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Golpe à Comunidade Indígena Yva Poty (Paraguai)

category argentina / uruguai / paraguai | indigenous struggles | non-anarchist press author Monday December 10, 2012 11:48author by Atyma Segnalare questo messaggio alla redazione

Comunicado sobre o desalojo da Comunidade Indígena Yva Poty, no Paraguai, na fronteira com o Mato Grosso do Sul

No dia 20 de novembro deste ano, cerca de 300 policiais deram cobertura para algumas dezenas de pistoleiros invadirem ilegalmente a Aldeia indígena Yva Poty, localizada no Paraguai, ao lado da fronteira com o Mato Grosso do Sul, despejando cerca de 40 famílias a mando de um fazendeiro brasileiro, Paulo Ferreira de Souza, bem conhecido nas redondezas.

O despejo, que não teve qualquer espécie de aviso prévio, transformou em pó e caos mais de duas décadas de vida. A doce brisa manhã foi transformada em incerteza, e a tranquilidade da roça, em medo. O silêncio da noite se torna um problema quando dormir significa se render ao sono. Descanso não existe quando a chuva está se aproximando e os telhados de sapé só protegem o chão. Sentir fome é um desafio de concentração. As águas cristalinas são reféns de armas de fogo, e o que resta é matar a sede com um líquido que tem a mesma cor do pó da terra. O resultado devastador destruiu (incendiou) casas, postos de saúde, escolas e cultivos. O posto de saúde era reconhecido pelo próprio ministério da saúde; os medicamentos foram jogados ao chão. A escola, reconhecida pelo Ministério da Educação, fora construída através de imenso sacrifício pela comunidade; foi arrasada em conjunto com todos os livros. Os poços d'água foram envenenados.

A operação policial inicia as 8:30, aproximadamente. Chegaram inicialmente como pessoas civis, supostamente vinculadas a Secretaria da Criança e da Adolescência da municipalidade da Vila Iguatemi. Estas pessoas chegaram a entrar na aula da escola, e disseram às crianças que teriam visitas, e para que não se assustassem. Então, realmente pensaram que teriam visitas de funcionários da saúde, da educação. No entanto, repentinamente, apareceu a polícia antimotim em conjunto do fazendeiro brasileiro.

A opressão se intensifica. As lideranças solicitaram a apresentação de algum documento que tornasse oficial a intervenção, mas foram covardemente agredidos por policiais, levando muitos ao hospital. Parecia que tudo ao redor era fragilizado pela ganância. De um lado víamos soja, do outro gado e ali, na nossa frente, vidas despedaçadas, arrancadas, queimadas. As crianças, após presenciar tanta violência, se esconderam nos morros. Os indígenas, apesar de terem recorrido a pedidos de ajuda às autoridades locais, inclusive ao "INDI", entidade estatal encarregada diretamente da questão indígena, mas não foram atendidos, o que reforça o descaso e a conivência dos governantes com o genocídio e etnocídio que se abate sobre o povo Ava Guarani. Em solidariedade, como uma forma de contrapoder que data desde uma longínqua ancestralidade, companheiros e companheiras indígenas de outras comunidades compareceram e presenciaram o desalojo, manifestando seu apoio à comunidade. Cada detalhe da mesma fora repintado: os olhos encharcados, a água escura, o telhado no chão e as paredes que não mais sustentavam a proteção são o cenário de mais um episódio do massacre, e o protagonista é o agronegócio.
O tekohá (terra sagrada) de nome Yva Poty (Fruta e Flor, em guarani) já não transmite tanta leveza. Antropologicamente, este território é considerado tradicional deste grupo indígena, que são seus donos históricos. No entanto, sucumbindo ao poder e ao capital, as flores foram pisadas por botas frias, e os frutos não dão conta de saciar a fome dessa gente a mercê da justiça, saqueadas e abandonadas à beira da estrada.

As cadeiras do que sobrou da escola fazem companhia aos livros revirados no chão.
O entulho do que era a casa de reza são observados com dor. Não é possível diferenciar o que é rezador, rezadeira, destroços e tristeza. Eles estavam em pedaços, no chão, arrasados junto às migalhas do que há poucos dias era a materialização do que lhes faz se sentir vivos.
Hoje, 25 de novembro de 2012, a aldeia (sobre)vive à beira da estrada, se alimentando de cestas básicas fornecidas pelo Estado. E isso tudo por 355 mil guaranis (cerca de 178 reais), quantia paga para os pistoleiros se submeterem a tal serviço.

Finalizamos esta denúncia com um manifesto por parte de uma Cacique da comunidade, fazendo de suas palavras as nossas: "Este governo joga com nossas vidas e com a vida de nossos filhos, e dói muito intensamente o que estão fazendo conosco. Não vamos ficar de braços cruzados, lutaremos até o fim, pela vida e para que haja justiça". Contra as políticas paternalistas e de extermínio dos Estados, pela autonomia e autodeterminação dos povos nativos em oposição ao capitalismo, reivindicamos todo direito à terra para os povos indígenas.

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