905, que teve um impacto muito relevante no mundo anglófono, mesmo com a cisão de 1908, entre o IWW de Chicago e o IWW de Detroit, que se reproduziu em outros países.

    A CGT chegou a 400 mil membros em 1908 e 850 mil em 1914; criou estruturas de mobilização sindical e um aparato de educação popular sem precedentes. O IWW se estabeleceu nos seguintes países: África do Sul, Alemanha, Austrália, Canadá, Chile, Cuba, Nova Zelândia, Rússia, entre outros. Outra experiência internacional relevante desse período foi o Congresso Anarquista de Amsterdã, em 1907[27], que reuniu 80 delegados dos seguintes países: Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Bohemia, Bulgária, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Japão, Polônia, Rússia, Servia e Suíça. Além disso, realizou-se, em 1913, a Conferência Sindicalista, em Londres, culminando na fundação da Internacional Sindicalista, em 1922[28], em Berlim, representando em torno de 1,5 milhão de trabalhadores dos seguintes países: Alemanha, Argentina, Chile, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Itália, México, Noruega, Portugal, Suécia.

    Na Europa, o esforço dos anarquistas se concentrou, principalmente, na criação e no fortalecimento de sindicatos de intenção revolucionária. Dentre as experiências relevantes, destacam-se: o National Labour Secretariat (NAS), na Holanda, que contava com quase 19 mil membros em 1895; a Confederación Nacional del Trabajo (CNT)[29], na Espanha, que terá um programa sindicalista revolucionário até 1919, ano em que contava com 715 mil membros, e a partir do qual se torna anarco-sindicalista; a União Operária Nacional, em Portugal, fundada em 1914, que chegou a 50 mil membros e deu lugar, em 1919, à Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), que chegou a 90 mil membros[30]; a União Sindical Italiana (USI)[31], fundada em 1912, que chegou a 500 mil membros em 1920, e cuja influência anarquista – em geral minoritária, em relação aos socialistas – destacou-se na gestão de A. Borghi; o Freie Arbeiter Union Deutschlands (FAUD), fundado em 1919 que, em 1922, chegou a 120 mil membros; a Sveriges Arbetares Central (SAC), na Suécia, que em 1922 contava com 32 mil membros.

    O continente europeu também foi marcado por atentados levados a cabo por anarquistas que preconizavam a propaganda pelo fato, especialmente na França e na Itália nos fins do século XIX[32], e também por agrupamentos especificamente anarquistas, como a Federação Anarquista Alemã, de 1903; as francesas Alliance Communiste Anarchiste, Fédération Anarcho-Communiste – a qual deu corpo à Fédération Communiste Révolutionaire Anarchiste em 1913; os mais de 200 grupos anarquistas que surgiram em Portugal, entre 1915 e 1920; a União Anarquista Italiana, entre 1919 e 1920, cuja participação foi relevante nos acontecimentos do Biennio Rosso e nas ocupações de fábricas[33]; o grupo Freedom na Inglaterra, entre outros. Destaca-se também a participação de alguns anarquistas nos episódios revolucionários da Alemanha entre 1918 e 1923.

    Outro elemento relevante na Europa desse período foi o alto investimento dos anarquistas nos processos de educação popular; na França, no começo do século XX, havia 150 Bolsas de Trabalho, ligadas à CGT, e uma de suas principais atividades era a educação em três eixos: técnico/profissional, cultural (matemática, idiomas, etc.) e formação política, em grande medida ligada ao sindicalismo revolucionário; também ligadas à CGT estavam 250 universidades populares, que funcionaram até 1914.[34] Foram criadas escolas modernas e universidades populares em vários outros países: na Espanha, a Escola Moderna de Barcelona (1901-1906) e a Universidade Popular de 1903; na Itália, a Scuola Moderna Razionalista di Civio (1909-1922), que foi uma entre as muitas que floresceram até o fascismo; na Suíça, a Escola Ferrer (1910-1919) e as muitas iniciativas na Inglaterra entre 1907 e 1921.[35]

    No leste europeu, os anarquistas tiveram uma atuação determinante, em 1903, na Revolta da Macedônia, envolvendo dois episódios: o primeiro, em 2 de agosto, com a Revolta de Ilinden e proclamação da Comuna de Krouchevo; o segundo, em 19 de agosto, com a Insurreição de Préobrojenié e proclamação da Comuna de Strandzha, ambas libertárias. A Comuna de Strandzha foi responsável pela tomada do território e pelo estabelecimento de experiências de autogestão durante um mês, constituindo a primeira tentativa local de edificar uma nova sociedade sobre os princípios do comunismo libertário.[36] Com o esmagamento da revolta e das experiências por ela constituídas, fundaram-se, na Bulgária, periódicos relevantes como Sociedade Livre, Acracia, Probuda, Rabotnicheska Misl, diversos grupos anarquistas e, em 1914, um grupo de Ruse lançou as bases de um movimento anarco-sindicalista. Depois de problemas ocasionados pela Primeira Guerra, o anarquismo búlgaro ressurgiu renovado com a fundação da Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária (FAKB), em 1919, em um congresso com 150 delegados.[37]

    Na Rússia, os anarquistas participaram das revoluções de 1905 e 1917. No primeiro momento, dividem-se entre insurrecionalistas, como no caso dos grupos Chernoe Znamia e Beznachalie, e sindicalistas, como no caso do Grupo de Anarco-Sindicalistas do Sul da Rússia; participam da fundação dos primeiros sovietes em São Petersburgo, Moscou e fundam a Cruz Negra Anarquista (CNA), para auxiliar presos políticos, a qual se espalhou para dezenas de países. Na revolução de 1917, os anarquistas participaram determinantemente em Moscou e Petrogrado, onde se destacaram organizações como a Federação Anarco-Comunista de Petrogrado, a União de Propaganda Anarco-Sindicalista e a Federação de Grupos Anarquistas, de Moscou; em 1918, destacam-se conferências sindicalistas impulsionadas pelos anarquistas, que criam a Confederação dos Anarco-Sindicalistas de Todas as Rússias, a qual chegou a 88 mil membros naquele ano.[38]

    Na Ucrânia, destacou-se a experiência do Exército Insurrecional Revolucionário da Ucrânia (RIAU), que chegou a 110 mil voluntários em 1918, com a hegemonia dos anarquistas, e que protagonizou lutas determinantes contra o Exército Branco, expropriações de terras para os camponeses e gestão de uma área ampla da Ucrânia, com a articulação política por meio de Congressos de Camponeses, Operários e Insurgentes – instância de base responsável pelas decisões do movimento. O RIAU esteve articulado com o Grupo Anarco-Comunista de Guliai Polie e a Confederação Alarme de Organizações Anarquistas (NABAT).[39] Um experimento similar foi levado a cabo, em 1918, na Sibéria, onde 140 mil combatentes revolucionários agiram sob inspiração dos anarquistas.[40] Por meio de uma intervenção marcada pelo conflito entre suas correntes e pela ação sem coordenação, os anarquistas foram amplamente reprimidos pelos bolcheviques e praticamente desapareceram depois de 1921.

    Nas Américas, destacou-se, no norte, a fundação do IWW nos Estados Unidos em 1905, que chegou a 45 mil membros em 1922, e no Canadá, em 1906, com significativa influência anarquista em ambas as localidades e defendendo, em oposição à American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations (AFL-CIO), um sindicalismo revolucionário e combativo, que mobilizou trabalhadores de distintas raças. Em Cuba, o anarquismo continuou a ser a força hegemônica nos sindicatos desse período, com destaque para a fundação, em 1921, da Federación Obrera de La Habana (FOH), sindicalista revolucionária, na qual os anarquistas constituíam a força preponderante.

    No México, os anarquistas protagonizaram episódios relevantes durante a Revolução Mexicana, iniciada em 1910. O Partido Liberal Mexicano, fundado alguns anos antes, já em 1908 era uma organização específica anarquista e colocou-se à frente, no norte, da tomada da Baja Califórnia, em 1911, que se estendeu a outras cidades, recebendo apoio do IWW, declarando, no local tomado pelos insurgentes, a República Socialista da Baixa Califórnia. No centro, destacaram-se o grupo anarquista Lucha e a Casa del Obrero Mundial (COM), fundada em 1912, sindicalista revolucionária, que tinha hegemonia anarquista e chegou a ter 50 mil membros. No processo revolucionário, a COM protagonizou um episódio desastroso, ao unir-se aos revolucionários burgueses contra Zapata, o qual, com influência anarquista, atuava em Morelos, chegando a ter um exército de 70 mil combatentes em 1915. Em 1921, ex-membros da COM, militantes do IWW e comunistas fundaram a Confederación General del Trabajo (CGT), que teve apoio da Federación Comunista del Proletariado Mexicano, de orientação libertária, fundada em 1920.[41]

    Na América do Sul, a experiência de maior destaque é, sem dúvidas, a Argentina. Fruto de um processo organizativo precedente, que estabeleceu, em 1904, a Federación Obrera Regional Argentina (FORA), o anarquismo no país foi completamente hegemônico no movimento operário, razão que possibilitou, em 1905, um vínculo programático entre sindicalismo e anarquismo, constituindo a primeira experiência anarco-sindicalista da América Latina. As cisões do movimento operário se deram dentro dos marcos anarquistas, sendo a mais relevante entre a FORA-V, anarco-sindicalista, que chegou a ter 200 mil membros em 1922, e a FORA-IX, sindicalista revolucionária, que chegou a 120 mil membros em 1919. Episódios revolucionários na cidade, como a greve que culminou na Semana Trágica de 1919, e no campo, entre 1920 e 1921, na Patagônia, além do atentado que matou o coronel de política R. Falcón, marcaram a força do movimento no país.[42]

    No Brasil, a fundação da Confederação Operária Brasileira (COB) em 1908 – que incluiu federações operárias locais de São Paulo, Rio de Janeiro, Santos e Porto Alegre –, além de uma greve geral em 1917[43] e de uma insurreição em 1918[44] marcaram a hegemonia anarquista nesta onda do movimento operário.[45] No Uruguai, destaca-se a fundação, em 1905, da Federación Obrera Regional Uruguaya (FORU), que mobilizava 90 mil membros em 1911; no Chile, destaca-se, em 1912, a fundação da Federación Obrera Regional Chilena (FORCh). Bolívia[46], Colômbia[47], Equador[48], Paraguai, Peru[49] e Venezuela também tiveram participação anarquista significativa, no geral, vinculada ao movimento operário; destacam-se também as experiências levadas a cabo pelo chamado “anarquismo expropriador”.[50]

    Na América Latina, as experiências no campo da educação popular foram também significativas. Na Argentina, em 1901, no seio do Centro Obrero de Estudios Sociales, se estabeleceu, em Rosário, a primeira escola racionalista, que foi seguida por outras iniciativas como a Escuela Integral Libertaria de Bahia Blanca, de 1902. No Brasil, se estabeleceram a Escola Libertária Germinal, em 1902, a Universidade Popular[51], em 1904, a Escola Livre Primeiro de Maio, em 1909 e criou-se, em 1910, ligada à COB, uma Comissão Pró-Escola Moderna no Rio de Janeiro, seguida por outras iniciativas. No Peru, fundou-se a Universidade Popular Manuel Gonzáles Prada, em 1920; em Cuba, diversas experiências se desenvolveram entre 1922 e 1923.

