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Eleições Parlamentares Palestinianas: A Vitória do Hamas

category mashriq / arabia / iraq | imperialismo / guerra | opinião / análise author Friday February 03, 2006 01:41author by Ilan Shalif - Anarchists Against the Wall (personal capacity) Report this post to the editors

O esquema maquiavélico do Nazionismo faz ricochete

Um comunista anarquista de Israel faz uma breve análise das eleições para o parlamento palestiniano que resultaram na derrota do partido antes maioritário (a Fatah) tendo vencido o fundamentalista Hamas, que concorreu sob o lema de "Mudança e Reforma".


Eleições Parlamentares Palestinianas

A Vitória do Hamas

O esquema maquiavélico do Nazionismo faz ricochete

A elite governante de Israel, que estava a contar com a boa vontade da OLP e da Fatah para um compromisso em ordem a deixá-los ter alguns dos territórios ocupados na guerra de 1967 (se pressionados durante tempo suficiente), fez um erro de cálculo. Uma parte desses esforços enfraquecidos incluíam o favorecimento do fundamentalista Hamas, que supostamente iria sustituir a tendência nacionalista por uma agenda religiosa. Os efeitos desta estratégia levaram, simplesmente, a um enfraquecimento da corrupta autoridade palestiniana, para níveis demasiado graves para serem controlados, dando ao contrário aos israelitas um governo do Hamas, mais fundamentalista e menos corruptível, que adoptou uma fundamentalista e activa luta contra a ocupação, sob um prisma religioso (o extremismo nacionalista da religião não se confina à religião Judaica...).

O sistema capitalista moderno depende da classe capitalista que controla a burocracia de Estado. Quando o sistema capitalista é imposto pelos ex-governantes coloniais, sem uma classe capitalista suficientemente forte, a burocracia de Estado ou os militares de alta patente tomam o controlo. No caso dos territórios palestinianos devolvidos para serem administrados pela burocracia e força militar da OLP no regresso, não havia influência moderadora de uma classe capitalista forte e local. Portanto, os funcionários de alto nível entre os retornados serviram-se da corrupção para se enriquecerem e subornaram os funcionários mais baixos para garnatirem a sua lealdade. A classe trabalhadora e os camponeses podiam apenas invejar a nova elite governante corrupta. Este sistema não podia funcionar correctamente pois não era independente das forças de ocupação israelitas, que favoreciam o crescimento do fundamentalista Hamas.

Então o Hamas, que distribuiu muito auxílio aos mais necessitados, também através das ONGs por eles controladas em áreas tais como cuidados médicos, educação e serviços sociais, comportava-se num modo que parecia ser não-corrompido, assegurando assim muita simpatia e votos, mesmo de gente que não se podia considerar fundamentalista.

Pelas sondagens sobressai que os votantes da Fatah e do Hamas não diferiam assim tanto em relação ao nível do seu fervor religioso. Mas existiam duas outras razões não relacionadas com a religião que fizeram as pessoas votar no Hamas: a primeira, foi como punição da corrupção dos líderes da Fatah e a outra em apoio a uma luta mais sistemática com Israel.

Além disso, a Fatah estava muito desorganizada em resultado de conflitos internos e de assalto constante das forças de Israel, e tão afectada por rivalidades internas que o Hamas conseguiu aumentar o número de deputados para além do que os seus fiéis votantes normalmente permitiriam.

O Hamas em si mesmo não é monolítico. A principal motivação dos seus principais activistas é de promover a religião Islâmica, por isso usaram uma militância nacional extremada durante vários anos. Porém, há muitos que estariam de acordo em chegar a compromisso com Israel e poderes imperiais em ordem a manterem-se no topo, ou enquanto factor importante.

Não é por acaso que, num município onde o Hamas obteve o controlo do conselho municipal há um ano, apenas foram eleitos os candidatos da Fatah, ou que na pequena aldeia de Bil'in em que o comité popular nacionalista tem feito um bom trabalho na luta contra o muro, a Fatah obteve mais 20 votos que o Hamas.

O Hamas alcançou cerca de 42.9% do total dos votos nas actuais eleições palestinianas. Porém, devido à desorganização da Fatah, e ao processo eleitoral - metade (66 lugares) eleitos em voto proporcional e metade por região (66) - obtiveram 56% dos lugares no parlamento palestiniano. Agora, têm de decidir (ou separar-se) se querem usar o seu novo poder para promover o seu fundamentalismo servindo-se do sistema da Autoridade Palestiniana e parar a resistência militar em troca de uma legitimação aos olhos dos principais estados capitalistas.

Ilan S.

Artigo escrito para Anarkismo.net

Tradução por Manuel Baptista (Luta Social)

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