«Numa guerra, a primeira baixa é a verdade»

norte da África | imperialismo / guerra | opinião / análise Tuesday March 22, 2011 18:13 by Manuel Baptista - P.A.G.A.N. manuelbap2 at gmail dot com

( nota a título pessoal)

Um reflexão pessoal sobre a guerra e o imperialismo

Também não serve de nada tentar revestir a figura de Cadafi, um louco sanguinário, das roupagens de um herói que defende a independência do seu país. Cadafi tinha-se vendido às potências capitalistas mundiais para conseguir obter um escoamento do gás e petróleo líbio, depois de saldar com a GB a questão do atentado de Lockerbie.

A motivação do imperialismo é múltipla:

• assegurar que o petróleo e gás continuam a afluir à Europa
  
• conseguir que se estabeleça um regime pró-ocidental na Líbia
  
• possibilitar que as revoltas populares que eclodiram no mundo árabe sejam dominadas pelos elementos mais pró-ociendais, com vista a instalar aí governos «moderados», capazes de estabelecer com eles uma relação privilegiadal.
  
• mostrar ao mundo inteiro que eles, imperialistas, são os polícias mundiais e que sem eles os povos seriam impiedosamente esmagados, como já fizeram crer na aventura do Afeganistão (para« libertar» as mulheres dos Taliban, do obscurantismo, da «burca» ... diziam eles) e no Iraque («libertar» o mundo do Sadam, ex-amigo do ocidente na luta contra o Irão, que tinha- diziam eles- acumulado em segredo armas químicas e outras, para chantagem, etc)
  
• obter um «espevitar» da economia capitalista (keynesianismo de guerra), submersa em grave crise, da qual não se vê um fim, à custa de uma guerra. A guerra com a enorme drenagem de recursos, não apenas bélicos, como de todos os necessários à reconstrução, «salva» o capitalismo agonizante do colapso iminente ou - pelo menos - retira-o de um marasmo do qual não se via o fim. Foi já feito isso com as guerras do Iraque e Afeganistão.
  
• o objectivo em termos económicos é simples de se perceber: o público dos países do «centro» paga parcialmente os custos de guerra (desmantelamento dos sistemas de segurança social, de saúde pública, educação pública...), mas sobretudo as populações «libertadas», graças a privatizações que irão reforçar as grandes corporações. Ou seja, os desapossados pagam os instrumentos da sua própria sujeição.