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Crónica em tempos conturbados

category internacional | economia | opinião / análise author Tuesday April 19, 2011 18:48author by Manuel Baptista - (a título individual) Report this post to the editors

Uma análise sobre o estado da luta de classes e a procura da melhor resposta do nosso campo.

A dita crise da dívida soberana nos países ditos periféricos da EU nada mais é que a escandalosa e consentida especulação dos chamados mercados, com o consentimento dos poderes políticos!


Crónica em tempos conturbados

Uma análise sobre o estado da luta de classes e a procura da melhor resposta do nosso campo.


A dita crise da dívida soberana nos países ditos periféricos da EU nada mais é que a escandalosa e consentida especulação dos chamados mercados, com o consentimento dos poderes políticos!

Nada obriga os Estados a irem ao mercado internacional, dominado pela banca mais poderosa, buscar a liquidez de que precisam. Para isso bastaria emitirem empréstimos obrigacionistas internos, os quais seriam bem acolhidos pelos cidadãos dos seus respectivos países, desejosos de obter um juro um pouco acima da taxa de inflação, com garantia do Estado.

Assim, os diversos Estados agora sob ataque, teriam a possibilidade de se financiarem sem que houvesse um crescimento exponencial da dívida. Note-se que a diferença é entre os quase 10% que o Estado terá de pagar à banca para obter crédito para operações de tesouraria a curto prazo, enquanto a emissão de obrigações do tesouro em subscrição pública seria a juro da ordem de 5%!

O que choca, nisto tudo, é que desde Setembro, no caso da Irlanda e desde Novembro, no caso português, se via claramente que havia um ataque especulativo sobre as dívidas soberanas dos respectivos países, mas esta especulação não foi contrariada pelas instâncias políticas que teriam - em teoria - que defender o interesse nacional dos respectivos países.

Podemos compreender -embora não possamos desculpar - porque cometeram este crime por omissão. São os que consideram que é preciso por todos os meios possíveis - fundamentalismo neoliberal - «emagrecer» o Estado. Ora, segundo a sua lógica, esta crise é uma oportunidade de impor as medidas draconianas de redução drástica do chamado Estado Social, ao ponto de se tornar irrisório!

Embora não seja incondicional do «Estado social», considero que é importante a classe trabalhadora ter uma série de garantias e de possibilidades de se defender, de evitar uma desvalorização drástica do valor do seu trabalho... uma certa protecção contra a tendência do capital, que sempre quer a maximização do lucro e considera o trabalho como um «custo», quando na realidade, este é a fonte (conjunta com a natureza) de toda a riqueza verdadeira!

Os ideólogos do mercado, os spin doctors (doutores da treta) que infestam os programas e noticiários televisivos fazem uma barragem quotidiana de um discurso alarmista e batendo sempre na mesma tecla, como seria de esperar de pessoas a soldo do grande capital, para convencerem os cidadãos de que nada há a fazer senão aceitar uma compressão brutal dos rendimentos, ainda por cima destilam uma «culpa colectiva» como se o assalariado que produz bens e serviços, fosse o mau cidadão e não os banqueiros e os parasitas da politiquice...

A verdade vem sempre ao de cima, mas que interessa essa tal verdade por cima dos nossos cadáveres ou das nossas vidas destroçadas!?

Irmãs e irmãos de classe! Chega de protestos do tipo «muro das lamentações»: avancemos para formas de auto-organização das luta colectivas, cada vez mais eficazes. Não devemos dar nenhum espaço para a politiquice, devemos contrariar essas tendências para colocar o «perfil» ideológico acima da pertença de classe, que tem sido tão prejudicial (nos últimos decénios). É assim que a classe dominante, tão fraca em termos numéricos, tem dominado a classe trabalhadora com facilidade. Temos de deixar de acreditar que os dirigentes ditos de «esquerda» o são, apenas porque têm um discurso assim... Devemos apenas acreditar em discursos que são acompanhados por acções coerentes e eficazes!

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