    Na Ásia, experiências na China, no Japão e na Coréia entrelaçaram-se, a partir de viagens de estudantes para o exterior. Na China, os anarquistas participaram da fundação do Kuomintang e, durante toda a segunda onda, constituíram a força hegemônica do movimento revolucionário chinês, criando os primeiros sindicatos do país, pautando a mobilização na cidade e no campo, a libertação da mulher[52] e a educação universal. Os anarquistas participaram do Movimento Quatro de Maio, de 1919, e desenvolveram uma influência determinante no Cantão (Guangzhou), fundando o Guangzhou Teahouse Labour Union, sindicato que chegou a ter 11 mil membros.[53] No Japão, o anarquismo consolidou-se nos anos 1910, como uma das três maiores forças do movimento revolucionário; entre 1918 e 1922, os anarquistas criaram e participaram de muitos sindicatos. Destacam-se a fundação do grupo Rôdô Undô, que editou um periódico homônimo; a participação anarquista na radicalização da Yuaikai, que se tornou, em 1921, a Sôdômei, um tipo de central sindical com influência anarquista determinante.[54] Na Coréia, o anarquismo proveio de um desenvolvimento anterior, pelo menos desde 1910, na região da Manchúria, consolidando-se em 1919, a partir de um vínculo estreito com o movimento de libertação nacional; neste ano, os anarquistas envolveram-se completamente no Movimento 3.1, que mobilizou 2 milhões de pessoas na luta pela independência do país. Em seguida, entre 1920 e 1925, formou-se e desenvolveu-se a Federação Anarquista Coreana (KAF).[55] Outras experiências relevantes na Ásia, que tiveram participação anarquista, ocorreram na Índia, em torno do Ghadar Party, nas Filipinas, na Malásia e no Vietnã.[56]

    Na África, o anarquismo consolidou-se no início do século XX, fundamentalmente no Egito e na África do Sul. Os marcos fundamentais constituem, no Egito, a fundação, pelos anarquistas, em 1901, de uma Universidade Popular, mesmo ano em que os periódicos A Tribuna Livre e L’Idea apareceram em Alexandria e no Cairo; a realização de um congresso anarquista em 1909; a fundação, em 1921, da Confederação Geral do Trabalho (CGT). Na África do Sul, destacam-se: a fundação da Social Democratic Federation (SDF) e do subseqüente General Workers Union (GWU), que contaram com ampla participação anarquista; a fundação, em 1910, do IWW, que chegou a ter 4 mil membros, praticando um sindicalismo de intenção revolucionária, mobilizando trabalhadores de todas as raças, sem distinção[57]; a criação, entre 1917 e 1919, de sindicatos como o Indian Workers Industrial Union (IWIU), em Durban, e o Industrial Workers of Africa (IWA), em Johanesburgo, assim como o jornal Voice of Labour.

    Na Oceania, o anarquismo constituiu uma pequena corrente da esquerda, tendo surgido com o Melbourn Anarchist Club, ainda em 1886, e a Active Service Brigade, de Sidney, dos anos 1890. Foi, entretanto, o sindicalismo revolucionário do IWW – que se estabeleceu no continente, em 1911 na Austrália, e, em 1912, na Nova Zelândia – que potencializou as lutas e deu visibilidade a elas.[58]

    Diversos fatores podem ser apontados para o refluxo ocorrido ao final dessa onda: além de problemas e insuficiências internas do anarquismo, podem-se mencionar as repressões brutais, a perda de todas as revoluções, incluindo a russa, liquidada pelos bolcheviques até 1921, assim como a própria ascensão do bolchevismo, e também do nacionalismo e do fascismo.

    Esses elementos permitem algumas afirmações relativas à segunda onda do anarquismo. Primeiramente, continua hegemônica, entre os anarquistas, a estratégia sindical de massas, que mobiliza pelos locais de trabalho, inclui os locais de moradia e ocorre juntamente com trabalhos de educação e cultura; as organizações especificamente anarquistas são secundárias em relação às organizações de massas. Nesse período, o anarco-sindicalismo se estabelece com força na Argentina, fornecendo as bases para um debate central entre as diferentes estratégias sindicais, do anarco-sindicalismo e do sindicalismo revolucionário, o qual ainda é, a estratégia anarquista hegemônica no mundo. Esse é também o período em que o anarquismo se consolida com muita força na América do Sul. As experiências dos Estados Unidos e da África têm de lidar mais diretamente com o problema do racismo, que corta diretamente o movimento sindical; na China, há um foco relevante na questão da libertação de gênero e, na Coréia, na luta antiimperialista, que envolveu a participação nas lutas pela independência do país – questões que não aparecem de maneira tão evidente em outros países. Evidenciam-se experiências militares anarquistas de envergadura significativa na Ucrânia, no México e na Macedônia. Influências individualistas se aproximam de anarquistas em localidades como Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra e Rússia.

    Terceira onda (1924-1949)

    A terceira onda, menor que a segunda e maior que a primeira, constitui uma continuidade do “período glorioso” do anarquismo, iniciado na segunda onda. O período caracteriza-se pelas revoluções contra o imperialismo e a resistência em duas frentes, ao fascismo e ao bolchevismo. A ascensão do fascismo e do bolchevismo teve duras conseqüências aos anarquistas; o primeiro, por meio de uma aberta e fortíssima repressão contra-revolucionária, de direita, que impôs derrotas ao anarquismo em distintos países; o segundo, por meio de uma incidência enorme nas classes dominadas, utilizando-se de um discurso libertador e do exemplo do sucesso da Revolução Russa; ainda assim, investiu, como nos casos da Rússia, da Ucrânia, da Bulgária e da Revolução Espanhola, na repressão aberta aos anarquistas. Esse contexto também contou, em diversos países, com a participação de antigos anarquistas na criação de partidos comunistas – como havia ocorrido um pouco antes no Brasil –, com um processo de bolchevização desses partidos e um alinhamento com a Rússia. Esse período, que também contou com a Crise de 1929 e com a Segunda Guerra Mundial, foi marcado pela ascensão do conservadorismo, do reformismo e das medidas de bem-estar em vários Estados, como nos casos do Uruguai, da Suécia e dos Estados Unidos, assim como a institucionalização dos sindicatos promovida pelo governo e o surgimento do populismo, em países como Brasil e Argentina, que prejudicaram o desenvolvimento do anarquismo e integraram parte significativa das classes dominadas nos projetos políticos das classes dominantes.

    Podem-se identificar três iniciativas internacionais relevantes no período. A East Asian Anarchist Federation (EAAF), fundada em 1928, com organizações dos seguintes países: China, Coréia, Formosa (Taiwan), Índia, Japão e Vietnã.[59] A Asociación Continental Americana de Trabajadores (ACAT), fundada em 1929, que se constituiu como ramo latino-americano da Internacional Sindicalista, envolvendo mais de 100 sindicatos dos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Peru e Uruguai. A Comissão de Relações Internacionais Anarquistas (CRIA), estabelecida na Europa, em 1948, que, na América Latina, ficou conhecida como Comisión Continental de Relaciones Anarquistas (CCRA), durando, com algumas modificações, até os anos 1960; ambas constituíram redes de relações entre organizações anarquistas, jornais e individualidades dos seguintes países: Alemanha, Argélia, Argentina, Austrália, Bolívia, Brasil, Bulgária, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia, Cuba, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Guatemala, Holanda, Índia, Inglaterra, Israel, Itália, Iugoslávia, Japão, México, Marrocos, Panamá, Peru, Portugal, Suíça, Tunísia, Uruguai e Venezuela.

    Na Europa, destacam-se duas experiências. Na Bulgária, a FAKB, fundada nos fins da segunda onda, protagonizou experiências relevantes envolvendo sindicalismo urbano e rural, cooperativas, guerrilha e mobilização de juventude. Seu 5º congresso, em 1923, contou com 104 delegados e 350 observadores de 89 organizações e, entre 1926 e 1927, a FAKB adotou a Plataforma do grupo de exilados russos Dielo Truda, que sustentava a necessidade de uma organização anarquista programática, fundamentada na unidade ideológica, na unidade tática (método coletivo de ação), na responsabilidade coletiva e no federalismo. A discussão da Plataforma, inclusive, teve, nesta onda, algum impacto no anarquismo europeu. Em 1930, destaca-se, na Bulgária, a influência anarquista na formação da Confederação Vlassovden, de mobilização rural, que chegou, no ano seguinte, a 130 seções, possibilitando ao anarquismo constituir a terceira força política de esquerda no país. Fundam-se a Confederação Nacional Anarco-Sindicalista (CNAST), com 40 grupos, e a Federação Búlgara de Sindicatos Autônomos (FBSA), seção da Internacional Sindicalista; Rabotnicheska Misl, periódico da FAKB, chegou, em 1945, à tiragem de 60 mil exemplares por número. Entre 1941 e 1944, uma poderosa guerrilha anarquista combateu o fascismo, aliando-se à Frente Patriótica na organização da insurreição de setembro de 1944, contra a ocupação nazista. Lutando, ao mesmo tempo, contra o nazi-fascismo e o comunismo, o fim da terceira onda no país foi marcado pela repressão estalinista, com mil militantes da FAKB sendo mandados para campos de concentração comunistas.[60]

    A Revolução Espanhola (1936-1939) foi o grande destaque do anarquismo na Europa Ocidental da terceira onda, a qual teve apoio de anarquistas de diversos outros países. Estabelecendo fortalezas na Catalunha, em Aragão e Valência, os anarquistas articularam-se na Confederación Nacional del Trabalho (CNT), central anarco-sindicalista que chegou a reunir 2 milhões de trabalhadores, aliando-se estrategicamente com a Federación Anarquista Ibérica (FAI) e a Federación Ibérica de Juventudes Libertarias (FIJL). Impulsionaram, juntas, um processo de coletivização de propriedades na cidade e no campo, estabelecendo experiências autogestionárias bastante avançadas, protagonizadas por trabalhadores e camponeses, na indústria, nos campos, nos locais de trabalho e moradia, transformados em comunas livres, que foram defendidos por milícias como a Coluna Durruti. Nas cidades, coletivizaram fábricas, serviços públicos (transportes, energia, saúde, etc.); na Catalunha, que concentrava dois terços das indústrias do país, 70% dessas indústrias foram coletivizadas pelos trabalhadores; nos campos, na região de Aragão, a Federação das Coletividades agrárias chegou a reunir meio milhão de camponeses. Criaram-se iniciativas de educação popular importantes, como o Consell de l’Escola Nova Unificada (CENU), na Catalunha, e a Federação de Ateneus, ambas em 1936. Fatores como o crescimento do fascismo, a traição dos comunistas, a problemática guerra-revolução e posições equivocadas dos anarquistas, como a decisão de participar do governo, tiveram relevância para o fim do processo revolucionário.[61]

