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A política de trabalhadores e estudantes, por trabalhadores estudantes!

category brazil/guyana/suriname/fguiana | workplace struggles | opinião / análise author Monday May 08, 2006 22:44author by CAZP - Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmaresauthor email cazpalmares at hotmail dot com Report this post to the editors

“A emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores”. Tal célebre frase marcou a formação da luta proletária de maneira mais clara e própria, tomando suas primeiras formas e conteúdos na Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), a I Internacional, em 1866


A política de trabalhadores e estudantes, por trabalhadores estudantes!



“A emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores”. Tal célebre frase marcou a formação da luta proletária de maneira mais clara e própria, tomando suas primeiras formas e conteúdos na Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), a I Internacional, em 1866.

De lá para cá muita coisa aconteceu, várias tendências e expressões político-ideológicas se confrontaram, várias experiências de luta os trabalhadores vivenciaram. Organizações de trabalhadores foram construídas, foram dissolvidas, reconstruídas, re-configuradas, enfim, vários são os exemplos que a história nos serve, e é fundamental ter compreensão do processo dinâmico da luta de classes, o que reflete diretamente na organização dos trabalhadores para seus embates. No Brasil, observamos que se o movimento dos trabalhadores, no inicio do século passado, organizava a luta de forma autônoma, pautada na ação direta dos trabalhadores, hoje não se pode dizer o mesmo.

Nas primeiras décadas do século XX teremos o Estado atuando frente ao movimento dos trabalhadores diretamente com a policia, na repressão física, se caracterizando enquanto instrumento armado da classe dominante. Posteriormente, tal relação vai ser modificada com o Estado passando a buscar mecanismos de controle político aos sindicatos, buscando atrelar ao aparato estatal bem como fomentando sindicatos pelegos. A consolidação desta nova forma de lidar com o movimento dos trabalhadores vêm com o Estado Novo e a ditadura de Vargas.

Se em outros tempos do movimento operário se fazia greve geral ou mesmo greve em solidariedade à luta de outras categorias de trabalhadores, hoje estamos submetidos a um movimento bastante fracionado. Se não bastasse, o mesmo foi engolido pelo Estado, estabelecendo com o mesmo, não uma posição de independência e embate, mas sim uma relação assistencialista. Evidente, que do inicio do movimento operário aos dias de hoje, vão-se mais de 100 anos e junto com isso todo um processo de transformação passado pela sociedade brasileira, tanto em seu âmbito econômico quanto político.

A CUT e a UNE, entidades sindical e estudantil que foram referência de luta aos trabalhadores e estudantes na história mais recente dos movimentos sociais, com todas as criticas que se pode fazer, mas sendo um espaço para a articulação e aglutinação de bandeiras comuns e de lutas concretas dos trabalhadores, se perderam. Primeiro em sua burocratização e verticalização, e segundo, o que veio como conseqüência, na adesão descarada ao Governo Lula.

Uma coisa nos parece fundamental: o resgate da autonomia dos movimentos frente ao Estado, bem como aos partidos políticos ou qualquer organização política. Isso, que fique claro, de maneira alguma quer dizer a não participação destes. Porém, se nos organizamos enquanto anarquistas, não é pra outra coisa senão para estar junto com trabalhadores e estudantes, se organizando também enquanto trabalhador e estudante.

Pautar pela organização de trabalhadores e estudantes, de forma autônoma e classista, é um dever nosso e por isso, no atual contexto histórico, deve-se buscar o esvaziamento das entidades governistas, UNE e CUT, construídas pela burocracia sindical e estudantil, as quais representam uma política corporativista e de “pacto social”. A construção de movimentos sociais, entidades de classe etc, que venham a ter uma postura combativa, esta representada muito mais em seus métodos de luta e formas de democracia interna que assume para a conquista de suas vitórias do que em simples fraseologias ocas, é uma tarefa que não podemos nos esquivar. Se reconhecemos que a luta de classes impõe condições sob as quais o proletariado toma parte nela, também compreendemos que ela não define as formas e métodos aos quais pode-se assumir.

Ao invés de acumular votos, é preciso acumular forças, com organização e luta direta. É na experiência prática de luta que se conquista “consciência de classe”, desatrelando-se da política burguês-eleitoreira. Se a emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores, ela deve ser sedimentada em ambiente próprio. Fortalecer a luta em cada local de atuação, denunciando práticas que privilegiam decisões de cúpulas e que tendem a pôr os movimentos na trilha de ilusões eleitorais ou simplesmente que esvaziam seu protagonismo, é o que deve nortear a prática política que identifica nas organizações do povo em luta a posição central para o embate contra o Capital e o Estado, que vê nelas as sementes do Poder Popular. A nós, anarquistas que buscamos atuar de forma orgânica e coordenada, cabe tomar parte nelas com um projeto claro e consistente, ampliando o horizonte de luta e se pondo lado a lado e cara a cara com o povo na incansável luta pelo socialismo, pela liberdade.

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