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Anarquismo Coletivista - O Bakuninismo - Parte 03

category brazil/guyana/suriname/fguiana | história do anarquismo | opinião / análise author Tuesday January 24, 2006 00:35author by Coletivo Pró Organização Anarquista em Goiás - Brasilauthor email proorganarquista_go at riseup dot net Report this post to the editors

Anarquismo Coletivista - O BAKUNINISMO


ANARQUISMO COLETIVISTA
O BAKUNINISMO



PARTE 03



5) A nossa avaliação



Na história do anarquismo algumas críticas foram feitas aos coletivistas. Em parte, esta crítica foi feita por antigos coletivistas que tomaram novos rumos no modo de pensar o anarquismo, tornando-se, a maioria deles, anarco-comunistas. Podemos aqui levantar três críticas anarquistas já realizadas ao bakuninismo. Começamos pela crítica ao método de análise de Bakunin: o materialismo histórico. Neste sentido, vale lembrar a afirmação de Malatesta:
Eu fui bakuniniano, como todos os camaradas de minha geração, infelizmente já distante no tempo. Hoje, depois de longos anos, não me considero mais como tal. Minhas idéias se desenvolveram e evoluíram. Hoje, penso que Bakunin foi muito marxista na economia política e na interpretação histórica. Creio que sua filosofia se debatia, sem conseguir sair, numa contradição entre a concepção mecanicista do universo e a fé na eficácia da vontade sobre os destinos do homem e da humanidade. Mas tudo isso importa pouco. As teorias são conceitos incertos e mutáveis. A filosofia geralmente faz hipóteses embasadas nas nuvens, e, em substância, tem pouca ou nenhuma influência sobre a vida. Eis porque Bakunin permanece sempre, apesar de todas as discordâncias possíveis, nosso grande exemplo inspirador. (MALATESTA, Escritos Anarquistas).

Em segundo lugar, e derivado da crítica ao materialismo, queremos relembrar a crítica ao pouco enfoque que os coletivistas davam à propaganda e à conscientização. Preocupando-se muito mais com a organização econômica dos trabalhadores do que em divulgar as idéias libertárias, os coletivistas foram acusados de desmerecer um nível importante de atuação: a propaganda e a conscientização. Em terceiro lugar, está a crítica à proposta econômica do coletivismo. Os anarco-comunistas criticaram a forma de distribuição da riqueza proposta. Para eles, a distribuição deveria ocorrer não proporcionalmente ao trabalho realizado, mas de acordo com as necessidades de cada um. Todos teriam direito aos produtos que tivessem necessidade. Proclamaram, assim, o lema: “de cada um conforme suas possibilidades, a cada um conforme suas necessidades.”.

Sobre estes pontos e outros mais, queremos fazer alguns apontamentos levando em consideração a realidade atual e buscando identificar os elementos do programa bakuninista que consideramos ainda importantes para uma organização anarquista atual e os elementos que achamos que estão ultrapassados pela conjuntura.

O Método de Análise: a importância da economia na construção de um programa anarquista
Em relação ao materialismo histórico, não pensamos que Bakunin foi um economicista. A acusação de que ele oscilava entre uma visão mecanicista do mundo e a crença na vontade dos homens, pode estar correta, mas considerar isto uma contradição nos parece errôneo. Trata-se, ao contrário, do seu próprio método, que consegue perceber, como tentamos mostrar, a dialética entre a economia e as idéias e a economia e a política. Elas se autodeterminam mutuamente, ainda que a economia possua um peso maior em sua análise.

Consideramos que no séc. XIX, o materialismo foi fundamental. Foi através dele que, tanto Bakunin quanto Marx, puderam fazer uma crítica das ideologias burguesas e perceber que as idéias não deveriam ser julgadas por si própria, mas em relação com as condições materiais reais de existência. Através do materialismo, portanto, que foi possível questionar a liberdade e a igualdade como conceitos puros e articulá-las com a necessidade de meios reais de desenvolvimento da liberdade e da igualdade.

Existe uma grande quantidade de obras que, após o séc. XIX, contribuem para que pensemos os limites do materialismo da época, e achamos que aprofundá-las pode nos ajudar a avançar um método de análise para a realidade atual. Por enquanto, nos basta afirmar uma grande contribuição do materialismo: a necessidade de levarmos em consideração as condições reais de existência do homem, a vida material, o modo como o homem organiza a economia e de que forma as idéias estão vinculadas a ela. Não cair em um culturalismo que abandona a importância da economia é a lição que o método de análise de Bakunin pode nos dar.

O objetivo finalista e a necessidade de se pensar uma transição revolucionária.
Quanto aos objetivos finalistas de Bakunin, achamos que ainda hoje o seu conceito de liberdade, definida como os meios reais para o desenvolvimento de todas as potencialidades humanas, é um conceito muito mais sensato do que a noção burguesa de liberdade individual firmada em uma abstração egoísta que define toda sociedade como repressora.