    Há outras experiências européias importantes, também com alguma relevância neste período. Na França, destacam-se: as organizações anarquistas que derivaram da União Anarquista, entre 1920 e 1939, em cujo seio a Plataforma protagonizou cisões; a existência, entre 1936 e 1939, de 107 grupos anarquistas no país; a fundação da Federação Anarquista (FA) em 1945. No campo popular, os anarquistas impulsionaram a criação da União Federativa de Sindicatos Autônomos, em 1925, da Confédération Générale du Travail – Syndicaliste Révolutionnaire (CGT-SR), que chegou a 20 mil membros, da Fédération Internationale Syndicaliste Révolutionnaire (FISR) e da Confédération Nationale du Travail (CNT).[62] Na Itália, destaca-se a fundação, em 1944, da Federação Anarquista Comunista Italiana (FCAI), com alguma influência na Confederação Italiana Geral do Trabalho (CGIL) que, em 1950, cindiu, por razão da refundação da União Sindicalista Italiana (USI), a qual também contou com influência anarquista; em 1945, foi fundada a Federação Anarquista Italiana (FAI), organização especifica anarquista apoiada, assim como a FA francesa, na Síntese. Organizações que atuaram nesse processo francês-italiano, como os Grupos Anarquistas de Ação Proletária (GAAP) e a Organização Pensamento-Batalha (OPB), deram corpo a uma breve Internacional Comunista Libertária (ICL), inspirada na Plataforma do Dielo Truda. Na Alemanha, fundou-se a Federação de Socialistas Libertários (FFS), em 1947; na Inglaterra, a Federação Anarquista Britânica (AFB), em 1945, juntamente com a Federação Operária (SWF). Na Ucrânia, a NABAT foi reestabelecida e protagonizou um levante armado em 1943, que teve continuidades até 1945; há indícios da existência de uma organização makhnovista secreta, Krostadt Accords (ZK), dentro do Exército Vermelho do pós-guerra.

    Nas Américas, destacam-se experiências no centro-sul do continente. Em Cuba, os anarquistas criaram organizações específicas anarquistas, como a Federación de Grupos Anarquistas de Cuba (FGAC), a Asociación Libertaria de Cuba (ALC), por meio da realização de três congressos, em 1944, 1948 e 1950. No campo popular, impulsionaram a Confederación Nacional Obrera de Cuba (CNOC), fundada em 1925, sob influência da CNT espanhola, a qual chegou a ter 200 mil membros; a Confederación de Trabajadores de Cuba (CTC), as Asociaciones Campesinas, a Confederación General de Trabajadores (CGT); até o fim dos anos 1940, a influência anarquista entre trabalhadores e camponeses era notável. No México, fundou-se a Federação Anarquista Mexicana (FAM), em 1941, e a CNT – Delegación General (CNT-DG), em 1942. No Brasil, o Centro de Cultura Social (CCS), de São Paulo, foi reaberto em 1945; fundaram-se jornais Remodelações e Ação Direta, em 1946, e A Plebe, em 1947; realizou-se o Congresso Anarquista, em 1948, com presença de grupos como União Anarquista do Rio de Janeiro, Juventude Anarquista do Rio de Janeiro, União Anarquista de São Paulo, Os Ácratas, de Porto Alegre e individualidades; no campo sindical, os anarquistas impulsionaram os Grupos de Resistência Sindical, no Rio de Janeiro, e os Grupos Sindicais de Ação Direta, em São Paulo.[63] Na Argentina, a FORA, entre fluxos e refluxos, chegou, no período de 1929 a 1930, a ter 100 mil membros; fundaram-se, no fim dos anos 1920, os Comités Pro-Escuelas Racionalistas e, em 1935, a Federación Anarco-Comunista Argentina (FACA); ocorreram neste e em outros países latinos mobilizações pelas liberdades de Sacco e Vanzetti e pró-Radowitzky. No Chile, foi fundada, em 1933, a Federación Anarquista Chilena (FACh) e, em 1936, surgiu a Confederación General de Trabajadores (CGT), com participação do IWW e da FORCh. Na Venezuela surgiu, em 1944, a Federación Obrera Regional Venezuelana (FORV).

    Na África, neste período, foram levadas a cabo experiências ao norte, com alguns espaços para discussão e formação política no Egito, mas, principalmente, com as conexões estabelecidas entre franceses e a Argélia, destacando-se o trabalho do anarquista argelino Saïl Mohamed, que, em 1929, foi secretário do Comité de Défense des Algériens contre les Provocations du Centenaire, um movimento de libertação nacional com ampla influência anarquista; neste país, o anarquismo também foi relevante na fundação da CGT-SR e do periódico Terre Libre. No pós-guerra, os anarquistas impulsionaram o Mouvement Libertaire Nord-Africain (MLNA), fundado em 1947, que contou com membros da Argélia, do Marrocos e da Tunísia, os quais estabeleceram contatos com o CRIA e a FA francesa.

    Na Ásia, destaca-se a Revolução na Manchúria, entre 1929 e 1931, que constitui outro importante capítulo da história do anarquismo. Fundada em 1929, a Federação Anarquista Coreana na Manchúria (KAF-M) e a Federação Anarquista Comunista Coreana (KACF) protagonizaram, depois de um acordo com o Exército de Independência Coreano, a transformação da prefeitura de Shimin em uma estrutura administrativa socialista libertária. Levado a cabo em um contexto de luta antiimperialista contra o Japão, esse processo revolucionário foi liderado, em termos militares, por Kim Jwa-Jin, chamado de “Makhno coreano”, criando a Liga Geral dos Coreanos (HCH), uma estrutura autogestionária comunal, conformada em um território que compreendia 2 milhões de habitantes, a qual teve de lidar com questões como guerra, agricultura, educação, finanças, propaganda, juventude e saúde, criando alternativas construtivas libertárias. A experiência durou até a entrada do Japão na região, em 1931, quando os anarquistas coreanos recuaram, deslocando-se para sul da China, onde permaneceram combatendo, em armas, o imperialismo japonês, até 1945.[64] Destaca-se, no contexto deste processo, a formação, pelo braço chinês da KAF (KAF-C), da Federação da Juventude Coreana do Sul da China (KYFSC), em Shanghai, em 1930, com delegados da Coréia, da Manchúria, do Japão e de toda a China. Destacam-se, ainda, a criação da Federation of Free Society Builders (FFSB), que agregou grande parte dos anarquistas coreanos em meados dos anos 1940 e, também nesta década, a participação de anarquistas no Governo Provisório Coreano (1940-1946).

    Outras experiências asiáticas relevantes também podem ser citadas. Na China, o anarquismo permaneceu uma força relevante até o fim dos anos 1920: diversos livros anarquistas foram traduzidos e publicados nessa década; em 1922, na Federação de Sindicatos de Shanghai e no Congresso Nacional Operário, os anarquistas foram hegemônicos; no segundo congresso, em 1925, os anarquistas ainda tinham muita força; no Cantão (Guangzhou), a influência anarquista foi significativa, em 1927, na fundação da Federação de Trabalhadores Revolucionários e do Instituto de Treinamento do Movimento Operário, dedicado à educação popular. No Japão, o anarquismo desse período foi também marcado por conflitos sobre a melhor estratégia a ser adotada; de um lado, colocaram-se os defensores do sindicalismo (organizações de massas, ganhos de curto prazo, etc.), de outro, aqueles que eram contrários às estratégias sindicais. Em 1926, os anarquistas fundaram a organização anarquista Federação das Juventudes Negras “Kokuren”, com presença de 700 pessoas, 24 grupos, dos quais sete sindicatos, a maioria de impressores; participaram, também, da fundação da União Geral Livre dos Sindicatos Operários “Zenjiren”, fundada em um congresso com 400 delegados e 25 sindicatos, representando mais de 8 mil trabalhadores – a central chegaria a ter, no ano seguinte, 15 mil membros. Em 1929, os sindicalistas, já separados dos outros anarquistas, fundaram um novo sindicato, “Jikyô”, que, em 1931, chegou a 3 mil membros. Fundaram-se, em 1930, a Federação anarquista (Anarukisuto Renmei) e seu jornal Bandeira Negra, e, em 1934, o Partido Anarco-Comunista. Além do movimento urbano, os anarquistas atuaram entre os camponeses e impulsionaram uma Frente Única Antifascista. Em 1945, foram fundadas a Federação Anarquista Japonesa (FAJ), com 200 membros, e, em seguida, a Federação de Sindicatos Livres e a Conferência dos Sindicatos.

    O refluxo da terceira onda pode também ser atribuído à repressão, levada a cabo por fascistas, mas, também, por bolcheviques, cuja ascensão representou outro motivo desse refluxo. Entretanto, foi, sem dúvidas, o contexto marcado pela Segunda Guerra Mundial que modificou completamente o plano geopolítico mundial e teve impacto determinante no anarquismo e nas próprias lutas populares.

    Esses elementos permitem algumas afirmações relativas à terceira onda do anarquismo. Os anarquistas seguiram com força na Europa, na América Latina e na Ásia, que atingiu seu auge nesta onda; o bolchevismo e o fascismo atuam como inimigos. Os anarquistas protagonizaram duas revoluções, na Espanha e na Manchúria, e ensaios revolucionários na Bulgária, em contextos em que articularam a luta armada com as mobilizações de massas; com o fim da Revolução Espanhola, os exilados tiveram influência relevante na América Latina. Os anarquistas também estabeleceram relações relevantes entre a Europa e a África e disputaram entre si concepções organizativas: o modelo de organização anarquista, em geral na Europa, mas especificamente na França, com a polêmica da Plataforma versus Síntese, e a questão do sindicalismo, em geral na Ásia, mas especificamente no Japão, com anarquistas defensores e críticos do sindicalismo.

    Quarta onda (1950-1989)

    A quarta onda, menor que as primeiras três, foi marcada pela Guerra Fria e a pela descolonização da África e da Ásia; mesmo constituindo um período de refluxo, observa-se o desenvolvimento significativo do anarquismo em algumas regiões. O contexto desse período é marcado pelo boom capitalista pós-Segunda Guerra, pelas ditaduras de direita na América Latina, que tiveram apoio direto dos Estados Unidos, pela vitória do maoísmo na China, em 1949, e pelo totalitarismo branco e vermelho na Coréia, a partir de 1953. Destacam-se, também, a onda de revoltas no mundo de 1968, com uma crise que implicou a piora de condições no mundo ocidental e na Rússia, além da influência da Nova Esquerda em diversos países, assim como o surgimento de novos movimentos sociais, os quais passaram a promover bandeiras como a ecologia e as lutas contra a opressão de gênero e de orientação sexual.

