(Comunicado da organização Rusga Libertária aos movimentos sociais)
Passamos hoje um momento de crise dentro dos movimentos sociais onde se discute o governismo de várias entidades e a cooptação destas pelos projetos lulistas. Busca-se alternativas para uma nova organização dos trabalhadores que não seja refém de práticas governistas e partidárias. Essa questão acaba passando dentro do CLTP (talvez um dos movimentos sociais mais fortes em Cuiabá nos últimos dois anos).
A unidade na ação e o respeito as variadas concepções políticas dentro do movimento sempre foram debatidos e construidos acordos para poder agrupar pessoas que reivindicassem melhorias no transporte público através do protagonismo popular evitando a utilização do comitê para práticas partidárias buscando aglutinar a população para a luta sincera e necessária frente aos magnatas dos transporte.
Ameaças e ataques a essa unidade e a esses acordos o CLTP vem sofrendo desde o iníco seja por ações da prefeitura seja por parlamentares ou militantes de partidos políticos que buscavam vincular a luta a suas agremiações. No entanto a discussão se agravou quando o e-mail do grupo começou intensamente a ser utilizado para propaganda petista e cutista ação feita por um militante do próprio comitê, Gibran Lachowisk (PT) fazendo avaliações pessoais como sendo do CLTP: "Urgente: Água e Transporte" afirmava categoricamente que: " Popularidade do prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, cai demais.(...) os "culpados" são o CLTP,. o Fórum de Luta Contra a Privatização da Sanecap, o mandato do PT na Câmara de Vereadores de Cuiabá, parte dos movimentos estudantil, sindical, comunitário e religioso." Essa avaliação nunca foi feita pelo CLTP então, não expressa a opinião coletiva e nunca deveria ser enviada pelo o Email do grupo. De forma oportunista ele utilizou do CLTP para dar início a campanha 2008 para câmara de vereadores e prefeitura. Esse tipo de atitude não passou de um certeiro golpe contra a unidade do mesmo, uma vez que é construído por militantes de variadas concepções políticas e feriu deliberações de encontros realizados com todo o conjunto da militância do movimento.
Esse tipo de problema não é nada recente. Desde a sua fundação, o CLTP vem sofrendo com tentativas de golpe visando o seu aparelhamento. Dentre os episódios mais marcantes, podemos destacar a convocação de uma frente única, protagonizada majoritariamente pela Juventude Revolução (Juventude da Corrente Trabalho/PT). Essa tal frente única (formada semanas antes das eleições, no ano passado), aglutinaria movimentos e entidades partidárias como a UJS (juventude do PCdo B) e a UNE, entidades governistas, partidarizadas e que atualmente se encontram totalmente fora do âmbito das lutas legitimamente populares. É importante lembrar que as dificuldades do CLTP à época não implicavam necessariamente a falta de uma suposta frente única. Tal frente única fora realizada em torno da palavra unidade, que como sempre é distorcida pelos oportunistas de plantão nos movimentos sociais. Em nenhum momento negamos o apelo a unidade no CLTP, no entanto sempre chamamos a atenção para como isto deveria ser feito. Avaliamos extremamente crítico se realizar uma pretensa unidade em torno de uma simples bandeira, a unidade deve ser realizada em torno não só de bandeiras, mas sim de princípios e de uma base programática claramente definida e em se tratando de movimentos sociais deve ocorrer na união das entidades que atuam nesse campo e não com partidos políticos eleitoreiros interessados em usar os movimentos para alavancar suas candidaturas. A unidade deve ser feita com um único fim: avançar na combatividade do movimento aglutinando forças para isso. No caso dessa chamada frente única ocorreu o contrario levando ao afastamento de grande parcela de sua base, que não enxerga com bons olhos sua participação em um movimento que tem como objetivo a promoção de futuros parlamentares.
A partidarização e o aparelhamento de movimentos sociais constituem, talvez, os seus principais problemas e são empecilhos para avançar enquanto entidades de luta. Os militantes, no caso, não seguem a linha política proveniente das bases que compõem o movimento e, sim, das lideranças de partidos. Isso provoca a evasão dos trabalhadores que deviam compor o movimento sendo substituídos pelos burocratas e carreiristas(militantes profissionais). A situação se agrava mais quando temos um caso em que o partido o qual aparelha um movimento é o mesmo que esta no poder. Ocorre, então, o governismo. O movimento fica atrelado ao governo, controlado pela linha política advinda de cima pra baixo, e não da base. Exemplo contemporâneo e escrachado disso são as relações CUT/UNE com Lula causando um forte imobilismo nas lutas populares.
Levando em consideração esses fatores, considerando que o governismo, o aparelhismo, a cooptação e o centralismo são nocivos para um movimento e anulam perspectivas de construção de lutas, entendemos à atitude do militante Gibran, como desleal, desrespeitando o CLTP e a todos como militantes. Esses que assim agem são os sectários que querem transformar um movimento amplo em uma luta restrita e parlamentar, esses que ameaçam a unidade, pois rompem acordos coletivos em nome de seu objetivo maior, a chegada do seu partido ao poder estatal. A esses diremos que estamos na luta por um transporte público, de qualidade social e gratuito aonde quer que esteja nossa atuação.
Rusga Libertária - Cuiabá - MT;
Construindo o Fórum do Anarquismo Organizado - FAO Brasil