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Não seremos nós pela construção de um verdadeiro programa revolucionário ?

category internacional | movimento anarquista | debate author Thursday February 15, 2007 21:52author by Manuel Baptista - Colectivo "Luta Social; AC-Interpro (a título pessoal)author email manuelbap at yahoo dot com Report this post to the editors

O movimento anarquista e revolucionário não foi protagonista de uma tentativa séria de construir um programa revolucionário, desde há muito tempo.


Temos de compreender que o nosso discurso e o nosso vocabulário são estranhos para a enorme maioria dos trabalhadores…

Mas isto não prova que tenhamos que reformular profundamente os conceitos sobre o socialismo, a revolução, a luta de classes e outros assuntos relacionados. Pelo contrário, há muitos casos em que as nossas intuições ou análises científicas foram confirmadas como as mais adequadas, embora desprezadas pela esquerda autoritária ou ignoradas e depois plItaliano: agiadas não dando – claro - o crédito devido aos seus verdadeiros autores.

Isto quer dizer que temos fundamentalmente razão na maior parte das questões, mas –apesar disto – não conseguimos comunicar de maneira que as nossas teorias e análises sejam bem compreendidas pelo público mais vasto.

E verdade que ficámos confinados a um gueto durante decénios, mas também é verdade que na última década, mais ou menos, vivemos um renascimento em muitos países, quebrámos o muro do silêncio e podemos falar quase livremente na maioria dos países ricos e nalguns países ditos do «Terceiro Mundo».

Mas para se ir além deste ponto, temos de nos munir, urgentemente, de alguns novos instrumentos. Um deles, estou convicto, é um programa comum internacional, que possa juntar sob a nossa bandeira, não apenas os que já partilham grande parte ou a totalidade das nossas ideias, como –sobretudo –daqueles milhões de trabalhadores que – até agora - não conhecem verdadeiramente nada das nossas posições.

Este é o motivo porque vos escrevo esta carta à vos todos/todas, porque estou profundamente convencido de que seria muito positivo se os nossos colectivos locais aderissem a uma discussão sobre um programa, dizendo que deveria ser o seu conteúdo e como pô-lo em prática, nas condições muito diversas de cada país.

Parece-me que Anarkismo.net é um local ideal para isso e que é igualmente o momento oportuno para lançar o debate sobre este assunto.

O movimento anarquista e revolucionário não foi protagonista de uma tentativa séria de construir um programa revolucionário, desde há muito tempo. A última tentativa séria foi a que levaram a cabo (e falharam, num certo sentido) os autores da «Plataforma de Organização». É evidente que as condições hoje são totalmente diferentes da segunda metade da década de 1920 e continuamos com grandes incertezas sobre muitas questões. Porém, todos esses pontos devem ser clarificados de tal modo que assumamos o desafio do comunismo libertário enquanto parte activa nas lutas do século XXI.

Abaixo, alguns pontos que – penso - deveriam ser fecundamente abordados pela referida discussão:
- Queremos verdadeiramente a revolução. Devemos saber precisamente do que estamos a falar.
- Sabendo que os métodos das forças da opressão são cada vez mais sofisticados, quais são os meios de os contrariar e vencer, por métodos revolucionários anda mais sofisticados.
- Mas sabemos também que – para que uma revolução triunfe – é necessário igualmente um trabalho construtivo de instituições nossas ou mais gerais da classe, sabendo desempenhar o seu papel na luta de classes.
- E, finalmente, somos muito profundamente ligados a uma mudança duradoura na sociedade, porque sabemos das enormes vantagens ao nível individual, de grupo e da Humanidade no seu todo, que serão trazidas por essa mudança. Devemos descrever algumas variáveis da futura organização da sociedade, mesmo se não temos – e não queremos ter- qualquer coisa que se pareça com um «modelo».

Mesmo se não estais de acordo com as formulações acima, podeis estar no entanto de acordo comigo para considerar que é chegado o momento de iniciar esta discussão.

