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Revista "Socialismo Libertário" num. 1

category brazil/guyana/suriname/fguiana | movimento anarquista | link para pdf author Saturday June 02, 2012 21:41author by Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) Report this post to the editors

Lançamento de revista da CAB

Em junho de 2012 a CAB publica o primeiro número de sua revista "Socialismo Libertário". Seguem abaixo o sumário e o editorial da revista com os links para os artigos na internet. O donwload da revista em PDF também pode ser aqui realizado. [English] [Italiano] [Ελληνικά]
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Revista "Socialismo Libertário" num. 1


Em junho de 2012 a CAB publica o primeiro número de sua revista "Socialismo Libertário". Seguem abaixo o sumário e o editorial da revista com os links para os artigos na internet. O donwload da revista em PDF também pode ser aqui realizado.

Revista Socialismo Libertário num. 1
Baixe aqui a revista em PDF

Sumário:



Editorial


Há 150 anos, homens e mulheres aspiraram à união e à coordenação internacional do incipiente movimento operário, para, através do federalismo e da livre associação, reunir a força necessária para golpear e derrubar o capitalismo. Durante esse processo, os anarquistas estiveram presentes e constituíram parte significativa desse esforço militante.

Estivemos nas barricadas da Comuna de Paris, em 1871, nas experiências comunais das revoltas na Macedônia, em 1903, nas lutas e nos sonhos criados pela Revolução Mexicana de 1911, nos combates encarniçados da Revolução Russa, de 1917. Aspiramos e construímos nossos sonhos libertários durante a Revolução na Manchúria (1929-1931), a Revolução Espanhola (1936-1939) e a Revolução Cubana, de 1959. Mais tardiamente, estivemos nas universidades e fábricas nos acontecimentos do Maio de 68 e nas lutas contra as ditaduras da América Latina. Fizemos parte da Primeira Internacional (1864-1877), da Segunda Internacional (1889-1916) e da Internacional Anarco-Sindicalista, de 1922. Impulsionamos sindicatos de intenção revolucionária e organizações anarquistas nas Américas, na Europa, na Ásia, na África e na Oceania. Temos mantido permanentemente, desde o surgimento do anarquismo, nossa presença em meio às lutas sociais nos cinco continentes.

Em solo nacional, nos misturamos, desde a Primeira República, aos combates classistas nos bairros, nas ruas e nas fábricas, sempre com a utopia da transformação radical sublinhando nossas ações. Há 100 anos, no estado de São Paulo, militantes operários decidiram dar um basta à educação vigente, elitizada, restrita e a serviço do pensamento dominante; unindo pensamento e ação, plantaram as sementes das escolas modernas. Cinco anos depois, o movimento operário realizou uma greve geral em vários estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Tais mobilizações, ocorridas em 1917, há 95 anos, também contaram com a presença da militância anarquista, que ajudou a constituir o que chamamos hoje de luta sindical. Os anarquistas também construíram espaços específicos para o debate de suas questões, para estabelecer acordos, analisar a realidade em que viviam, produzir declarações públicas e planejar suas ações. Esse foi o caso dos grupos anarquistas formados no início do século, tais como a Aliança Anarquista do Rio de Janeiro, em 1918 – que teve vida curta, atingida duramente pela repressão – e o Partido Comunista (libertário), de 1919. Esta iniciativa organizacionista, recorrente, jamais foi apagada pelo tempo. No contexto da redemocratização (depois do Estado Novo getulista), os anarquistas brasileiros, após anos de ditadura, tentaram, apesar das dificuldades, reorganizar-se numa Federação Anarquista de âmbito nacional. Atuam neste período, de 1946 a 1959, a União Anarquista de São Paulo, a União Anarquista do Rio de Janeiro, o grupo anarquista Ácratas do Rio Grande do Sul e individualidades de outros estados.

Nesse processo, há 55 anos foi realizada a Conferência Anarquista Americana, em Montevidéu, no Uruguai, contando com a presença de delegados do Brasil, da Argentina, dos Estados Unidos, do Paraguai, do México e do próprio país sede, servindo como um desses espaços para a articulação e o fortalecimento do anarquismo.

Todas essas iniciativas demonstram a vontade histórica dos anarquistas de se organizar para intervir com maior vigor no terreno da luta de classes: se há luta, há resistência; se há dominação, há organização e vontade de transformação social.

Hoje, neste pedaço de terra da América Latina chamado Brasil, no décimo aniversário do Fórum do Anarquismo Organizado (FAO), nós, organizações anarquistas que constituímos parte do FAO, humildemente damos continuidade às aspirações, aos sonhos e às lutas de milhares de mulheres e homens que viveram para aportar grãos de areia na construção de outra sociedade, socialista e libertária. São 10 anos de uma caminhada que, ainda que modesta, julgamos conseqüente, com todas as dificuldades e desafios que implicam tal intento. Temos buscado a construção de uma organização nacional, desde baixo, construída pela base, de forma sólida e madura, nesse imenso e diverso território, sem nunca perder do horizonte o objetivo da revolução social.