    Em relação às iniciativas internacionais, devem-se mencionar a rearticulação da Cruz Negra Anarquista, no fim dos anos 1960, mas, principalmente, a fundação da Internacional de Federações Anarquistas (IFA), em 1968. Ainda que suas bases principais estivessem na França e na Itália, seu primeiro congresso contou com presença de organizações anarquistas dos seguintes países: Argentina, Alemanha, Austrália, Bulgária, Cuba, Espanha, Grécia, Holanda, Inglaterra, Itália, Japão, México, Noruega, Portugal, Suíça; contatos foram ainda estabelecidos com a China e o Vietnã.[65]

    No campo das organizações de massas, destaca-se a rearticulação da Internacional Sindicalista de 1922 (IWA-AIT) que, em seu congresso de 1951, contou com delegação dos seguintes países: Alemanha, Argentina, Áustria, Bulgária, Cuba, Dinamarca, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Holanda, Noruega, Portugal, Suécia.

    Na Europa, desenvolveram-se iniciativas no campo das organizações específicas anarquistas, guerrilhas anarquistas, grupos insurrecionalistas, iniciativas sindicais de massas (algumas clandestinas) e uma participação significativa nas revoltas do Maio de 68 francês, que fizeram parte de um contexto global de mobilizações em todo o mundo. No caso específico da França, em que greves de estudantes articularam-se com ocupações de fábricas e levaram a uma greve geral que abalou o governo, os anarquistas tiveram participação importante entre o setor mais radicalizado dos estudantes.[66]

    Entre as organizações anarquistas deste período, que tiveram entre uma dezena e algumas centenas de membros, podem-se citar: a Federação Anarquista Alemã (I-AFd); a União Libertária Búlgara (BLU); a Anarchist Communist Federation e a Organization of Revolutionary Anarchists (ORA), da Inglaterra; a Federação Anarquista da Região Portuguesa (FARP), que foi refundada; a Federação Anarquista (FA) francesa e as dissidentes Fédération Communiste Libertaire (FLC) e Organisation Communiste Libertaire (OCL); a Federação Anarquista Italiana, a Organização Revolucionária Anarquista (ORA) e a Federação de Anarquistas Comunistas da Itália (FdCA); a Organisation Socialiste Libertaire, da Suíça; o Group of Concil Anarchists (OSA), da Grécia; a Oposição de Esquerda, da URSS. Muitas dessas organizações publicaram jornais e brochuras para difundir suas idéias.

    Os anarquistas também participaram de movimentos guerrilheiros e atentados, em especial na Espanha franquista, por meio dos grupos: Defensa Interior, Grupo Primeiro de Maio, Movimiento de Liberación Ibérica – Grupos Autônomos de Combate (MLI-GAC) e Grupos de Acción Revolucionária Internacionalista (GARI).[67] Houve, também, ações desse tipo em outros países, como na Alemanha, com o Movimento 2 de Junho – o qual teve vários membros integrando a Red Army Fraction (RAF) e os Anti-Capitalist Autonomous Commandos (KAA) do País Basco; na Inglaterra, com a Angry Brigade e na França, com o grupo Acción Directe. Anarquistas também participaram de atentados na Inglaterra contra o governo italiano, integraram-se em processos de luta armada do autonomismo italiano e atuaram na insurreição de 1973 na Grécia. O anarquismo grego ganhou força nos anos 1970 e 1980, desenvolvendo táticas insurrecionais buscando aliar manifestações combativas de rua e confrontos com a polícia a ações armadas; destacaram-se, nesse contexto, grupos como Anarchist Attack Groups e o Grupo de Anarco-Comunistas de Nea Smyrni (OANS).

    Visando a atuação no campo sindical, os anarquistas criaram e participaram de várias organizações, dentre as quais se destacam: o Sindicato Operário Livre (FAU), da Alemanha; a Anarchist Workers Association (AWA), da Inglaterra; a Aliança Libertária Anarco-Sindicalista e o jornal A Batalha (reativado), de Portugal; a Confederación Nacional del Trabajo (CNT), da Espanha, que operou clandestina e publicamente, chegando a 300 mil membros entre 1977 e 1978 e teve diversas cisões, com a criação da Confederación General del Trabajo (CGT); a Alliance Syndicaliste, o periódico Solidarité Ouvrier e a própria CNT da França; a União Sindical Italiana (USI), que foi reestabelecida, os Comitês de Base (COBAS) e a Confederação Italiana de Base – Comitês de Base Unidos (CIB-UNICOBAS), da Itália; o SAC e o sindicato dos trabalhadores marítimos (MTWIU) da Suécia; o sindicato dos servidores públicos (SUD), da Suíça; a Federação Anarco-Sindicalista (ASF) da Tchecoslováquia; o Free General Workers' Union (SMOT), a Confederation of Anarcho-Syndicalists (KAS) e a Confederation of Revolutionary Anarcho-Syndicalists (KRAS), da Rússia; o Grupo de Anarco-Sindicalistas (AO), da Grécia. Muitas dessas iniciativas estiveram diretamente vinculadas às práticas de educação popular e formação política, conforme comumente realizado pelos anarquistas.

    Surgiram, também, iniciativas no campo da propaganda, com as editoras Freedom Press, na Inglaterra, e AK Press, na Escócia; fortalecendo o campo das investigações sobre o anarquismo, foram fundados o Centre International de Recherches sur l’Anarchisme (CIRA), na Suíça, a Fundación de Estudios Libertarios Anselmo Lorenzo (FAL), na Espanha e a Kate Sharpley Library, na Inglaterra.

    No Oriente Médio, o anarquismo surgiu com força entre os anos 1970 e 1980; organizações do Irã, The Scream of the People (CHK), e do Iraque, Workers Liberation Group (JS, ou Shagila), articularam, juntas, quase mil militantes e participaram por meio de uma guerrilha da Revolução Iraniana de 1978-1979, na qual processos radicais foram levados a cabo: organização de mulheres, tomada de terra por camponeses, mobilizações de trabalhadores, criação de conselhos de base (shoras) e de comitês de bairro armados (komitehs). Nos anos 1980, surgiu, no Líbano, o grupo Iniciativa Comunista Libertária (BT) e, no Irã, o Grupo Anarquista Iraniano.

    Nas Américas, destaca-se, nos Estados Unidos e Canadá, a presença renovada do IWW e de anarquistas envolvidos em movimentos inspirados pela Nova Esquerda, sustentando questões ambientais, de gênero e contra as guerras; em 1968, nos Estados Unidos, os anarquistas participaram dos protestos durante a Convenção Democrática e da criação do grupo Students for a Democratic Society; no Canadá, fundou-se, no campo da propaganda, a editora Black Rose Books.

    Em Cuba, os anarquistas estiveram presentes nas guerrilhas orientais e de Escambray, levadas a cabo contra a ditadura de Batista; sua influência relevante na Confederación de Trabajadores de Cuba (CTC) e sua organização na Asociación Libertaria de Cuba (ALC) permitiram que tivessem influência significativa entre os trabalhadores industriais e artesãos da cidade e os trabalhadores do campo. Durante a Revolução Cubana, que culminou em 1959, os anarquistas participaram de maneira determinante das lutas, por meio da ALC e, especialmente, com o sindicalismo clandestino da Confederación General del Trabajo (CGT). Com o passar dos anos, o governo cubano reprimiu fortemente os anarquistas, que foram presos, torturados e/ou tiveram de imigrar.[68]

    No Uruguai, a Federação Anarquista Uruguaia (FAU), fundada em 1956, defendendo o que chamou de “especifismo anarquista”, protagonizou os episódios de maior impacto no continente. Como parte do Movimento de Libertação Nacional (MLN), fundado em 1962, e, depois de uma cisão, em 1963, ocasionada pelo apoio crítico à Revolução Cubana – cuja cisão originou a Comunidad del Sur –, a FAU ajudou a fundar a Convención Nacional de Trabajadores (CNT), em 1965. Articulou-se com outras organizações da esquerda revolucionária, fundando a Organización Latinoamericana de Solidariedad (OLAS) e a Frente Izquierda de Liberación (FIDEL). Com o MLN sendo colocado na ilegalidade, organizou, em 1970, um braço de massas, operário e estudantil, a Resisténcia Obrero-Estudantil (ROE), que articulou a mobilização no setor popular; em 1971, a FAU criou um braço armado, a Organización Popular Revolucionaria – 33 Orientales (OPR-33), com objetivo de apoiar as mobilizações de massa com sabotagens, expropriações, seqüestros etc. Sua estratégia de luta armada, crítica ao foquismo guevarista, foi influenciada pelas teorias da guerrilha urbana do anarquista Abraham Guillén, as quais tiveram impacto em todo o continente. Em 1972, a FAU atingiu seu auge, antes do golpe de 1973, com aproximadamente 500 militantes, dos quais 100 eram da OPR-33; a ROE contava com 10 mil militantes, que incidiam diretamente na CNT que, neste momento, representava 400 mil trabalhadores. Esse processo, de proporções significativas, principalmente se levada em conta o tamanho da população do país, articulou organização política, guerrilha anarquista, mobilização pelo local de trabalho, de moradia e de estudo em proporções amplas. A repressão dizimou essa experiência, com muitos militantes sendo presos, torturados e mortos. Depois do exílio, a FAU rearticulou-se nos anos 1980, aprofundando as bases do especifismo; a CNT também se reorganizou e, por meio de um processo de unificação, passou a chamar Plenario Intersindical de Trabajadores – Convención Nacional de Trabajadores (PIT-CNT), representando 120 mil trabalhadores.[69]

    Outras iniciativas latino-americanas relevantes podem ainda ser mencionadas. Na Argentina, em 1955, a FACA transformou-se em Federação Libertária Argentina (FLA); uma greve dos portuários impulsionada pela FORA, em 1956, durou seis meses, constituindo a maior greve do século XX no país. Outra experiência importante na Argentina foi a constituição da organização anarquista Resistência Libertária, que se estabeleceu nacionalmente em 1974 e foi dizimada pela repressão da ditadura de 1976. Com aproximadamente uma centena de militantes em Buenos Aires, La Plata, Córdoba, e outras localidades, essa organização destacou-se por seus trabalhos de massas nos sindicatos, bairros e grêmios estudantis, e por um braço armado, que se articulou com a OPR-33 uruguaia.[70] No Chile, os anarquistas participam de experiências sindicais que contribuíram com a fundação, em 1953, da Central Única de Trabajadores de Chile (CUT), na qual tiveram grande influência, ocupando posições na direção nacional. Cindindo em 1958, os anarquistas fundaram a Confederación Nacional del Trabajo (CNT), em 1960. Em 1965, os anarquistas participaram da fundação do Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR) e nele permaneceram por pelo menos dois anos.[71] Na Bolívia, os anarquistas foram hegemônicos na Confederación Obrera Regional Boliviana (CORB), sucessora da FOL, no seio da qual impulsionaram a Federación Obrera Femenina (FOF), organização de mulheres que impulsionou lutas de gênero. No México, os anarquistas seguiram articulando-se na Federación Anarquista Mexicana (FAM) e foram, em grande medida, responsáveis pela radicalização do Frente Auténtico de Trabajo (FAT), que assumiu contorno sindicalista revolucionário. No Brasil, os anarquistas resistiram, neste período de refluxo, por meio de publicações como Ação Direta, edição de alguns livros, criação de espaços de discussão/formação e alguma participação no Movimento de Orientação Sindical (MOS), em São Paulo; com o fim da ditadura, ressurgiram, mais evidentemente, publicações, editoras, dentre as quais se destaca a Novos Tempos / Imaginário, e centros de cultura, dentre os quais se destaca o Círculo de Estudos Libertários (CEL), do Rio de Janeiro.

