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BOLETIM FAÍSCA #17

category brazil/guyana/suriname/fguiana | movimento anarquista | other libertarian press author Saturday December 31, 2005 00:26author by Faísca Publicações Libertáriasauthor email faisca at riseup dot net Report this post to the editors

Fim de ano e programação 2006

Bem, estamos terminando mais um ano e gostaríamos de dar os nossos sinceros agradecimentos a todos que tornaram possível a nossa existência e nosso desenvolvimento em 2005.

Fazendo uma rápida análise deste ano que agora termina, poderíamos quiçá destacar um acontecimento que foi a desmoralização de Lula, do Partido dos Trabalhadores, assim como da política parlamentar em sua totalidade. Incrivelmente, a sociedade mostrou-se atônita ao saber de um pouco da realidade que circunda os meandros parlamentares de nosso país.

Dentro deste contexto, deu-se a formalização do PSOL, que se utiliza de termos tão caros a nós como socialismo e liberdade, tentando dar uma solução ao problema da política institucional, mas acabando apenas por enxugar o gelo que não pára de derreter. Lembremo-nos do início do PT, quando o “partido movimento” reivindicava a ética, a democracia direta e o movimento dentro do parlamento. Grande ilusão. O problema não está na escolha do partido que vai governar mas sim em questionarmo-nos se, de fato, a política parlamentar é o caminho para as mudanças que desejamos. Não tardará para que o PSOL encontre-se na mesma posição em que o PT, depois da derrota em 1989, quando se colocará a questão: continuar mantendo o discurso e perder sempre, ou apelar para os meios “comuns” e “colocar as mãos na merda”, como disse Proudhon, para então aumentar o número de cadeiras no parlamento e ocupar posições significativas?

Vale destacar algo preocupante: com a suposta crise da suposta esquerda, a direita volta a levantar-se e temos o desprazer de ouvir nas ruas senhores e senhoras se recordando dos “bons tempos da ditadura militar”, vemos o aumento da repressão aos movimentos sociais culminando com o absurdo de se querer tornar o “crime” de invasão de terras hediondo.

Ainda aos fins deste ano, vemos Palocci defendendo uma política econômica que anda na contra-mão do bem-estar social. Ao menos a nós, restou observar tudo isso com cautela e repensar como faremos para divulgar os nossos ideais e persuadir o maior número de pessoas, tentando fazer ver que a política parlamentar não funciona mesmo. Eis aqui o maior desafio para 2006. E 2006 promete: com as eleições previstas para o final do ano, já foram lançadas campanhas pelo voto nulo e, pelo que se percebe, terão grande aceitação. Os grupos e organizações libertárias que trabalham pelo socialismo libertário (entendendo socialismo como um sistema oposto ao lucro e à propriedade privada e liberdade como livre desenvolvimento de todas as nossas faculdades, um sistema antiautoritário e fora dos âmbitos do Estado, em que a liberdade do outro signifique necessariamente a nossa liberdade) terão uma tarefa hercúlea, mas o terreno mostra-se bem fértil às nossas idéias.

Além disso, o ano que vem será palco, também, para este modelo de “governo de esquerda” que se instituiu na América Latina, fortalecendo-se agora com a eleição de Morales na Bolívia. Devemos estar atentos para não cairmos nesta retórica “socialista”, já há muito conhecida por nós brasileiros, que tem mais cheiro de um “neoliberalismo desenvolvimentista” ou social-democracia mequetrefe, e que de socialismo não tem nada ou quase nada.

Para 2006, estamos programando uma série de coisas e gostaríamos de dividir algumas delas com outros companheiros e companheiras: alguns lançamentos já acertados como O ANARQUISMO SOCIAL de Frank Mintz, A REVOLUÇÃO RUSSA de Maurício Tragtenberg, AÇÃO DIRETA E PARTIDOS POLÍTICOS de Janet Biehl, Rob Sparrow, Felipe Corrêa e Maurício Tragtenberg, A GUERRA DA TARIFA 2005 de Leo Vinicius, a terceira edição do AUTOGESTÃO HOJE, o ANARQUISMO SOCIAL OU ANARQUISMO DE ESTILO DE VIDA de Murray Bookchin, algumas co-edições em processo de negociação de autores como Santillán, Malatesta, Emma Goldman, Frank Fernández, vamos ver se sai o ANARQUISMO RUSSO E UCRANIANO de Paul Avrich, Alexandre Berkman e Raphael Amaral, entre tantas outras coisas que nos passam pela cabeça 24 horas por dia. Teremos também, já no início do ano, uma grande atualização em nosso site, colocando todos os livros da distribuidora para compra on-line e, se conseguirmos, possibilitando pagamento com cartão de crédito e boleto bancário.

Continuaremos apoiando, continuamente, os grupos e organizações libertárias que lutam por um movimento anarquista organizado, em que a ética é a principal bandeira, e que não se resumem ao anarquismo comportamental mas interferem, politicamente e com relevância, no dia-a-dia de todos nós por meio da ação direta. Enfim, que entendamos essa passagem de ano como mais ar para nossos pulmões que urgem gritar, algum dia, em alto e bom som: somos livres!

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