Ao mesmo tempo, achamos que a socialização da produção, o federalismo e a transformação intelectual e moral são fundamentais para alcançarmos uma sociedade livre. Entretanto, achamos que a construção de uma nova sociedade é uma tarefa complexa e que exige um maior aprofundamento do que puderam fazer os revolucionários do séc. XIX. Hoje, após várias experiências revolucionárias do séc. XX, temos a possibilidade de nos debruçarmos com maior profundidade sobre temas que naquela época a própria experiência histórica não proporcionava.

Uma das questões fundamentais diz respeito à transição da sociedade capitalista para uma sociedade sob novas bases. Sobre isto, uma memória histórica do séc. XIX engessou conceitos sobre a diferença entre o anarquismo e o marxismo que não contribuem em nada para avançarmos. Esta memória afirma que os anarquistas acreditam na transformação imediata, sem nenhuma transição, da sociedade capitalista para uma sociedade igualitária e livre, e que os marxistas acham que a transformação da sociedade capitalista para o comunismo, uma sociedade sem Estado e igualitária, deveria passar necessariamente por uma transição, em que imperaria a ditadura do proletariado, transição esta que manteria o Estado até eliminar a contra-revolução e preparar as condições para a instauração plena do comunismo.

É claro que, simplificar desta forma o anarquismo, é deslegitima-lo, pois, afinal, os anarquistas aparecem nesta memória como os idealistas e românticos que achando que é fácil transformar radicalmente a sociedade, simplesmente se iludem com a idéia de que é só destruir os mecanismos de repressão e implementar de uma só vez a nova sociedade autogestionada, com todos participando das decisões políticas e com todos trabalhando e dividindo coletivamente os produtos produzidos.

É preciso lembrar que esta memória desconsidera a tradição do pensamento anarquista que nem sempre acreditou que a nova sociedade se fundaria de uma só vez. Luigi Fabbri, uma anarco-comunista italiano, dizia: “Não deixamos de reconhecer que para chegar à socialização completa será necessário um período maior que o insurrecional e expropriador.” (MALATESTA & FABBRI, s.d., p. 154). E reconhecia assim que a nova sociedade não assumiria a forma perfeita de uma só vez logo após a insurreição eliminar a força opressora da burguesia.

Assim, acreditamos que para chegar a uma sociedade fundada sob bases libertárias será necessário um período em que não atingimos ainda os nossos objetivos finalistas, e podemos chamar este período como um período de transição. Isto, por dois motivos que as revoluções do séc. XIX são capazes de demonstrar. Primeiro, que as forças produtivas de uma sociedade tendem a diminuir logo após a derrubada do poder da burguesia. Afinal, uma revolução geralmente passa por um período de guerra civil prolongado e a reorientação socialista da produção acaba por eliminar grande parte das forças produtivas acumuladas na sociedade capitalista. O fato de diminuir as forças produtivas coloca um empecilho para a revolução, que depende da socialização de toda a produção e, portanto, de uma capacidade produtiva capaz de satisfazer as necessidades de toda a sociedade. Em segundo lugar, a consciência socialista, embora se amplie no período revolucionário, não está totalmente avançada, convivendo ainda com as ideologias burguesas firmadas no egoísmo, no individualismo, na não participação política e em vários valores que dificultam tanto a autogestão política quanto a socialização da produção.

Assim, admitindo que uma revolução socialista não ocorre imediatamente após a destruição dos instrumentos de coerção da burguesia e que um período de transição para a nova sociedade acaba por ser necessário, precisamos nos perguntar: quais devem ser as características desta transição? Isto é, o que os anarquistas devem propor em um momento de ruptura?

A crítica que os coletivistas fizeram à estratégia revolucionária marxista não foi necessariamente uma crítica à transição, mas uma crítica ao modo como os marxistas pensam a transição. Os marxistas propõem a tomada do poder de Estado e a construção de um Estado proletário. Os anarquistas criticam esta estratégia afirmando, como Bakunin, que este suposto Estado popular “(...) não conseguiria existir um único dia sem ter pelo menos uma classe privilegiada: a burocracia.” Esta classe dominante que se formaria através do Estado escravizaria novamente o proletariado. Assim, os coletivistas, sem esboçarem uma teoria da transição, criticaram a transição marxista. Faz-se necessário, baseados na experiência revolucionária dos trabalhadores e na realidade concreta atual, aprofundar a teoria revolucionária dos coletivistas criando um programa de transição revolucionária dentro de uma perspectiva anarquista. Afinal, quando estoura uma ruptura, temos que saber para onde caminhar, sabendo que a autogestão não virá automaticamente no dia depois da noite de bruxas.