    Na África, os anarquistas participaram de lutas de libertação nacional na Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) – em todos eles, com uma maioria de anarquistas negros. Tiveram, também, uma atuação importante na luta de independência da Argélia, que culminou em 1962.[72] O sindicalismo de intenção revolucionária teve protagonismo, nos anos 1950, com o Industrial and Commercial Union in Southern Rhodesia (ICU), fundado em 1919, e, posteriormente, com a Federation of South African Trade Unions (FOSATU), fundada em 1979; em 1981, no Senegal, surgiu o Partido Anarquista pelas Liberdades Individuais na República (PALIR).

    Na Ásia, destacam-se experiências na Coréia, na China e no Japão. Na Coréia, os acontecimentos mais relevantes envolveram a participação anarquista na Revolução de Abril, em 1960, que inaugurou a segunda república coreana, e nas mobilizações que levaram à Comuna de Gwangju, em 1980, contra o regime do general ditador Chun Doo-Hwan; durante outro levante, em 1987, veteranos da KAF fundam a Federação de Anarquistas Coreanos (FAK). Na China, com a Revolução de 1949, em torno de 10 mil anarquistas tiveram de entrar para a clandestinidade e guerrilhas, como a Chu Cha-pei, anarquista e inspirada no RIAU ucraniano, tiveram de instalar-se na província de Yunnan para combater a nova classe dominante. No Japão, articulou-se uma federação anarquista em 1955, também chamada Federação Anarquista Japonesa (FAJ), que foi substituída pela Black Front Society (KSS) em 1970, e, em seguida, pelo Libertarian Socialist Council (LSC). Foram fundados o Workers' Solidarity Movement (RRU), em 1983, anarco-sindicalista, e uma nova federação anarquista, em 1988.

    Na Oceania, destacam-se iniciativas sindicais e organizações anarquistas. Na Nova Zelândia, em 1951, a Waterfront Dispute foi levada a cabo por meio de uma greve de milhares de trabalhadores (mineiros, trabalhadores das docas, do cimento entre outros) em protestos contra as condições de trabalho e as dificuldades financeiras, na qual o New Zealand Waterside Workers’ Union (NZWWU), que contava com a participação de antigos membros do IWW, teve destacado papel; nos anos 1960, articulou-se a New Zealand Federation of Anarchists (NZFA). Na Austrália, criou-se, em 1975, a Federação Australiana de Estudantes Anarquistas (FAA), num congresso com mais de 250 delegados, representando 11 grupos; neste mesmo ano, o IWW foi reestabelecido; em 1977, fundou-se a editora Jura Books, que, posteriormente, transformou-se em uma federação; em 1986, fundou-se a Anarcho-Syndicalist Federation (ASF).

    O refluxo do anarquismo no período pode ser explicado, pelo menos em parte, pelas ditaduras, seguidas de repressão, em diversos continentes, protagonizadas pela direita e pela esquerda. A quarta onda terminou com o fim do bloco soviético e do “socialismo real”, com a queda do Muro de Berlim e o desmantelamento da URSS, fenômeno que, novamente, modificou radicalmente a geopolítica mundial e proporcionou, em muitos dos antigos países “socialistas”, as condições para o (re)surgimento do anarquismo e do sindicalismo de intenção revolucionária.

    Esses elementos permitem algumas afirmações relativas à quarta onda do anarquismo. Apesar de o anarquismo estar presente em todos os continentes, aparecendo inclusive no Oriente Médio, ao mesmo tempo em que buscou articular-se internacionalmente, perdeu força em relação às ondas anteriores. Ainda assim, teve participação em lutas e revoluções importantes. Fundaram-se e rearticularam-se organizações anarquistas, o sindicalismo de intenção revolucionária reapareceu lentamente e guerrilhas anarquistas foram levadas a cabo. No campo dos debates relevantes, a questão Síntese versus Plataforma continua na Europa; com a maioria de organizações aderindo às proposições sintetistas, criam-se, entretanto, várias outras organizações plataformistas; debates sobre as estratégias sindicais também permanecem. As guerrilhas anarquistas aparecem fortemente, diversas delas combatendo em contextos de ditaduras de direita e, outras, contra a dominação comunista. Outro fato relevante, que surgiu na esteira da Nova Esquerda e do Maio de 1968, foi a incorporação de novas questões no anarquismo, como a defesa da ecologia e as lutas contra as dominações e discriminações por razão da orientação sexual, de fato novas; o feminismo, bastante enfatizado naquele contexto, havia sido sempre uma bandeira dos anarquistas. Entretanto, as práticas que derivaram desse amplo movimento, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, implicaram, para muitos dos chamados anarquistas, o abandono da perspectiva classista, a defesa de um individualismo extremo, a promoção do primitivismo, de estilos de vida alternativos e, em alguns casos, de um feminismo que considera inimigos todos os homens. Principalmente na Europa, foram comuns as tentativas de síntese do anarquismo com outras ideologias como o marxismo, o situacionismo e o autonomismo.

    Quinta onda (1990 ao presente)

    A quinta onda, caracterizada pelo momento posterior ao colapso soviético e “socialista” e pela generalização do neoliberalismo no mundo, possui características semelhantes à quarta onda, ainda que se possa identificar uma retomada progressiva do anarquismo. O fim do império soviético possibilitou a reorganização em vários países do antigo bloco e movimentos clandestinos tornaram-se públicos; na América Latina, o fim das ditaduras também fez com que fosse possível a rearticulação dos anarquistas. Outros elementos contextuais de relevância, que caracterizam o período, são: o colapso das ditaduras de esquerda no Leste Europeu e na Ásia Central, na Coréia do Sul, além do fim do Apartheid na África do Sul.

    A quinta onda continuou a ser marcada pelas iniciativas internacionais precedentes e a criação de outras. Em relação às precedentes, deve-se mencionar a continuidade da IFA que, atualmente, articula organizações sintetistas nos seguintes países: Alemanha e Suíça, Argentina, Bielo-Rússia, Bulgária, Espanha e Portugal e Eslovênia, França e Bélgica, Inglaterra, Itália, República Tcheca e Eslováquia. Mantém-se, também, a IWA-AIT, com organizações sindicais nos seguintes países: Alemanha, Brasil, Eslováquia, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Nigéria, Noruega, Portugal, Rússia e Sérvia.

    Destaca-se, ainda, nesta onda, o surgimento, em 2005, do projeto Anarkismo.net, reunindo, em torno de um site, organizações anarquistas plataformistas e especifistas; conta, hoje, com 33 organizações dos seguintes países: África do Sul, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Dinamarca, Equador, Estados Unidos, França, Inglaterra, Irlanda, Itália, México, Noruega, Suíça, Peru e Uruguai.

    Um encontro em Saint-Imier, na Suíça, com presença de milhares de pessoas, em meados de 2012, reuniu representantes dessas três correntes, além de outros sindicatos de intenção revolucionária, que não são membros da IWA-AIT, e participantes independentes. Com a internet, surgiram listas de emails e fóruns de discussão, assim como projetos para divulgação de notícias, como foi caso do A-Infos. Feiras do Livro anarquistas passam a ser articuladas em diversos países.

    Uma iniciativa que uniu internacionalmente movimentos de bastante diversos, amplamente influenciados pelos anarquistas, foi o Movimento de Resistência Global, ou “Antiglobalização”, que durou quase uma década, entre meados dos anos 1990 e 2000, e esteve articulado, em grande medida, na Ação Global dos Povos (AGP), criada em 1998.[73] Com o foco das mobilizações em torno da luta contra o neoliberalismo capitalista, desdobrou-se em protestos massivos em todo o mundo, contra instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Banco Mundial (BM), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o North American Free Trade Agreement (NAFTA), a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), além das guerras imperialistas protagonizadas pelos Estados Unidos.[74] Outras iniciativas relevantes foram os encontros sindicais, promovidos em San Francisco, em 1999; em Paris, em 2000; em Essen, em 2002; em Paris, em 2007, o qual teve presença de 250 delegados de todo o mundo.

    Na Europa, destacam-se iniciativas sindicais e organizações anarquistas. No campo sindical, podem-se citar organizações como a Confederación General del Trabajo (CGT), da Espanha, que possui 60 mil membros e representa 2 milhões de trabalhadores; a Confederação Siberiana do Trabalho (SKT), da Rússia, com 6 mil membros; a Confédération Nationale du Travail (CNT-F), da França com 5 mil membros; a Sveriges Arbetares Central (SAC), da Suécia, com 9 mil membros, entre outras iniciativas relevantes de participação libertária em sindicatos mais amplos e burocratizados. No campo das organizações anarquistas, destacam-se tanto organizações sintetistas quanto plataformistas. As sintetistas, em geral, estão articuladas na IFA, como a Federação Anarquista (FA) francesa – a qual edita o periódico Le Monde Libertaire, mantém a editora Monde Libertaire e a Radio Libertaire –, a Federação Anarquista Ibérica (FAI), a Federação Anarquista Italiana (FAI) e a Federação dos Anarquistas Búlgaros (FAB). As plataformistas, em geral, estão articuladas no Anarkismo.net, como a Federação de Anarquistas Comunistas da Itália (FdCA), o Workers Solidarity Movement (WSM), da Irlanda, a Organisation Socialiste Libertaire (OSL), da Suíça e o Alternative Libertaire (AL), da França. Entretanto, vêm crescendo os grupos e organizações não alinhadas a essas duas iniciativas, como a Coordination des Groupes Anarchistes (CGA), da França, e grupos insurrecionalistas de diversos países, que incluem presença relevante, principalmente, na Grécia, desde os anos 1990, marcados pela atuação de grupos como Anarchist Urban Guerrillas (AUG), Revolutionary War (RW), Incendiaries of Conscience (IC); em 1998, os anarquistas gregos afirmaram ser responsáveis por 70 ataques violentos, que continuam até o presente, com mobilizações de tradição insurrecionalista bastante fortes.

    Com o fim do regime soviético, destaca-se o surgimento e o crescimento de organizações na Polônia, Tchecoslováquia e na Rússia, como o Autonomous Action (AD), com seções em 20 cidades russas, além da Armênia, Bielo-Rússia, Cazaquistão e Ucrânia. O anarquismo surgiu na Turquia nos anos 1990, com a fundação de grupos como a Anarchist Youth Federation (AGF), a Anatolian Anarchists (AA) e o Karasin Anarchist Group (KAG); ganhou, também, influência entre os curdos.

