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Wednesday November 15, 2017 07:37 by BrunoL - 1 of Anarkismo Editorial Group blimarocha at gmail dot com
É preciso caracterizar a ação do imperialismo no século XXI tanto nas chamadas “revoluções coloridas” como em seus efeitos subsequentes, com a internacionalização de empresas nacionais. Vemos como essencial interpretar o conceito de imperialismo globalizado e financeiro. Este se manifesta desde formas mais grosseiras, como uma invasão militar, até o objeto de estudo o qual este texto se vincula, as relações complementares e subordinadas de Transnacionais (TNCs), paraísos fiscais, capital financeiro como forma de acumulação selvagem contemporânea, endividamento securitizado de populações inteiras e a existência de uma soma nefasta de elites orgânicas agindo através de portas giratórias em escala nacional e transnacional, a serviço e se locupletando da versão atual do neoliberalismo. Traçando uma definição de imperialismo na etapa do capitalismo global e financeiro pós-2008Novembro de 2017, Bruno Lima Rocha
Venho trabalhando com o tema da globalização financeira desde agosto de 2008, no auge da “crise”- ao qual denomino farsa com nome de crise – originada pela bolha imobiliária dos EUA e a consequente liquidação de hipotecas sem lastro. A etapa anterior desta pesquisa foi materializada no livro “Desvelando a farsa com nome de crise” (Bruno Lima Rocha/Ânderson Santos, Ver: encurtador.com.br/abPVX). Vale recordar que a de 2008 não foi a primeira “crise” da era pós Guerra Fria embora tenha sido aquela a afetar o planeta após os ataques de 11 de setembro de 2001. A partir daquele momento, decidi dedicar parte do esforço analítico para conectar algumas variáveis fundamentais para a escala de dominação planetária deste mundo pós-2008. É preciso caracterizar a ação do imperialismo no século XXI tanto nas chamadas “revoluções coloridas” como em seus efeitos subsequentes, com a internacionalização de empresas nacionais, a cessão de patrimônio coletivo e a exploração desenfreada de recursos naturais não renováveis. A meta permanente é a financeirização das economias subordinando a vontade soberana de sociedades concretas. Nesta ação conjunta e combinada, a opinião pública é atingida de forma estrutural. A capilaridade da internet e manipulação de Big Data pelos provedores estadunidenses implicam na frágil soberania das sociedades civis latino-americanas. Uma variável de fundamento é o conceito de imperialismo e a necessidade de sua revisão. Estando na América Latina e lecionando na ciência política e nas relações internacionais, automaticamente nos colocamos em uma posição polarizada quanto aos Estados Unidos e as capacidades de projetar outras inserções no Sistema Internacional distantes do eixo anglo-saxão e da Europa unificada. Ao mesmo tempo, a noção realista nos faz evitar qualquer adesão às posições da Rússia, Índia e menos ainda da China. Para nosso caso, observando as relações assimétricas de poder global a partir do Brasil como país líder continental, é possível manobrar dentro de um guarda chuva dos BRICS, mas reconhecendo a existência de um imperialismo chinês em escala global e projeções afins dentro e fora da Eurásia para estas três potências. Com todas estas ressalvas, vemos como essencial interpretar o conceito de imperialismo globalizado e financeiro. Este se manifesta desde formas mais grosseiras, como uma invasão militar, até o objeto de estudo o qual este texto se vincula, as relações complementares e subordinadas de Transnacionais (TNCs), paraísos fiscais, capital financeiro como forma de acumulação selvagem contemporânea, endividamento securitizado de populações inteiras e a existência de uma soma nefasta de elites orgânicas agindo através de portas giratórias em escala nacional e transnacional, a serviço e se locupletando da versão atual do neoliberalismo. Tal sistema de dominação opera através de uma dimensão complementar de inteligência e espionagem eletrônica – e a quebra de sinais, sigint -, o aval jurídico-político e por que não ideológico de mídia especializada (como o papel do “jornalismo” econômico), das agências de análise de “risco”, das recomendações dos organismos ainda originários de Bretton Woods (como o FMI e o Grupo Banco Mundial), dos operadores “nacionais” vinculados aos volumosos e pouco ou nada regulados fundos de tipo hedge e o conjunto de instrumentos de acumulação através do chamado shadow banking. Na ponta, agindo em cada sociedade concreta, observamos a internalização de interesses externos (imperialistas) como nos acordos de Cooperação Jurídica Internacional, os institutos e think tanks da “nova” direita (que se alastram como metástase na América Latina), a captura das instituições do Estado capitalista – diminuindo a pouca margem da democracia de massas – e ampliando tanto os espaços de mercado – marketização –, como a privatização de recursos, empresas e patrimônios coletivos (como as reservas de recursos naturais) e a constante pressão da maior parte do topo da pirâmide de nossas sociedades em serem absorvidas como sócias minoritárias da distopia do capitalismo global com “liberdade e eficiência” de mercado. Na dimensão da meta permanente, o modus operandi em escala mundo, vemos a concentração cada vez maior de TNCs – dentre estas incluem conglomerados chineses, russos, indianos e até há pouco tempo atrás, brasileiros – cuja capacidade de interconexão é inversamente