No Brasil, parte de nossa geração, privada do contato com os nossos “velhos” combatentes, teve de se apoiar, em grande medida, em suas próprias realizações. Somos fruto de anos de debates e articulações que visaram reorganizar o anarquismo brasileiro, para que ele pudesse incidir nas lutas de seu tempo. Somos fruto das iniciativas que buscaram formas distintas de associação e organização de classe, experimentos e experiências de contracultura, com todas suas contradições e limites. A depender da região, somos fruto do contato direto com gerações mais antigas do anarquismo, cujo esforço jamais pode ser esquecido. Somos, enfim, uma geração de jovens que começou a militar entre os anos 1980 e 1990 e que, a partir de então, assumiu para si a tarefa de atualizar o anarquismo, visando constituir uma ferramenta de luta, a partir de organizações específicas anarquistas inseridas socialmente, que contribuísse com a construção de um horizonte de auto-organização e emancipação das classes oprimidas.

O contato que, em 1994, foi travado com a Federação Anarquista Uruguaia (FAU) e, conseqüentemente, com toda sua história – desde 1956, a FAU atuou ininterruptamente, parando apenas quando boa parte de seus militantes foram presos, mortos, seqüestrados ou desaparecidos –, foi marcante neste processo. As relações políticas com a FAU foram decisivas para a opção que fizemos em relação ao modelo de organização especificamente anarquista que hoje adotamos.

Por razão dessas relações, a Federação Anarquista Gaúcha (FAG), do Rio Grande do Sul, foi fundada, em novembro de 1995; e, desde então, o intento conjunto se fortaleceu com outras organizações posteriormente fundadas. O projeto de construção de uma organização nacional anarquista, fundamentada no modelo organizativo da FAU, foi impulsionado no Brasil por um processo que ficou conhecido como Construção Anarquista Brasileira. A primeira tentativa nesse sentido foi a fundação, em 1997, da Organização Socialista Libertária (OSL), com núcleos no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Pará, que terminou se revelando uma iniciativa precipitada.

Em 2002, uma nova tentativa, pautada em grande medida no acúmulo das experiências anteriores, decidiu criar um fórum, o FAO. Era um passo inicial, que tinha por objetivo permitir o acúmulo necessário de debates, de acordos e de experiências práticas, para a fundação de uma organização anarquista nacional. A lição dos anos 1990 tinha sido aprendida: não podíamos começar a “construir uma casa pelo telhado”.

Desde a fundação do FAO, algumas organizações deixaram de existir e outras se consolidaram e vêm sendo decisivas para esse esforço coletivo: o Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares (CAZP), de Alagoas, que comemorou em abril seus 10 anos; a Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ), que já vai para seus 9 anos e a Organização Anarquista Socialismo Libertário (OASL), de São Paulo, que vai para seu 3º ano de atividades.

Outras organizações vêm aos poucos se somando ao processo e mantendo proximidade com o FAO, estreitando os laços orgânicos: o Coletivo Anarquista Bandeira Negra (Santa Catarina), o Coletivo Anarquista Luta de Classe (Paraná), o Coletivo Mineiro Popular Anarquista (Minas Gerais), a Organização Resistência Libertária (Ceará), o Coletivo Anarquista Núcleo Negro (Pernambuco), o Coletivo Libertário Delmirense (Alagoas) e outras iniciativas, que estão em processo de nucleamento ou de articulação.

O aniversário de 10 anos do FAO é especial para nós, já que, há mais de um ano, temos debatido e apontado a necessidade de darmos um passo a mais na direção do nosso projeto nacional. Queremos avançar, porém, sem tirar o pé do chão, no sentido de proporcionar uma maior organicidade entre as organizações e de responsabilidades e compromissos mais profundos. Para isso, decidimos passar de um fórum para uma coordenação: o FAO, por razão desse ganho de organicidade conquistado nos últimos anos, se torna a Coordenação Anarquista Brasileira (CAB). Assim, maiores esforços se fazem necessários, e a responsabilidade que assumimos com esse passo também é grande. No entanto, as aspirações, os sonhos e a vontade que temos de construir outra sociedade, em que nós, classes oprimidas, sejamos donas de nossos próprios destinos, é tamanha, que não nos intimidamos.

É por isso que, nesse 10º aniversário do FAO, data do congresso de fundação da CAB, reafirmamos nosso compromisso militante de nos somar na construção de um povo forte, que ponha abaixo o sistema de dominação capitalista a partir da luta direta, pela base, da construção federativa de nossas próprias instâncias de auto-organização, de autogestão e de democracia direta. Amparados nas experiências históricas daqueles que nos precederam, comemoramos a fundação da CAB como mais um importante passo na presença do anarquismo nas lutas sociais contemporâneas.

Neste primeiro número da revista Socialismo Libertário, apresentamos um texto com nossas concepções sobre o poder popular, tema que julgamos essencial. Esperamos ter condições de, nos próximos números, aprofundar questões teóricas, estratégicas e conjunturais, de maneira a estimular esse processo nacional.


Em memória aos milhares de militantes anarquistas que fizeram história!
Em memória aos oprimidos e às oprimidas, de ontem, hoje e sempre!
Viva a revolução social! Viva a anarquia!
Rumo à organização nacional!

Coordenação Anarquista Brasileira.

Junho de 2012

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