    Nas Américas, o anarquismo foi significativamente marcado pelo Movimento de Resistência Global, que teve participação do IWW e foi reforçado pelo surgimento da North-Eastern Federation of Anarcho-Communists (NEFAC), em 2000, que, posteriormente, dividiu-se em três organizações. O Institute of Anarchist Studies (IAS) foi fundado no Canadá, em 1996, reforçando as iniciativas para investigação do anarquismo. Na América Latina, destacam-se, em Cuba, o Movimiento Libertario Cubano (MLC) – com presença clandestina em Cuba, e pública na Espanha, na França, no México e na Venezuela –, o qual investiu na criação do Grupo de Apoyo a los Libertarios y al Sindicalismo Independiente en Cuba (GALSIC), que passou a publicar o boletim Cuba Libertaria.

    No México, realizou-se, em 1991, a primeira Convenção Nacional Anarquista e, com o levante zapatista de 1994, formaram-se grupos anarquistas de apoio a essas lutas, como a Unión Libertaria Autogestionada (ULA), o Consejo Indígena Popular de Oaxaca – Ricardo Flores Magón (CIPO-RFM) que, a partir de 2001 tornou-se uma organização anarquista, e a Alianza Magonista Zapatista (AMZ); sindicalistas revolucionários tiveram participação significativa no Frente Auténtico del Trabajo (FAT). Os anarquistas mexicanos tiveram presença na Comuna de Oaxaca que, em 2006, a partir de uma greve de 70 mil professores, articulou distintos setores de oprimidos, entre trabalhadores sindicalizados, camponeses e estudantes, na luta contra o governo de Ruiz, estabelecendo a Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO), que tomou prédios públicos, estabeleceu organizações de mulheres, como a Comisión de Mujeres de Oaxaca, tomou rádios e televisões e terminou sendo massacrada pelo governo.

    No cone sul, destaca-se a influência da Federação Anarquista Uruguaia (FAU), da difusão do especifismo, auxiliando no estabelecimento de organizações anarquistas em outros países, como no Brasil, com a Federação Anarquista Gaúcha (FAG) e a Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ) – as quais se articularam no Fórum do Anarquismo Organizado (FAO) e fundaram, juntamente com outras organizações, em 2012, a Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), em um congresso com presença de organizações de 10 estados e mais de 70 delegados. Essa tendência de organizações adeptas do campo plataformista/especifista também se desenvolveu no Chile, a partir do Congreso de Unificación Anarco-Comunista (CUAC), que fundou a Organización Comunista Libertaria (OCL), e que teve impacto posterior na articulação da Federación Comunista Libertaria (FCL); na Argentina, o processo que culminou na fundação da Organización Socialista Libertaria (OSL) também foi relevante, a qual teve participação nas mobilizações de 2001, que levaram milhares de trabalhadores às ruas sob o lema “Que se Vayan Todos!”, opondo-se à crise neoliberal, à classe política do país e estabelecendo importantes estruturas de base. Essas organizações, e outras de linhagem semelhante, vêm tendo participação relevante, ainda que na maioria dos casos minoritária, em movimentos sociais do continente, dentre os quais se encontram sindicatos, associações comunitárias e de bairro, movimentos rurais, de estudantes, desempregados, sem-teto, sem-terra e outros. Permanecem, também, outros grupos e organizações anarquistas, dentre os quais se podem mencionar a Federação Anarquista Argentina (FLA) e a Comisión de Relaciones Anarquistas (CRA), da Venezuela, além de um conjunto amplo de grupos que possui foco na educação e na formação política anarquista, como a Biblioteca Terra Livre, do Brasil, e uma tradição insurrecionalista que, embora minoritária, tem ganhado destaque em alguns episódios, em especial no Chile, com o conhecido “Caso Bombas”, de 2010, o qual investiga atentados, supostamente levados a cabo por anarquistas no país, desde 2005.

    Na África, destacam-se, o protagonismo de uma seção do IWW, no início dos anos 1990, em Serra Leoa, com mais de 3 mil trabalhadores das minas de diamantes, os quais tiveram protagonismo em distintas lutas, assim como o processo organizativo originado nos anos 1990, e que culminou com a criação, na África do Sul, da Zabalaza Anarchist Communist Federation (ZACF), em 2003 – sendo esta experiência precedida por iniciativas como o Anarchist Resistance Movement (ARM), a Durban Anarchist Federation (DAF) e a Workers Solidarity Federation (WSF); também na África do Sul, destaca-se a participação de sindicalistas revolucionários no Congress of South African Trade Unions (COSATU). Surgiram, ainda, nesse período, outras iniciativas na Nigéria, com a Awareness League, na Zâmbia, com o Anarchist Workers’ and Student’s Group (ASWG) e, no Quênia, com o Wiyathi Collective, dentro da Anti-Capitalist Convergence of Kenya (ACCK). Pequenos círculos anarquistas são mantidos na Argélia, no Egito e em Marrocos.

    Na Ásia, há pouquíssimas referências contemporâneas. Podem-se mencionar, no Japão, a organização anarco-sindicalista Workers’ Solidarity (RR), de 1992, que foi constituída por uma cisão da RRU, mas que logo abandonou o anarquismo; o surgimento do Anarchist Revolutionary Project (ARP), da Anarchist Federation (AF) e a participação anarquista na Anti-Capitalist Action (ACA), de 2002. Nas Filipinas, surge a Local Anarchist Network (LAN). Na China, socialistas libertários constituíram, em 1993, uma corrente da Associação de Estudantes Asiáticos de Hong Kong; fala-se, ainda, em um Autonomous Beijing Group, possivelmente anarquista.

    Na Oceania, a Anarcho-Syndicalist Federation (ASF) teve participação relevante na mobilização dos ferroviários de Melbourne, que culminou na Melbourne Tram Dispute, na Austrália, em 1990; em 2000, a ASF foi refundada com o nome de Anarcho-Syndicalist Network (ASN). Na Nova Zelândia, anarquistas participam do Unite Union, um sindicato local que possui atuação no setor de serviços.

    Esses elementos permitem algumas afirmações relativas à quinta onda do anarquismo. Nota-se, em relação à quarta onda, uma continuidade no movimento de internacionalização e assemelha-se a influência anarquista minoritária no campo da esquerda em geral, e das lutas populares em particular – ainda que tenha havido uma potencialização do anarquismo depois da queda do Muro de Berlim e do fim da URSS naquelas regiões. Ao mesmo tempo em que o anarquismo constituiu uma força determinante no Movimento de Resistência Global, este não conseguiu avançar nas lutas e perdeu espaço já na segunda metade dos anos 2000. Ainda assim, houve participação anarquista minoritária em episódios relevantes na América Latina, como na Argentina em 2001, e na Comuna de Oaxaca, no México, em 2006. Vêm crescendo as organizações plataformistas e especifistas que, em alguns países, tornaram-se maioria em relação às sintetistas. Vem sendo enfatizada, por diversos setores, a necessidade de os anarquistas retomarem o protagonismo nos movimentos e lutas populares; em alguns países, o insurrecionalismo se fortalece, em outros, sindicatos e movimentos sociais em geral constituem o espaço privilegiado de atuação dos anarquistas. Terminam as guerrilhas anarquistas e permanecem questões que chegaram com a Nova Esquerda.

    EXTENSÃO E IMPACTO DO ANARQUISMO

    Essa breve exposição dá uma idéia da ampla extensão e do amplo impacto do anarquismo. Conforme coloquei, a conjunção de distintos fatores estruturais e iniciativas voluntárias de um número significativo de militantes permitiu que o anarquismo surgisse e rapidamente se espalhasse pelo mundo. Seu impacto nas classes dominadas e sua extensão histórica e geográfica, conforme exposto, permitem afirmar que, desde seu surgimento, e até o presente, ainda que em ondas de fluxos e refluxos, o anarquismo permaneceu vivo, como uma ferramenta ideológica determinante e de relevância inquestionável nas lutas dos trabalhadores nos cinco continentes.[75] Schmidt, representando essas informações históricas graficamente e expondo a presença geográfica do anarquismo no mundo, de seu surgimento ao presente, elaborou o seguinte mapa.


    Observando as áreas coloridas, que indicam presença anarquista, verifica-se que o anarquismo esteve/está presente em todas as Américas, em praticamente toda a Europa, na maioria dos países da Ásia, em grande parte da Oceania e em parte significativa da África. Suas continuidades e permanências, no espaço e no tempo, levando em conta uma noção de longo prazo, indicam que se trata de um fenômeno global, com amplo impacto e extensão.

    As cores do gráfico demonstram as localidades em que ocorreram revoluções com participação anarquista determinante, onde prevaleceram as estratégias anarquistas e sindicalistas de intenção revolucionária, onde elas foram minoritárias e as localidades em que redes relevantes foram formadas, ainda que sem a presença de sindicatos.

    Em preto, estão os países em que os anarquistas tiveram protagonismo em processos revolucionários: México, Espanha, Ucrânia, Manchúria (Coréia). Em vermelho escuro, estão os países em que o anarquismo e o sindicalismo de intenção revolucionária foram hegemônicos, dentre os quais se destacam: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, França, Paraguai, Peru, Portugal e Uruguai. Em vermelho claro, estão os países em que houve presença significativa do anarquismo e do sindicalismo de intenção revolucionária, ainda que não tenham sido hegemônicos, dentre os quais se encontram: África do Sul, Alemanha, Argélia, Austrália, Bulgária, Canadá, China, Egito, Equador, Estados Unidos, Grécia, Inglaterra, Itália, Japão, Namíbia, Nigéria, Nova Zelândia, Rússia, Suécia, Venezuela, Zâmbia e Zimbábue. Em amarelo, encontram-se os países em que se estabeleceram redes importantes, dentro os quais se encontram: Bielo-Rússia, Camboja, Cazaquistão, Cingapura, Estônia, Finlândia, Guiana Francesa, Guiana, Índia, Islândia, Letônia, Líbia, Lituânia, Marrocos, Moçambique, Nicarágua, Quênia, Romênia, Tailândia, Tunísia, Uganda, Vietnã, além de vários países do Oriente Médio.

    Uma análise mais pormenorizada do impacto classista do anarquismo foi abordada no estudo de Schmidt (2012b) e demonstra que, ainda que tenha impactado diretamente os camponeses e trabalhadores rurais, o anarquismo e o sindicalismo de intenção revolucionária foram, na maioria dos casos, levados a cabo pelos trabalhadores urbanos. Representando as principais fortalezas do anarquismo nos campos e nas cidades, o autor elaborou o seguinte mapa.


    Em um breve comparativo entre as 27 localidades analisadas, em que os anarquistas mobilizaram trabalhadores industriais e camponeses, em 19 delas, as bases do anarquismo estão nas cidades, entre os trabalhadores da indústria, correspondendo a 70% dos casos em questão; em oito delas, as bases do anarquismo estão nos campos, principalmente entre camponeses, correspondendo a 30% dos casos.

