Racismo no Brasil: Um câncer social
A chegada dos invasores europeus, principalmente dos portugueses ao território hoje brasileiro, significou o início de um processo extremamente brutal e violento. Cruéis, covardes, traiçoeiros, estupradores e assassinos, deixaram para trás um legado de terror, sem precedentes na história da humanidade.
Racismo no Brasil: Um câncer social
A chegada dos invasores europeus, principalmente dos portugueses ao território hoje brasileiro, significou o início de um processo extremamente brutal e violento. Cruéis, covardes, traiçoeiros, estupradores e assassinos, deixaram para trás um legado de terror, sem precedentes na história da humanidade.
O saldo dessa prática genocida foi de aproximadamente 4,7 milhões de indígenas (os povos originais destas terras) mortos e 6 milhões de africanos seqüestrados e assassinados, na nova terra “descoberta” pelos europeus, que depois chamaram de Brasil. E talvez tenha sido esse o feito mais heróico do colonizador branco europeu, destruir a dignidade, a cultura e a religião, escravizar e assassinar o povo negro e indígena.
Contudo todas as formas de opressão utilizadas pelos colonizadores não foram aceitas de forma pacífica e dócil, como eles queriam que fossem e a historiografia oficial tentou fazer-nos acreditar. O povo preto e indígena lutou e resistiu brava e heroicamente, prova disso foram os quilombos, as revoltas, insurreições e tantas outras formas de resistência, talvez sendo esta a parte mais linda de nossa história.
Porém toda luta de nossos ancestrais ainda não bastou para derrotar o inimigo e a violência continua nos dias hoje, a mesma elite “cara-pálida” que há mais de 500 anos pisaram seus pés em nossas terras dão continuidade ao seu crime, ontem eram senhores de engenho hoje são burgueses engravatados e políticos entreguistas. Continuamos uma “colônia de exploração” só que agora da metrópole imperialista yanque. A violência policial (dos modernos capitães-do-mato) mata os jovens negros da periferia, as mulheres e meninas pretas (muitas das quais empregadas domésticas) continuam sendo estupradas, agora pelos “patrãozinhos”. Somos nós, o povo preto e mestiço (muitos por conta dos estupros dos “sinhôzinhos”) a maior parte da população brasileira, mas não temos acesso a saúde, a moradia e a educação, jogados nos guetos ou nos presídios (que são verdadeiros campos de concentração) somos a maioria imensa dos desempregados, miseráveis e indigentes deste país, que foi construído com o suor e o sangue de nossos ancestrais.
A ideologia do branqueamento e o totalitarismo branco, onde o negro tenta ser menos negro e se aproximar da brancura dos poderosos também é parte do racismo sistemático, aperfeiçoado e covarde da elite branca e do estado burguês, que tem a grande mídia do seu lado (e não poderia ser diferente), reproduzindo padrões europeizados de beleza e pensamento. E o fruto disso é “a preta linda que não olha no espelho, tem vergonha do nariz, da boca e do cabelo”.
Processo este (de branqueamento) que se iniciou ainda no século 19, com o incentivo do governo brasileiro para importação de mão-de-obra estrangeira, principalmente para o trabalho nas lavouras após a “abolição” da escravatura, e os negros ex-escravos foram jogados nos guetos, sem trabalho, educação e acesso a qualquer serviço público básico (que libertação, hein!!!).
Processo que acabou também por trazer o anarquismo, enquanto ideologia (enquanto método de luta e organização e não dogma - é bom lembrar) para nossas terras, que chegou com os trabalhadores imigrantes europeus, vindo da mesma terra do colonizador, mas que veio com o povo oprimido de lá, e tinha os mesmos inimigos que o povo oprimido daqui.
E foi a serviço da burguesia e do estado racista, que intelectuais vendidos como Gilberto Freyre e Nina Rodrigues construíram o mito da “democracia racial” e do “país mestiço” a fim de liquidar a nossa identidade afro-indígena. E Ruy Barbosa, símbolo da elite racista brasileira, queimou os arquivos da escravidão, segundo ele para “acabar com o passado negro do Brasil”.
Mas a supremacia branca, o estado burguês e a elite racista que se perpétua no poder desde a invasão colonial, devem ser combatidas de frente, pelo povo em luta, pelos movimentos sociais classistas e combativos, com uma forte identidade racial e cultural, até que tenhamos justiça, até que a babilônia caia e o poder branco e burguês voe em estilhaços e possamos reconstruir Palmares, Canudos... o socialismo e a liberdade, passando inicialmente pela construção de nossa auto-estima e pela conquista dos direitos básicos, dignidade e respeito ainda negados à população afro-descendente. Pela reparação imediata!
Poder Para o Povo Preto!
Anarquismo é Luta!
Nossa sincera e humilde homenagem ao combatente negro afro-americano Malcom X, assassinado em 21 de fevereiro de 1965. Hoje mais vivo do que nunca!
Por Vermelho e Negro, pró-grupo anarquista organizado
Texto foi produzido para a edição n° 11 (fevereiro/2006) do jornal Pétala Negra. Editado pela Organização Socialista Libertária de São Paulo (OSL/SP), com o apoio dos grupos e organizações do Fórum do Anarquismo Organizado – Brasil.
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