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Thursday January 10, 2013 06:25 by Colin O - Rochester Red & Black, Common Struggle
Artigo do membro da ‘Rochester Red & Black and Common Struggle’ evidenciando a importância de uma organização anarquista, unitária e classista, a ser proposta numa conferência em fevereiro de 2013, com foco na potencial formação de tal grupo. [English] Uma organização nacional de anarquistas revolucionários nos Estados Unidos?Já se passaram mais de 150 anos de tradição teórica e organizativa do anarquismo; porém, é quase inexistente a influência anarquista nos Estados Unidos da América (EUA). Em alguns contextos locais, até podemos ver uma influência ocasional. Mas a presença anarquista no quadro nacional é praticamente irrelevante. Há alguns anos, vem acontecendo uma conversa de preparação entre alguns anarquistas. Uma discussão que avançou especificamente num grupo de organizações que se uniram, em anos recentes, durante as conferências ‘Luta de Classes Anarquista’ [‘Class Struggle Anarchist Conferences’]. Desde a primeira delas, realizada na cidade de Nova Iorque, em 2008, está cada vez mais claro que estas diferentes organizações apresentam um alto grau de concordância, podendo se fortalecer com uma unificação por meio de uma organização anarquista nacional. Antecipando-se a uma futura conferência dos agrupamentos que desejam fundar esta organização nacional unitária, este artigo é um esforço para reunir os muitos argumentos para explicar por que esta organização é desejável. Além disso, espero mostrar as inspiradoras possibilidades de tal organização para o movimento anarquista mais amplo. Por que uma organização anarquista em primeiro lugar?Já existe uma extensa literatura sobre a questão dos grupos anarquistas específicos e seu papel como organizações revolucionárias. Para aqueles não familiarizados com o tema, a maioria das organizações já envolvidas neste processo são explicitamente influenciadas por tradições plataformistas, sindicalistas, especifistas e de organizacionismo dual. Tais referências reforçam a importância de os anarquistas se organizarem especificamente como anarquistas, a fim de propagar a influência e o entendimento de nossas ideias revolucionárias em movimentos com ampla base social.Visto que muitos anarquistas nos EUA estão cada vez mais influenciados por estas tradições, gostaria de focar especificamente no valor de uma organização anarquista – unificada, nacional e revolucionária. Propaganda de massaUma organização com centenas de membros espalhados pelo país é capaz de difundir as ideias libertárias numa escala maior do que temos visto há décadas no movimento anarquista. Poderíamos administrar e manter jornais radicais, em escala nacional ou regional (tais como ‘Freedom/Libertad’ e ‘Four Star Digest’); além de uma produção teórica mais intensiva (como de ‘Ideas & Action’ e ‘Northeastern Anarchist’). E o mais importante: com os conhecimentos dos anarquistas que trabalham com mídia, poderíamos certamente investir na criação de conteúdo audiovisual de alta qualidade, direcionando-os a um amplo quadro de organizações radicais já em atividade.E, além de simplesmente produzir material de mídia em maior escala e com maior intensidade, também podemos criar espaços para debate de ideias, táticas e estratégias dentro do movimento anarquista. Algo que nos ajude a unificar e coordenar nossos esforços. Solidariedade em escalaQuando anarquistas organizados do país se deparam com a repressão do Estado ou das chefias (ou estão engajados em campanhas importantes ou particularmente difíceis), a habilidade de coordenar a solidariedade nacional de modo unificado pode ser estratégica. Auxílios financeiros ou fundos legais podem ser imediatamente repassados pela tesouraria de uma organização nacional, composta por centenas de membros que contribuam regularmente. Ou, quando ocorresse uma luta de alcance nacional ou internacional, os integrantes da organização poderiam coordenar os esforços de solidariedade por todo o país. E naqueles momentos de efervescência da luta social, anarquistas organizados de todos os cantos do território poderiam ser enviados a participar da organização junto às bases.Construir seções locaisO mais difícil para uma organização é a tarefa real de criar um grupo de baixo para cima, desenvolvendo as habilidades de seus membros, definindo o trabalho efetivo que cada grupo deve fazer (sendo bem sucedido) e batalhando para que todo o esforço seja sustentável o bastante para que não se dissolva em poucos anos. Muitas organizações anarquistas do país começaram justamente a partir de membros de outras organizações que se mudaram para uma nova cidade a fim de iniciar grupos semelhantes aos quais eles pertenciam.Por que não desenvolver a capacidade de ajudar as pessoas a fundarem seções locais; treinar algumas delas em ferramentas básicas de organização; fornecer-lhes uma literatura radical para ser usada em suas próprias cidades; e apoiá-las diante dos desafios que inevitavelmente surgirão? Por que não considerar estrategicamente onde poderíamos concentrar nossos meios e energias, a fim de criar seções locais, ao invés de ter um movimento anarquista crescendo mais ou menos por acaso? Muitos militantes libertários têm escrito livros ou desenvolvido apresentações inspiradoras, além de realizar palestras itinerantes. Vamos potencializar essas turnês, fornecendo ferramentas aos seus promotores para que eles possam recrutar pessoas dispostas a se organizar em seus locais (mesmo depois de o palestrante ter ido embora). Por que não ter ferramentas de alcance nacional para nos ajudar a manter o contato com simpatizantes em cidades onde talvez não estejamos, no momento, aptos a fundar seções locais – mas que possamos fazê-lo futuramente? Abrir-se a vários níveis de participaçãoUm dos motivos que mantém o movimento anarquista tão pequeno e bastante homogêneo é o fato de que nós exigimos que todos os participantes se tornem imediatamente pensadores e organizadores de alto nível. Para a maioria das pessoas – particularmente as mais afetadas pelas desastrosas consequências do Estado e do capitalismo – a organização constante é simplesmente impossível. Já