    Esses dados permitem realizar duas afirmações. Por um lado, confirma-se, por meio dos dados históricos, a concepção anarquista de sujeito revolucionário, demonstrando a mobilização de trabalhadores e camponeses, das cidades e dos campos, assim como sua noção de classes dominadas. Cappelletti (2006, p. 14), sustentando este argumento, afirma: “onde o anarquismo floresceu e conseguiu influência decisiva sobre o curso dos acontecimentos, suas bases foram majoritariamente compostas por operários e camponeses”.

    Por outro, coloca em xeque afirmações, repetidas incansavelmente pelos adversários do anarquismo, que este seria uma ideologia do “mundo atrasado”, que só teria se desenvolvido em países não-industrializados, mobilizando principalmente “classes em declínio”, como o campesinato e os pequenos artesãos. Cappelletti continua:

    No passado, os marxistas, sem exceção, empenharam-se em apresentar o anarquismo como uma ideologia dos pequenos proprietários rurais e da pequena burguesia (artesãos etc.), ou mesmo como uma ideologia do lúmpem-proletariado. (Cappelletti, 2006, p. 13)
    Os exemplos históricos são abundantes para afirmar que, mesmo investindo na mobilização do campesinato, de artesãos, do lúmpem etc. – por sua concepção de classes dominadas, que não se resume ao proletariado urbano-industrial, e por não sustentar uma concepção teleológica e evolucionista da história, que considera camponeses e artesãos atores antigos em filmes novos, os quais só teriam condições de “girar para trás a roda da história” –, na maior parte dos casos, o anarquismo desenvolveu-se nas cidades entre o proletariado urbano e industrial. Cappelletti (2006, p. 15) corrobora este argumento ao enfatizar: “ainda que surja, desenvolva-se e alcance sua maior força dentro da classe operária, [o anarquismo] é uma ideologia de todas as classes oprimidas e exploradas”. Ou seja, o anarquismo, mesmo sustentando uma concepção das classes e da luta de classes fundamentada na dominação, e considerando como potenciais sujeitos revolucionários as classes dominadas de maneira ampla, teve, em termos históricos, suas bases forjadas, principalmente, entre os trabalhadores industriais das cidades, o operariado. Não é coincidência que, nos mapas apresentados por Schmidt, regiões menos desenvolvidas econômica e tecnologicamente, algumas vezes desindustrializadas, como grande parte da África, o anarquismo não tenha existido.

    Os elementos analisados anteriormente também permitem avaliar o impacto histórico do anarquismo, nas cinco ondas. Schmidt elabora outro gráfico que demonstra, entre outras coisas, o impacto do anarquismo em cada uma das ondas.


    Essa representação, ainda que aproximada, dá uma idéia interessante sobre o impacto das ondas do anarquismo. Verifica-se, conforme argumentado, que o “período glorioso” encontra-se nas segunda e terceira onda; ainda assim, nota-se que tanto a primeira, quanto a quarta e a quinta onda não são desprezíveis, afirmação sustentada pelos fatos históricos. Assim, pode-se afirmar que o anarquismo possui uma existência contínua, ainda que entre fluxos e refluxos, caracterizados por suas ondas, de 1868 ao presente.

    Considero, por isso, equivocadas as teses que afirmam: que o anarquismo praticamente deixou de existir em 1939, com a derrota da Revolução Espanhola; que foi somente na Espanha que o anarquismo adquiriu uma expressão de massas significativa, constituindo a “excepcionalidade espanhola”.

    Analisando as grandes lutas em que o anarquismo esteve historicamente inserido, pode-se dizer que a Espanha, entre 1936 e 1939, certamente, constitui um de seus pontos altos. Entretanto, depois de 1939, muitos outros episódios relevantes, que contaram com participação determinante dos anarquistas, foram levados a cabo: o processo na Bulgária, em torno da FAKB, que permaneceu muito forte até meados dos anos 1940; a participação determinante, por meio dos sindicatos revolucionários, no processo revolucionário cubano; a participação nas lutas de libertação nacional na Argélia, que culminaram em 1962; o processo organizativo encabeçado pela FAU, nos anos 1960 e 1970 no Uruguai; além de participações relevantes nas lutas do Maio de 68, na Revolução Iraniana, nos movimentos de libertação nacional africanos, na Revolução de 1960 e na Comuna de Gwangju na Coréia, na greve de 1951 da Nova Zelândia, nas revoltas gregas dos anos 1970 até o presente, na Comuna de Oaxaca de 2006 entre outros episódios.

    Todos esses casos também contrapõem a tese da excepcionalidade, que podem ser complementados com casos anteriores à Revolução Espanhola, dentre os quais se destacam, na primeira onda, a FRE espanhola e as Revoltas Cantonalistas, a CLU norte-americana e as lutas em torno do Primeiro de Maio, os sindicatos revolucionários cubanos (JCA, CTLH, SGT) e as lutas anticoloniais; na segunda onda, as lutas protagonizadas pela FORA Argentina, e as participações massivas dos anarquistas nos processos revolucionários na Macedônia, no México, na Rússia e na Ucrânia; na terceira onda, a força anarquista na Bulgária e a participação determinante na Revolução da Manchúria.

    Tais exemplos são suficientes para contrapor as teses do fim do anarquismo em 1939 e da excepcionalidade espanhola; em todos esses casos, anteriores e posteriores à Revolução Espanhola, assim como em outros, o anarquismo converteu-se em significativas expressões de massas, de envergadura considerável e, a depender dos critérios utilizados, comparáveis ao caso espanhol. Outro mapa elaborado por Schmidt, no qual representa graficamente os principais intentos revolucionários do anarquismo, sustenta esses argumentos.


    Pode-se dizer que em todos os casos apontados, o anarquismo converteu-se em amplas expressões populares de massas. Dos 23 episódios avaliados, quatro deles, quase 20%, que incluem participação anarquista significativa, foram levados a cabo depois da Revolução Espanhola: Revolução Cubana (1959), Independência da Argélia (1962), sindicalismo e guerrilhas no Uruguai (anos 1960-1970) e Revolução Iraniana (1978-1979).

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    ZARCONE, Pier Francesco. Os Anarquistas na Revolução Mexicana. São Paulo: Faísca, 2006. [O texto quase completo encontra-se aqui: http://www.fdca.it/fdcapt/imprensa/cadernos/mexico/mexico.htm]
    ZARROW, Peter. “He Zhen and Anarcho-Feminism in China”. In: The Journal of Asian Studies 47, nº 4, 1988. [http://libcom.org/history/he-zhen-anarcha-feminism-china]