É claro que alguns elementos do programa coletivista nos serve para pensarmos alguns princípios que deverão orientar a transição. Dentre estes princípios estão a abolição do Estado, organização política através do método federalista e a abolição da propriedade privada. Eis o que uma revolução em seu período inicial já deve tratar de fazer para que destrua o poder da burguesia e para que evite que se crie uma nova classe dominante. Entretanto, muito mais precisamos avançar para pensarmos uma estratégia revolucionária anarquista, precisamos pensar na defesa da revolução, na forma como deve se dar a coletivização da propriedade, o modo de organização do poder popular, etc.

Sobre a questão econômica, devemos por exemplo analisar a crítica dos anarco-comunistas aos coletivistas. Para eles, diferente do que propunham os bakuninistas, deve-se propiciar a todos, independente da quantidade de trabalho, os frutos do trabalho coletivo. Com isto, estamos de acordo. Cada um deve trabalhar de acordo com suas possibilidades e cada um deve receber de acordo com as suas necessidades. Entretanto, achamos que a questão é mais complexa. Esta proposta exige que na sociedade revolucionária a consciência socialista esteja bem avançada e que as forças produtivas sejam tais que possibilitem a cada um as suas necessidades. Em um primeiro momento de ruptura com o sistema capitalista, como já dissemos, acreditamos que a consciência revolucionária ainda não está totalmente avançada, pois permanece ainda impregnada de valores burgueses, e as forças produtivas tendem a regredir devido à guerra revolucionária e à reorientação socialista da economia. Devemos lembrar a avaliação de Piotr Archinov sobre a participação dos anarquistas na revolução russa:
O anarquismo não tinha opinião firme e concreta sobre os problemas essenciais da revolução social; uma opinião indispensável para satisfazer a procura das massas que criaram a revolução. Os anarquistas exaltam o princípio comunista que diz: “a cada um segundo suas habilidades, a cada um segundo suas necessidades”, mas nunca se preocuparam em aplicar esse princípio à realidade, embora possuíssem certos elementos duvidosos para transformar esse grande princípio em uma caricatura do anarquismo – lembre-se de quantos vigaristas se beneficiaram apoderando-se dos bens da coletividade e juntando-os aos seus lucros pessoais. (MAKNHO, s.d., p. 84).

Assim, achamos que num primeiro momento, a proposta coletivista de dividir os produtos de acordo com o trabalho se torna mais viável, devendo ela sempre estar orientada para o avanço da consciência e das forças produtivas para que o socialismo anarco-comunista seja consolidado no futuro.
Este debate econômico sobre a forma coletivista ou comunista deve avançar com base nas experiências revolucionárias dos trabalhadores e do contexto atual, ainda muito temos que desenvolver para a criação de um programa anarquista.

Avaliando os Meios
Outras questões que consideramos relevante no coletivismo são os meios que ele aponta para a transformação social. Primeiro, acreditamos que a conjuntura atual exige mais do que no séc. XIX uma internacionalização da revolução. Concordamos, portanto, com Bakunin quando ele diz:
(...) a federação de todas as associações operárias de um país apenas não bastam para criar um poder capaz de lutar contra a coligação internacional de todos os capitais exploradores, do trabalho na Europa; a ciência demonstrou, por outro lado, que a questão da emancipação do trabalho não se trata de uma questão nacional; que nenhum país, mesmo que seja grande, poderoso, rico, pode, sem se arruinar e sem condenar todos os seus habitantes à miséria, empreender nenhuma transformação radical das relações do capital e do trabalho (...)

Em segundo lugar, acreditamos que uma transformação real precisa vir através de uma revolução social e que a violência será necessária para a ruptura. Pois, afinal, basta que o povo oprimido ocupe uma terra para que os órgãos de repressão do Estado apareçam para impor a manutenção da ordem burguesa. As classes dominantes não abrirão mão de suas posses sem muita luta. Em terceiro lugar, acreditamos que uma revolução social, longe de todo vanguardismo, deve ter as classes populares como protagonista. São os trabalhadores urbanos e rurais quem deverão fazer a revolução social. Entretanto, em relação aos sujeitos da revolução social, acreditamos que Bakunin não deu a devida importância aos operários qualificados. Para o revolucionário russo, eles não possuíam um caráter revolucionário porque já haviam se aburguesados. Concordamos que os operários qualificados, tanto no séc. XIX quanto hoje, por não viverem na miséria tendem à inércia e a se identificarem com a ideologia da pequena burguesia. Entretanto, associar a idéia de miséria com a de revolução, isto é, acreditar que quanto mais miserável for o trabalhador, mais propício ao pensamento revolucionário ele estará é um problema. Este não pode ser o único critério para pensarmos os sujeitos de uma revolução social. É importante, sobretudo, identificar quais as classes sociais possuem maior peso na produção das riquezas do sistema capitalista em cada realidade nacional, estadual, local e internacional. Estes operários qualificados criticados por Bakunin eram fundamentais, ao nosso ver, para a revolução social. Eles possuíam um peso econômico muito forte e ainda hoje são em grande parte eles quem produzem as maiores riquezas do sistema. Se pensarmos em uma luta social, uma greve destes operários abalaria muito mais as estruturas do sistema do que uma ocupação de sem-tetos ou sem-terras, por exemplo. Serão, portanto, fundamentais no enfrentamento contra o regime. Estimular a organização autônoma destes operários, lutando contra a consciência burguesa, incentivando a unificação de sua luta com a dos demais trabalhadores do campo e da cidade, é uma função importante para uma organização anarquista.

