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Conversa rápida com um militante do Zabalaza (África do Sul)

category internacional | movimento anarquista | entrevista author Tuesday December 29, 2009 21:29author by agência de notícias anarquistas - ana Report this post to the editors

“A tradição libertária é muito mais entranhada no Reino Unido do que na África do Sul"

Jonathan é ativista da Frente Anarquista Comunista Zabalaza (ZACF), uma organização anarquista africana, recentemente ele esteve no Reino Unido participando de diversas atividades, falando do anarquismo na África do Sul. A seguir uma conversa rápida que ele teve com a ANA. [Castellano]
Militante do Movimento dos Sem-Terra em uma demonstração iniciada pelo ZACF em 2009
Militante do Movimento dos Sem-Terra em uma demonstração iniciada pelo ZACF em 2009

Agência de Notícias Anarquistas > E aí, valeu ter ido participar da "speaking tour" pelo Reino Unido? Foi uma boa experiência? Por onde você esteve?

Jonathan > Sim, foi uma experiência muito boa conhecer alguns dos companheiros que eu tenho "conhecido" na Internet há anos, assim como muitos outros novos. Também foi bom para aprender sobre as lutas que eles estão envolvidos, os desafios que eles enfrentam e como eles se aproximam destas.

Eu visitei e fiz uma palestra em Londres, na Feira de Livros; em Bristol, num centro social; numa sala de conferências de um hotel em Dublin e Cork, na Irlanda; Brighton, em um centro social e em Edimburgo, na Escócia, em outro centro social.

ANA > Realmente a Feira de Livros Anarquistas de Londres é tão grandiosa como se costuma falar?

Jonathan > Sim, realmente. Foi até maior do que eu esperava. Mas havia também um monte de barracas de grupos que, em alguns lugares realmente não seria considerados como parte da tradição anarquista. Por exemplo, grupos de direitos dos animais.

Houve um grande salão cheio de barracas, e mais duas ou três tendas menores. Também havia cerca de quatro palestras ou oficinas em paralelo em algum lugar, das dez ou onze horas da manhã até as seis ou sete da noite.

Infelizmente eu não pude ir para as palestras ou passar muito tempo olhando para as mercadorias, porque eu tinha que cuidar da barraca da Zabalaza.

ANA > O que mais te chamou a atenção neste giro libertário pela Europa?

Jonathan > Por um lado fiquei surpreendido com o grande número de pessoas que se identificam como anarquistas, mas fiquei surpreso ao ver que o movimento libertário no Reino Unido tem uma influência muito pequena na proporção do respectivo número.

O que mais me chamou a atenção foi o Movimento de Solidariedade dos Trabalhadores (Workers Solidarity Movement - WSM) na Irlanda, porque há muito tempo temos uma relação fraterna e foi bom ver que eles estão bem organizados e ativos, e têm uma certa influência na Irlanda.

ANA > O movimento anarquista britânico tem uma originalidade, especificidade muito diferente do anarquismo africano?

Jonathan > Eu acho que é difícil falar de todo o movimento libertário britânico, pois há uma série de tendências diferentes, alguns dos quais nós, na Zabalaza, nos encontramos mais próximos. Por exemplo, organizações como a WSM vêm da tradição plataformista, da mesma maneira como a Zabalaza, por isso temos muito mais em comum com eles do que com alguns grupos de síntese ou anarco-sindicalista. Claro que as condições em que operamos na África do Sul são muito diferentes, e o contexto histórico é diferente, e nesse sentido nós provavelmente achamos que temos mais em comum com o movimento especifista da América Latina do que com os grupos britânicos.

O que é visivelmente diferente é que a tradição libertária é muito mais entranhada no Reino Unido do que na África do Sul, para que haja uma continuidade de anarquistas entre as gerações que nós realmente não temos aqui.

ANA > Uma curiosidade. Recentemente eu vi uma foto de vocês, da Zabalaza, num evento de libertação animal, acho que em Johanesburgo. Isto quer dizer que essa é uma luta que sensibiliza vocês também?

Jonathan > O evento que você está se referindo era chamado de "Uma Luta", destinado a ligar a luta pela liberdade humana, dos direitos dos animais e da sustentabilidade ambiental em uma luta. Foi em Johanesburgo.

Apesar de que, agora, a maioria dos membros da Zabalaza são vegan ou vegetariano, nós, como uma organização, não temos uma posição sobre os direitos dos animais e não vemos como parte integral da luta libertária. Em outras palavras, nós não fazemos os direitos dos animais como parte do nosso programa político, embora alguns de nós apoiamos os direitos dos animais, em princípio. Fomos convidados para estar no painel deste evento, e eu era o representante da Zabalaza, e resolvemos aproveitar a oportunidade para mostrar que a exploração animal e a degradação ambiental são em grande parte uma conseqüência do modo capitalista de produção e distribuição, e que qualquer esforço para libertar os animais ou o ambiente devem, necessariamente, ser uma luta contra o Estado e o capital.

Normalmente, esses eventos são exclusivamente de classe média, e não se incomodaria em participar deles, mas este evento especial também contou com representantes de movimentos sociais populares com os quais trabalhamos, assim que nós pensamos que é importante aproveitar a oportunidade para promover uma posição do anarquismo revolucionário e classista.

agência de notícias anarquistas-ana

dança na janela
vermelha e branca — asa
pássaro é flor

Nydia Bonetti

Related Link: http://www.zabalaza.net

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Uma parte da "Uma Luta" painel.
Uma parte da "Uma Luta" painel.

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