Não se pode ignorar que um tal programa, caso exista, aceite por uma vasta maioria dos colectivos comunistas libertários do mundo, iria multiplicar as nossas capacidades de organização, melhorar as nossas estratégias de luta, etc.

Podemos programar encontros sobre este assunto, podia-se mesmo convocar um congresso, se for estimado que merece o esforço e que seja assumido por um número significativo das nossas organizações.

Aguardando a vossa resposta,

solidariamente,

Manuel Baptista
(a título pessoal)
Colectivo «Luta Social» e Sindicato «AC-Interpro»

in English:
http://www.anarkismo.net/newswire.php?story_id=4793

Italiano:
http://www.anarkismo.net/newswire.php?story_id=4905

author by Marco Montenegropublication date Sat Feb 17, 2007 03:48author email riottheghost at riseup dot netauthor address author phone Report this post to the editors

Essa discussão já tempera muitas intervenções. Fica aqui uma dessas intervenções pelo Andrej Grubacic http://www.zmag.org/content/showarticle.cfm?ItemID=2991

De qualquer maneira creio que seria util primeiro começar por criar um forum anarquista em portugal.

Por um anarquismo verdadeiramente revolucionário...

Marco Montenegro

author by Manuel Baptistapublication date Sun Feb 18, 2007 03:57author address author phone Report this post to the editors

Marco, aquilo que Andrej Grubacic propõe - envolto na visão histórica dele - é uma espécie de fórum sincrético onde têm lugar todos os que no fundo se auto-classificam como «anarquistas». Este tipo de sincretismo já deu o que tinha a dar, vidé a inexistente (na prática) IFA, resultante da justaposição de federações nacionais, as quais se norteiam pela chamada «síntese». Ou seja, um sincretismo.
Aquilo que proponho é antes no seguimento de uma tradição do anarquismo social, de luta de classes, com o melhor dos diversos movimentos que enformam esta corrente ampla: o anarco-sindicalismo ou sindicalismo revolucionário, o comunismo libertário, as instâncias autónomas que têm levado a cabo o movimento okupa, etc...
Estes tipos de anarquismo social podem coalescer numa internacional, sim, mas apenas depois de um debate aprofundado sobre um programa geral. Só assim se poderão desfazer equívocos e ambiguidades.
Precisamos de organizações locais, regionais e internacionais de luta e que ofereçam uma «montra» ... mas não uma «montra eclética», uma montra coerente e articulada.

author by Aipotupublication date Thu Mar 01, 2007 19:13author email aipotu_ak at riseup dot netauthor address author phone Report this post to the editors

Penso que o diálogo internacional não deva ter como pressuposto a consistência de movimentos regionais.

Se tivéssemos meios para uma organização internacional, esta com certeza somaria esforços aquelas de âmbito regional que ainda careçam de uma organização efetiva.

A construção do anarquismo não pode ser pensada em termos evolucionistas, em que hajam etapas necessárias e lineares em seu processo.

Podemos aprender muito com a experiência de outros coletivos distantes, de ações do passado e a união de esforços para um projeto futuro.

author by Manuel Baptistapublication date Fri Mar 02, 2007 13:34author address author phone Report this post to the editors

Ao lançar o debate...omiti conscientemente qualquer referência a uma organizção internacional, chame-se ela «internacional», «coordenaçã», «plataforma», etc...
Mas é evidente porquê: são dois estádios diferentes.

1º é preciso nos convencermos que realmente por debaixo de etiquetas mais ou menos iguais ou semelhantes, há propósitos comuns...
ou seja um programa comum, dito de outra maneira!
2ºapós termos chegado a esse ponto crítico (verificarmos a comunidade de interesses) só então poderemos nos lançar na tarefa organizativa de um a nova «internacional» propriamente.
Pois fazer o contrário, além de autoritário, seria ineficaz.

 
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