Em quarto lugar, achamos de fundamental importância para o momento atual a divisão de níveis de atuação entre nível político e social, sabendo o que compete a cada um. Portanto, achamos que é necessário atuar no movimento social buscando uma unidade através de questões concretas, e relegando neste meio social o nível ideológico para um segundo plano. Achamos que a luta econômica, isto é, unificar os trabalhadores do campo e da cidade em torno das lutas por terra, moradia, trabalho, salário, jornada de trabalho, é fundamental e que no contexto atual é ela quem pode aglutinar mais trabalhadores e potencializar uma luta combativa de enfrentamento com as estruturas do sistema. Ao mesmo tempo, achamos importante construir uma organização anarquista específica que tenha o papel de estimular uma linha revolucionária à luta dos trabalhadores. Essa organização política deve carregar grande parte das características da Aliança, sendo uma organização de minoria ativa que atue no interior dos movimentos dos trabalhadores, e que tenha disciplina, unidade de programa, unidade de ação, responsabilidade coletiva e processo de ingresso.

Neste âmbito da forma de organização política, achamos apenas que, para a realidade atual, a organização não precisa ser secreta, o que não descarta a necessidade de tornar-se secreta de acordo com a conjuntura. A Aliança relegou a um plano praticamente inexistente a propaganda. Atualmente, acreditamos que ela ocupa um papel relevante, não o principal, que para nós continua sendo o nível social, a organização dos oprimidos em torno de suas questões concretas e o modo como destas questões podemos aprofundar as exigências da luta. Entretanto, a propaganda anarquista serve para aproximar militantes, apresentar um programa de alternativa política para os decepcionados com a esquerda reformista e a esquerda revolucionária autoritária, enfim, para combater ideologicamente o sistema capitalista.

Entretanto, uma organização anarquista, ainda que pública, deve saber que muitas coisas no seu interior, como alguns documentos, algumas discussões e algumas ações, deverão ser clandestinas, isto é, só poderão ser conhecidas pelos seus próprios militantes. Ela deve ter um processo de ingresso claro e exigente e critérios de segurança para que não haja infiltração das forças repressivas do Estado. Esta é uma avaliação rápida dos elementos de um programa anarquista apontado por Bakunin, buscando identificar em que questões ele pode contribuir para a formulação de um programa revolucionário para atualidade. Ainda muito temos que fazer, tanto em nossa luta cotidiana junto às classes exploradas, quanto no diálogo constante com esta prática na elaboração dos caminhos que devemos tomar para a construção de uma nova sociedade. Não poderíamos terminar um texto sobre Bakunin sem relembrar a sua própria vida e palavras. Especialmente quando, antes de morrer, velho e doente, percebeu a necessidade de se afastar do movimento dos trabalhadores:
Nos últimos nove anos desenvolveram-se no seio da Internacional mais idéias do que era preciso para salvar o mundo, se apenas as idéias pudessem salva-lo, e desafio quem quer que seja a inventar uma nova. O tempo não está mais para idéias, e sim para fatos e para atos. O que mais importa, hoje, é a organização das forças do proletariado. Mas esta organização deve ser obra do próprio proletariado. Seu eu fosse jovem, eu me transportaria para um meio operário, e, compartilhando a vida laboriosa de meus irmãos, participaria igualmente com eles do grande trabalho dessa organização necessária. Mas, minha idade e minha saúde não me permitem faze-lo. Elas me pedem, ao contrário, a solidão e o repouso.

E os trabalhadores, durante o final do séc. XIX e início do séc. XX não deixaram Bakunin repousar, reivindicando suas idéias e sua prática nas lutas travadas pelo mundo inteiro. Não repousará os anarquistas enquanto a opressão e a exploração existir!

PARTES 1 & 2 DO ARTIGO:

Parte 01 - Apresentação, Contexto Histórico, Metodo de Análise e Objetivos

Parte 02 - Os meios




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