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comunicado de imprensa
Thursday July 05, 2012 07:40 by Federação Anarquista Gaúcha - FAG
Para que nunca mais aconteça! Resultado de uma conspiração que envolveu setores empresariais, a grande imprensa, setores religiosos conservadores e militares, a ditadura civil-militar que se iniciou em abril de 1964 cumpriu o objetivo das elites econômicas e políticas de nosso país de calar as lutas dos trabalhadores que vinham se desenvolvendo com vigor no campo e nas cidades, pautando uma série de reformas estruturais com o intuito de garantir maiores direitos e condições de vida mais dignas aos oprimidos. Há 48 anos do Golpe Militar: Memória, Verdade e Justiça!Para que nunca mais aconteça!Resultado de uma conspiração que envolveu setores empresariais, a grande imprensa, setores religiosos conservadores e militares, a ditadura civil-militar que se iniciou em abril de 1964 cumpriu o objetivo das elites econômicas e políticas de nosso país de calar as lutas dos trabalhadores que vinham se desenvolvendo com vigor no campo e nas cidades, pautando uma série de reformas estruturais com o intuito de garantir maiores direitos e condições de vida mais dignas aos oprimidos. Entre essas reformas, a reforma agrária ocupava um local de destaque, provocando a ira dos privilegiados. A ditadura, que se estendeu até 1985, marcou um período onde o Estado brasileiro montou todo um aparato terrorista com a finalidade de perseguir, prender, torturar, sequestrar, assassinar e até desaparecer com os corpos de diversos companheiros que ousaram lutar contra as mazelas sociais e mais especificamente, contra a ditadura. Uma geração de militantes camponeses, sindicalistas, estudantis, artistas e intelectuais foi trucidada pela repressão que, por sua vez, contou com um apoio direto de muitos setores civis oriundos das elites políticas e econômicas, que se beneficiavam com a perseguição sistemática aos lutadores. Passados 48 anos desta triste página de nossa história sentimos a forte presença de seu legado em nosso país. Ainda hoje não temos o esclarecimento exato da maioria dos acontecimentos do período; militantes seguem desaparecidos sem nunca termos tido notícias sobre o seu paradeiro e em que condições foram assassinados; torturadores seguem impunes e gozando de inúmeros privilégios, como aposentadorias milionárias, presença em cargos importantes em empresas e no Estado e inclusive sendo homenageados com seus nomes em ruas, escolas, praças, etc. Essa impunidade, e pior, essa homenagem aos ditadores faz com que pouco ou nada seja feito para acabar de uma vez por todas com os resquícios da ditadura em nosso cotidiano. Podemos ver isso nos sistemáticos assassinatos a jovens pobres e negros nas periferias, a tortura que segue presente, inclusive em escala maior, nas delegacias de polícia e a criminalização e repressão às lutas sociais (Corumbiara, Eldorado dos Carajás, Felizburgo, Sonho Real, Pinheirinho, Eltom Brum, só pra citar alguns poucos). Há um pouco mais de 1 mês o governo brasileiro finalmente nomeou a “Comissão da Verdade” com o objetivo de esclarecer estes trágicos acontecimentos. Somente agora se inicia um processo, ainda tímido e vacilante, de esclarecer os acontecimentos, isso passados mais de duas décadas de uma transição pactuada com os carrascos da ditadura, que garantiu uma das maiores aberrações existentes em nosso país: uma auto-anistia para os responsáveis pelo terrorismo de Estado. A Comissão da Verdade, por sua vez, apresenta não apenas diversas limitações, como não reivindicar justiça para os crimes hediondos praticados por aqueles impostores que oprimiram o país desde o pau-de-arara, mas também apresenta inaceitáveis vacilações, como a proposta defendida por alguns de seus membros de se investigar os “crimes cometidos pela esquerda” durante esse período e a extensão do período a ser investigado, que vai de 1948 a 1988. Além de resistir ao terrorismo de estado, aqueles que em um ato de dignidade aderiram a luta armada foram, em sua maioria, presos, julgados em tribunais de exceção, torturados, assassinados e muitos seguem desaparecidos. Querer iguala-los à maquina de tortura, sequestro, assassinato e desaparecimento do Estado é no mínimo um ato covarde e desleal daqueles que buscam igualar forças por si só muito desiguais e escondem por detrás desta “teoria dos dois demônios” seu envergonhado apoio à ditadura. Infelizmente a Comissão já começou os seus trabalhos com provocações desde alguns de seus próprios quadros, como é o caso de Gilson Dipp, ex-ministro do STJ, responsável pela defesa do Estado brasileiro quando este esteve sendo julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos pelos crimes da ditadura. Dipp mostrou-se um contumaz e decidido defensor dos algozes de diversos de nossos companheiros torturados, assassinados e desaparecidos. Hoje, esse mesmo elemento arrota aos quatro cantos a necessidade da comissão investigar os “crimes da esquerda”. Por sua vez, a absurda extensão do período a ser investigado é outra parte do jogo que conspira no sentido de desviar o que deveria ser o objetivo principal da comissão: a ditadura civil-militar de 1964-1985 e os responsáveis militares e civis por este período de terror que se abateu em nosso país. Estas limitações e vacilações da recém criada Comissão da Verdade nos leva a ter uma postura cética em relação aos seus desdobramentos, embora acreditamos que ainda com todos estes problemas sua instalação já marcou um relativo avanço em relação a essa histórica pauta relacionada aos direitos humanos e a própria história da classe trabalhadora e da esquerda brasileira, que foi pautar o tema na sociedade, levando a ira os sádicos impostores, que torturam, estupraram, assassinaram e desapareceram com inúmeros companheiros e companheiras. Cabe a nós, enquanto esquerda agitar essa pauta em todos os espaços onde estamos inseridos, organizando atos e tencionando o debate no sentido de repudiar a “teoria dos dois demônios” e exigir para além da verdade e da memória, a justiça; que todos os responsáveis pela ditadura sejam punidos e que tenhamos definitivamente esclarecidos as circunstâncias da morte e desaparecimento de nossos caídos, assim como o aparecimento de seus corpos. Não será em articulações institucionais que seremos capazes de conquistar definitivamente a justiça, mas sim a partir de nossa força nas ruas, nos locais de trabalho, estudo e moradia. Transformemos a luta por memória, verdade e justiça em uma autêntica luta de classes! Em memória a todos nossos caídos! Não esqueceremos... Jamais perdoaremos! Punição aos culpados! Federação Anarquista Gaúcha |
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