proporcional à preservação dos recursos não renováveis do planeta e os biomas. A internacionalização de cadeias secundárias de suprimentos, a interdependência subordinada de mercados inteiros e sociedades concretas – como na venda no mercado futuro de safras agrícolas e a dolarização de produtos primários – e uma produção científica piramidal onde a circulação de pesquisa cientifica é também inversamente proporcional ao segredo industrial e a capacidade de pesquisa e desenvolvimento com conteúdos nacionais definem um planeta onde os conglomerados de capitais cruzados e controle acionário múltiplo, mas subordinado a centros decisórios externos, aumentam as fragilidades de cada país e fazem da soberania decisória uma meta cada vez mais distante. Este conjunto complexo tem na acumulação selvagem de riqueza através de compromissos de resgate – títulos, papéis, instrumentos financeiros – e depósitos ultramarinos um autêntico cassino global protegido por legislação específica em territórios com jurisdições especiais. São beneficiários deste mecanismo tanto indivíduos como empresas, podendo ser considerado o depósito em “paraísos” a forma contemporânea de enriquecimento. Os valores que acumulam nestas jurisdições evadem tanto do fisco de países – e por tanto não se transformam em políticas públicas ou financiamento do aparelho de Estado – como tampouco aumentam a renda média das sociedades. É justamente o contrário. O modelo de acumulação financeira e a ação do imperialismo em sua etapa de globalização pós-2008 vê o aumento de circulação da “indústria financeira” não regulada, fazendo com que a riqueza não seja sequer oriunda especificamente de exploração de mão de obra e extração de mais valia. O capitalismo atual já não necessita gerar um volume de trabalho vivo e de emprego direto volumoso e sim subordinar as sociedades para fins privados em nome do “crescimento” de alguns setores ou da “estabilidade”. A ausência de trabalho vivo e o sequestro da capacidade extrativa dos Estados aumenta a lacuna de representação e a captura dos bens coletivos pelos entes privados, sendo que seus representantes estão dentro e fora dos governos de turno e das tecnocracias de carreira. Como se observa, a complexidade do imperialismo contemporâneo nos obriga a desafios teóricos e organizativos de vulto. Bruno Lima Rocha é professor de ciência política e de relações internacionais / (www.estrategiaeanalise.com.br para textos e colunas de áudio / estrategiaeanaliseblog.com para vídeos e entrevistas / blimarocha@gmail.com para E-mail e Facebook) |
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Pela lógica da soberania deveríamos simplesmente seguir o caminho inverso, em todos os sentidos: preservar os biomas para, a partir destes, transformar saber popular em produção científica de escala As oligarquias da mundialização financeirizada esgotam a pouca democracia do sistema capitalista Dec 04 0 comments O texto que segue é um exercício que me dispus a fazer e, ao mesmo tempo, um breve aporte teórico para a pesquisa a qual me envolvo e está em andamento (portanto a bilbiografia de referência está na sequência do texto). Abordo abaixo duas correlações evidentes, aliás, nada originais, embora absurdamente ignoradas pelos meios de comunicação hegemônicos e, justiça seja feita, em escala mundo. Trata-se de correlacionar obviedades da boa e viva economia política com as estupidezes, a perigosa propaganda da “Junk Economics”, o “lixo da economia propaladora do neoliberalismo vulgar”, ou simplesmente a “perigosa propaganda do ultraliberalismo financeiro”. Trata-se de um conjunto de mentiras afirmações absurdas, cuja meta permanente é esgotar o pouco de democracia – direitos coletivos conquistados à unha – existente no capitalismo mundializado em sua etapa financeira. As agências de “análise” de risco e a violação de soberanias Nov 08 0 comments As agências de “análise” são empresas privadas dos EUA operando como vetores do cassino financeiro global, gerando a subordinação de sociedades inteiras. Isso ocorre em todos os países do “ocidente” ampliado, sendo que as regiões eurasiáticas sob a influência direta da China, Rússia e Índia conseguem sofrer outras projeções de poder. No caso da América Latina, sofremos hoje uma dupla intervenção, tanto das potências ocidentais – com os Estados Unidos à frente - como da presença chinesa cada vez maior em todas as camadas da economia real. Neste texto, fazemos uma breve digressão no papel de operador político das agências de “análise” na Europa pós-crise de 2008 e depois voltamos ao nosso Continente observando uma das chances desperdiçadas no período anterior. Lavagem de dinheiro e a hipocrisia estruturante do Sistema Financeiro Internacional Oct 15 0 comments O tema da lavagem de dinheiro ganha volume e importância nas ações de Cooperação Juridica Internacional e obedece à agenda de projeção de poder em termos securitários vindo do Império. Iniciando na década de ’80, e desenvolvido em paralelo ao esforço de apoio aos mudjahiddin do Afeganistão lutando contra a ocupação da União Soviética, a circulação de ativos não rastreáveis ocupou a agenda das agências de inteligência, redes de terrorismo, narcotráfico, tráfico de armas e atividades complementares a segurança avançada dos Estados líderes – como em operações de cobertura e financiamento dos contras da Nicarágua, treinando em Honduras. 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