    Notas

    1. Ainda assim, acredito que o texto pode conter equívocos, os quais eu gostaria que me fossem comunicados para possíveis ajustes futuros no texto. Da mesma maneira, fiz um esforço significativo para citar as principais obras históricas relativas a esses 150 anos de anarquismo, dando foco àquelas que tive acesso ou utilizei para elaborar este texto; certamente, devem estar faltando outras referências importantes, às quais eu também convido os leitores a me comunicarem, para futuros ajustes. Quaisquer outros comentários, sugestões, críticas são bem-vindos. E-mail: felipe “arroba” riseup.net.
    2. Para que fique claro ao leitor, sou partidário do que chamamos na América Latina de “anarquismo especifista”; defendo um anarquismo de massas (que se difere, portanto, do insurrecionalismo), que busca conciliar o trabalho nos movimentos populares (sindicais, comunitários, agrários, estudantis), sem vínculo ideológico programático com o anarquismo (diferindo-se, portanto, do anarco-sindicalismo), com organizações específicas anarquistas, articuladas por meio de estratégia e programa comuns (diferindo-se, portanto, do sintetismo). Busquei dar atenção não só às iniciativas com as quais tenho maior afinidade, mas também àquelas insurrecionalistas, anarco-sindicalistas e sintetistas.
    3. O “Caderno de Imagens” pode ser baixado em: http://ithanarquista.wordpress.com/2013/01/15/cadernodeimagens/
    4. A ADS foi uma organização central no desenvolvimento do anarquismo na primeira onda e, pelo menos no que é de meu conhecimento, não há estudos aprofundados sobre ela.
    5. O primeiro setor veio de um rompimento com a Liga da Paz e da Liberdade, ingressando, em seguida, na AIT. A ele pertenciam: Bakunin, russo, ex-participante dos levantes armados e das revoltas populares na França, em 1848, em Praga, na Boêmia e em Dresden, em 1849, e futuro participante das insurreições de Lyon, em 1870, e de Bolonha, em 1874; Reclus, francês, geógrafo e futuro communard; Aristide Rey, francês e futuro communard; Valérien Mroczkowski, polonês e futuro participante do levante de Marselha; Albert Richard, francês, jornalista e futuro participante da insurreição de Lyon; Nicolas Jukovski, russo e futuro participante do levante de Marselha; Giuseppe Fanelli, italiano, arquiteto, ex-deputado e ex-combatente garibaldino; Saverio Friscia, italiano, médico, ex-deputado e participante da insurreição siciliana de 1848; Alberto Tucci, italiano e advogado, entre outros. O segundo setor já fazia parte da Internacional e se somou ao processo. A ele pertenciam: Jean-Philippe Becker, alemão, jornalista, jardineiro, fabricante de vassouras – a depender do momento –, e um dos chefes militares da insurreição de Baden, em 1849; François Brosset, suíço, serralheiro e uma das lideranças da greve dos operários da construção de março e abril de 1868; Th. Duval, suíço, marceneiro e dirigente operário; L. Guétat, suíço e sapateiro; Charles Perron, suíço, pintor e, posteriormente, cartógrafo; Zagorski, polonês. Todos esses internacionalistas compuseram o primeiro bureau central da ADS. Algum tempo depois, ingressariam na ADS três militantes centrais: James Guillaume, professor e fundador da seção da AIT no Locle, Suíça; Adhémar Schwitzguébel, gravador, dirigente sindical e fundador da seção da AIT em Sonvillier, Suíça; Eugène Varlin, encadernador, dirigente sindical, destacado militante da AIT, o qual se tornaria, posteriormente, o principal combatente federalista da Comuna de Paris. Outros membros relevantes da ADS foram: Benoit Malon, francês, tintureiro, dirigente sindical e futuro communard; Gaspard Sentiñon, espanhol e médico; Louis Palix, francês, alfaiate e futuro participante da insurreição de Lyon; Rafael Farga-Pellicer, espanhol, tipógrafo; Carlo Gambuzzi, italiano, advogado, ex-garibaldino e participante das batalhas de Aspromonte e Mentana; Paul Robin, francês e professor; Francisco Mora, espanhol e sapateiro; Tomás Gonzáles Morago, espanhol e gravador. (Cf. Guillaume, 1985, 2009b; Samis 2011)
    6. Tomando como base os documentos escritos por Bakunin e episódios históricos descritos por Guillaume (1985), membro da ADS, além das obras de Nettlau (2008, no prelo, 1977) e Leier (2006), principais biógrafos de Bakunin, um clássico e outro contemporâneo.
    7. Infelizmente, tive de citar diversos materiais em outros idiomas, visto que o Brasil possui ainda poucas traduções de obras sobre a história do anarquismo. Investir na tradução desse material é, por isso, tarefa das mais importantes. Outra tarefa relevante é a digitalização e disponibilização on-line desse material. Pesquisas na internet, sobre militantes e episódios, assim como sites de organizações contemporâneas, são, também, frutíferas.
    8. Sobre o anarquismo na Espanha da primeira onda, ver: Madrid, 2004; Casas, 2006; Lorenzo, 1974; Nettlau, 1977. Sobre as Revoltas Cantonalistas, no que é de meu conhecimento, não há estudos aprofundados.
    9. Sobre o anarquismo na Itália da primeira onda, ver: Pernicone, 2009.
    10. Sobre o anarquismo na Suíça da primeira onda, ver: Guillaume, 1985; Enckell, 1991.
    11. Sobre o anarquismo na França da primeira onda, com foco na Comuna de Paris, ver: Samis, 2011.
    12. Sobre o anarquismo na Europa da primeira à terceira onda, ver: Coêlho, 2008; Woodcock, 2002, vol. II; Nettlau, 2008, no prelo; Marshall, 2010.
    13. Sobre a AIT, ver: Guillaume, 1985, 2009a, 2009b; Samis, 2009, 2011; Enckell, 2004. Um período da Internacional, e do próprio anarquismo europeu, que carece de estudos mais aprofundados é o de 1872 (cisão da AIT) até 1877 (fim da Internacional Antiautoritária).
    14. Sobre o anarquismo na América Latina, da primeira à terceira onda, ver: Cappelletti, 1990.
    15. Sobre o anarquismo no México, da primeira à segunda onda, ver: Zarcone, 2006; Samis, 2003; Aguilar, 2010.
    16. Sobre o anarquismo em Cuba, da primeira à quarta onda, ver: Fernández, 2000.
    17. Sobre o anarquismo no Uruguai, da primeira à segunda onda, ver: Periódico Rojo y Negro, 2010; da primeira à quarta onda, ver: Mechoso, 2011, 2005, 2006, 2009; da segunda à quarta onda, ver: Rugai, 2013.
    18. Sobre o anarquismo na Argentina, da primeira à segunda onda, ver: Suriano, 2001.
    19. Sobre o anarquismo no Chile da primeira à segunda onda, ver: Cortés, 2010; da primeira à quinta onda, ver: Danton, 1995.
    20. Sobre o anarquismo nos Estados Unidos da primeira onda, ver: Danton, 2010b; Avrich, 1984; Corrêa, 2005.
    21. Sobre o anarquismo no continente africano, da primeira à quinta onda, ver: Schmidt e van der Walt, no prelo (b).
    22. Sobre o anarquismo no Egito, da primeira à terceira onda, ver: Gorman, 2010.
    23. Sobre o anarquismo na África do Sul, da primeira à segunda onda, ver: van der Walt, 2007, 2009, 2010, 2012.
    24. Sobre a CGT da segunda onda, ver: Thorpe, 2010; sobre o período de crise no contexto da Primeira Guerra e depois, ver: Colson, 2004 e anexos; Berry, 2009; para uma perspectiva temporal mais ampla, da segunda à quarta onda, ver: Maitron, 1975.
    25. Para ler a Carta de Amiens em português, ver: Maitron, 1981, pp. 127-128.
    26. Sobre o IWW, ver: Portis, 2004, 2003; IWW, 2004; Renshaw, 1999; Thorpe, 2006.
    27. No Brasil, em geral, se conhece pouco o Congresso de Amsterdã, resumindo-se ele, muitas vezes, às intervenções de Malatesta e Monate, que foram publicadas em Woodcock, 1998. Mais recentemente a intervenção de Amédée Dunois no congresso foi traduzida ao português; ver: Dunois, 2010. Para balanços mais amplos sobre esse congresso, ver: Danton, 2008; Antonioli, 2009.
    28. Sobre a Internacional Sindicalista, ver: de Jong, 2004 e anexos.
    29. Sobre a CNT, ver referências citadas no anarquismo da Espanha da primeira onda e as referências da Revolução Espanhola, que estão adiante.
    30. Sobre o anarquismo em Portugal, da segunda à terceira onda, ver: Freire, 1992.
    31. Sobre a USI, ver: Antonioli, 2004.
    32. Sobre esse período da propaganda pelo fato, ver: Maitron, 1981; Joll, 1970; Woodcock, 2002, vol II.
    33. Sobre o anarquismo na Itália da segunda onda, ver: Venza, 2004; Guérin, 1968.
    34. Sobre o processo de educação libertária no contexto da CGT francesa, ver: Chambat, 2006.
    35. Sobre algumas experiências anarquistas no campo da educação, ver: Antony, 2011.
    36. No que é de meu conhecimento, esse processo é pouco conhecido e precisaria ser melhor estudado; há algumas referências em Schmidt, 2009 e, em especial, em Balkanski, 1982.
    37. Sobre o anarquismo na Bulgária, da segunda à terceira onda, ver: Schmidt, 2009; Balkansky, 1982.
    38. Sobre a Revolução Russa, ver: Guérin, 1968; Tragtenberg, 2007; Rocker, 2007; Volin, 1977; Avrich, 2005; Skirda, 2000. Há também uma edição da revista Libertárias dedicada ao tema; ver: Vários Autores, 1997.
    39. Sobre a Revolução Ucraniana, ver: Arshinov, 1976; Shubin, 2010; Volin, 1977; Schujman, 2000.
    40. Sobre a chamada “Makhnovitschina Siberiana”, ver: Mintz, s/d.
    41. Sobre a Revolução Mexicana, ver: Zarcone, 2006; Samis, 2003; Trejo, 2005.
    42. Sobre o anarquismo na Argentina da segunda à terceira onda, ver: Colombo, 2004a; Santillán, 2005. Especificamente sobre a Patagônia, ver: Bayer, 2002.
    43. Sobre a Greve Geral de 1917, ver: Lopreato, 2000.
    44. Sobre a Insurreição Anarquista no Rio de Janeiro, ver: Addor, 2002.
    45. Sobre o anarquismo no Brasil da segunda à terceira onda, ver: Samis, 2004; Silva, 2012.
    46. Sobre o anarquismo na Bolívia da segunda à terceira onda, ver: OARS, 2010; da segunda à quarta onda, ver: García, 2010.
    47. Sobre o anarquismo na Colômbia da segunda à terceira onda, ver: CILEP, 2010, 2011.
    48. Sobre o anarquismo no Equador da segunda onda, ver: Pazmiño, 2010.
    49. Sobre o anarquismo no Peru da segunda onda, ver: Uceda, 2010; da segunda à terceira onda, ver: Hirsch, 2010.
    50. Sobre o anarquismo expropriador que foi levado a cabo na região do Rio da Prata durante a segunda e a terceira onda, ver: Bayer, 2004.
    51. Sobre a Universidade Popular de 1904, ver: Lopes, 2006.
    52. Sobre o feminismo anarquista na China do início da segunda onda, ver: Zarrow, 1988.
    53. Sobre o anarquismo na China da segunda onda, ver: Deminicis, 2005; da segunda à terceira onda, ver: Dirlik, 1991; Scalapino e Yu, 1975; Flood, 2010.
    54. Sobre o anarquismo no Japão, da segunda à terceira onda, ver: Pelletier, 2004; da segunda à quinta onda, ver: Crump, 1996.
    55. Sobre o anarquismo na Coréia, da segunda à terceira onda, ver: Hwang, 2010; MacSimoin, 2012. A experiência anarquista coreana foi muito expressiva e, pelo menos no que é do meu conhecimento, não há estudos mais aprofundados sobre esse importante tema.
    56. Sobre o anarquismo na Ásia Oriental, da segunda à terceira onda, ver: Schmidt, 2012c; da segunda à quinta onda, ver: Ramnath, 2011.
    57. Sobre o IWW na África do Sul, ver: van der Walt, 2006.
    58. Sobre o IWW na Oceania, ver: McGuire, 1978/79; Prebble, 2006.
    59. Não conheço estudos mais detalhados sobre a EAAF.
    60. Sobre a FAKB, ver: Schmidt, 2009.
    61. Sobre a Revolução Espanhola, ver: Rocker, 2010; Paz, s/d; Guérin, 1968; Le Libertaire e Le Monde Libertaire, 2002; Mintz, 2002; Colombo, 2004b; Suárez, 2012; Peirats, 2006; Amorós, 2003.
    62. Sobre o anarquismo na França da terceira onda, ver: Berry, 2009.
    63. Sobre o anarquismo no Brasil da terceira onda, ver: Bonomo, 2007; Azevedo, 2002. Sobre a terceira e a quarta onda, ver: Silva, 2011a.
    64. O processo da Revolução na Manchúria também precisaria de estudos mais aprofundados, os quais, se existirem, não são de meu conhecimento.
    65. Sobre a IFA, ver: IFA, s/d.
    66. Sobre o Maio de 1968 francês, ver: Solidarity, 2008; sobre a relação entre o Maio de 68 e os anarquistas, ver: Joyeux et alli, 2008.
    67. Sobre o anarquismo na Espanha da quarta onda, ver: Alberola e Gransac, 2004.
    68. Sobre a Revolução Cubana, desde uma perspectiva anarquista, ver: Dolgoff, 2011.
    69. Sobre o anarquismo no Uruguai da quarta onda, ver: Rugai, 2003.
    70. Sobre a organização Resistência Libertária, ver: Diz e Trujillo, 2007.
    71. Sobre o anarquismo no Chile da quarta onda, ver: Solar e Pérez, 2008..
    72. Sobre o anarquismo no Argélia, da quarta à quinta onda, ver: Porter, 2011; AL, 2008.
    73. Sobre a AGP, ver: AGP, 1998.
    74. Sobre o Movimento de Resistência Global, ver: Ortellado, 2002; Ryoky e Ortellado, 2004; Ludd, 2002; Epstein, 2001; van der Walt, 2002.
    75. Ferreira (2011, p. 11) afirma corretamente que “o anarquismo, enquanto teoria e movimento revolucionário, se define no interior do movimento de massas formado pela AIT”; entretanto, equivoca-se ao continuar, dizendo que “num certo sentido, [o anarquismo], desaparece com esse movimento [a AIT]”. Conforme demonstrado, essa afirmação é infundada, visto que o anarquismo, a partir da Internacional, generaliza-se e desenvolve-se em todos os continentes do mundo até o presente, mantendo uma base comum caracterizada pelos seus princípios político-ideológicos.
    76. Inseri os links para acesso online nos documentos que encontrei disponíveis, mesmo que em edições ou idiomas diferentes.



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    (Schmidt, 2012b, slide 10)
    (Schmidt, 2012b, slide 10)

    (Schmidt, 2012b, slide 12)
    (Schmidt, 2012b, slide 12)

    (Schmidt, 2012b, slide 16 simplificado)
    (Schmidt, 2012b, slide 16 simplificado)

    (Schmidt, 2012b, slide 14)
    (Schmidt, 2012b, slide 14)

    (Schmidt e van der Walt, 2009, p. 171)
    (Schmidt e van der Walt, 2009, p. 171)

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