uma organização eficaz seria capaz de acomodar vários níveis de envolvimento, tornando fácil para seus membros se moverem organicamente por eles. Uma organização nacional unitária permitiria que integrantes se juntassem sem exigir que se tornassem organizadores tão eficazes e comprometidos, ou que tivessem de formar seções imediatamente. Por outro lado, uma entidade desse tipo pode garantir que qualquer nível de compromisso tenha um impacto positivo. Isto é particularmente importante para os anarquistas em pequenas cidades ou áreas rurais, que não estão tão próximos de outros revolucionários.Estabelecendo pontes entre o campo e a cidadeUma revolução de fato pode acontecer apenas com a organização nas cidades? O movimento anarquista pode realmente ter impacto sobre as questões rurais se formos incapazes de apoiar os anarquistas mais isolados do campo? Se falamos em organizar o não-organizado e construir movimentos de trabalhadores militantes, como nossos movimentos podem continuar perdendo diversas oportunidades de atuar junto a militantes já organizados em comunidades de imigrantes e de trabalhadores rurais?Quando há uma opção para anarquistas, isolados em comunidades rurais, de se juntarem a uma organização nacional, não devem apenas se conectar a organizadores anarquistas das cidades próximas, mas também com outros anarquistas trabalhando em comunidades rurais por todo o país. Política e organização de impacto em escala nacionalMuitas questões com as quais lidamos são nacionais. Embora não sejamos nacionalistas, vivemos numa realidade política em que muitas políticas são decididas em nível nacional. As manifestações contra as invasões dos EUA, por exemplo, requerem uma oposição organizada nacionalmente. Para que os anarquistas tenham um impacto sobre as estratégias e táticas de amplas organizações antiguerra – que trabalham em escala nacional – eles devem também estar coordenados nacionalmente. Ao invés de ver isso acontecer acidentalmente, por meio de redes de amigos, por que não fazer isso propositivamente sobre uma base ideológica e estratégica?O mesmo pode ser dito em relação à maioria de nossos sindicatos. Nós frequentemente reclamamos que as atividades de trabalhadores dentro dos maiores sindicatos do país não correspondem à nossa orientação política ou estratégica. Bem, por que eles o fariam? Temos capacidade zero para coordenar as atividades de revolucionários na base destas organizações. Não somos capazes de, estrategicamente, orientar nossos esforços a qualquer sindicato maior do que os IWW [Industrial Workers of the World] – e mesmo lá os anarquistas revolucionários podem não conseguir uma influência coordenada. Acreditar que teremos um impacto efetivo na direção do movimento sindical, sem ter uma organização nacional de anarquistas, é fantasiar sobre tal possibilidade – em vez de se organizar para conseguir isso. Capacidade para uma efetiva mobilização de massasNo caso em que os anarquistas do todo o país buscam instigar uma luta mais do que influenciar a direção de uma organização maior, poderíamos de fato decidir juntos sobre estratégias e táticas, além da mobilização de massas, numa escala regional ou nacional. O fato de sermos capazes de transformar centenas, ou até milhares, sem ter que depender de organizações liberais ou progessistas, poderia permitir que os anarquistas influenciassem a narrativa político-econômica de um modo proposital e estratégico. Ter a capacidade de defender nossas questões como anarquistas iria nos poupar de continuar nas tentativas de radicalizar posições liberais.Honestamente, em muitos aspectos nossa habilidade de mobilizar, sem apoio financeiro, é a chave para legitimar nossas perspectivas e táticas nas lutas por justiça social. Podemos estrategicamente decidir sobre as formas de empreender a ação direta como um método-chave de luta social local, regional e nacional. Internacionalismo; não nacionalismoNão acreditamos em nações. Então, por que uma organização nacional e não uma continental? A resposta imediata é: vivemos numa realidade política de nações. Política, economia e relações internacionais emergem eminentemente de um nível nacional. Reconhecer isso e se organizar por tais bases não significa que somos nacionalistas; significa que estamos nos organizando baseados numa realidade compartilhada. A Federação de Anarco-Comunistas da Argentina, a Federação Anarquista do Uruguai ou o Worker Solidarity da Irlanda não são organizações nacionalistas.Devemos construir, daqui em diante, um movimento anarquista internacionalmente coordenado. Parte do que os anarquistas dos EUA podem fazer é erguer uma organização forte que possa se confederar com organizações aliadas ao redor do mundo. Nosso momento é agora!O contexto econômico dos EUA está mudando drasticamente, e isso tem um impacto político. Precisamos tirar vantagem desse atual contexto, pois não acontece com frequência. Perder essa oportunidade pode significar travar a evolução do movimento anarquista estadunidense. Com a economia do país implodindo lentamente, a concentração de riqueza tornando-se cada vez mais óbvia e a rede de segurança social sendo destruída, torna-se claro para milhões que o status quo não pode se manter, e que a mudança drástica é necessária. Seremos tolos se pensarmos que capitalistas, fascistas, comunistas autoritários e outros não se organizarão de forma maciça e coordenada para aproveitar o momento e manipular milhões de pessoas para lutar contra seus próprios interesses. Se não fizermos da organização anarquista em escala nacional uma prioridade, estaremos efetivamente entregando o jogo para outras forças.Em vez disso, vamos encarar os desafios como uma oportunidade para construir e legitimar, para milhões de pessoas, nossas visões a respeito de uma sociedade anarquista revolucionária. Nos próximos meses, espero anunciar a criação de um programa nacional de uma organização anarquista revolucionária estadunidense. Vamos empreender essa tarefa rapidamente, e com força para mostrar que nossas ideias não são apenas ideias, mas um inspirado roteiro da luta de massas para um mundo verdadeiramente livre e igualitário. Colin O
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