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Especifismo e Síntese / Sintetismo

category internacional | história do anarquismo | opinião / análise author Thursday November 19, 2009 23:00author by Felipe Corrêa Report this post to the editors

Verbetes "Especifismo" e "Síntese/Sintetismo", escritos para um "Dicionário do Anarquismo" que está sendo organizado por alguns companheiros. [English] [Italiano]
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Especifismo

O especifismo é uma concepção de organização anarquista. O termo é utilizado e foi difundido pela Federação Anarquista Uruguaia (FAU), que com ele refere-se à corrente anarquista que historicamente defendeu a necessidade da organização específica anarquista. Assim, o especifismo acredita que a organização da luta deve se dar em dois níveis distintos: o da organização anarquista e o dos movimentos populares – que devem se formar com base na necessidade e não se resumir a uma determinada ideologia, como no caso do anarco-sindicalismo. Este modelo de organização possui suas bases no anarquismo clássico, tendo sido defendido por Mikhail Bakunin, Errico Malatesta, os russos exilados do Dielo Truda, entre outros. Bakunin defendeu um modelo deste tipo para a Aliança da Democracia Socialista, quando em sua atuação no seio da Associação Internacional dos Trabalhadores (Primeira Internacional); Malatesta defendeu posições semelhantes em sua formulação do “partido anarquista”; o Dielo Truda, semelhantemente, na Plataforma Organizacional dos Comunistas Libertários. Posições similares foram defendidas em diversas épocas e nos mais diferentes locais por anarco-comunistas que sustentavam uma linha “organicista” de anarquismo, fundamentada na organização e na vontade dos trabalhadores para promover a transformação social por meio dos movimentos de massa. Desde o século XIX, outras concepções vêm sendo incorporadas ao que hoje se entende como “espeficismo”, que é defendido por uma série de organizações anarquistas brasileiras: a compreensão do anarquismo como ideologia e, portanto, com um vínculo necessário com uma prática política com objetivo de transformação social; a organização como elemento imprescindível para a luta; a concepção da organização específica anarquista como uma organização de minoria ativa; a centralidade da luta de classes e a prioridade no trabalho social junto aos movimentos populares (movimentos sociais, sindicatos, etc.); a unidade teórica e ideológica; a unidade estratégica e tática; o processo decisório marcado pela tentativa de consenso e, não sendo possível, pela votação; e a ênfase no compromisso militante. Fora da América Latina, as organizações que defendem posições semelhantes ao especifismo definem-se como anarco-comunistas, de inspiração plataformista.



Síntese / Sintetismo

A discussão sobre a Síntese Anarquista coloca-se no contexto da discussão sobre a Plataforma Organizacional dos Comunistas Libertários, escrita pelo grupo de exilados russos Dielo Truda em 1926. Dois textos feitos como respostas à Plataforma, e que propunham modelos distintos, constituem a base daquilo que ficou conhecido como organização de síntese, ou simplesmente “sintetismo”. O primeiro deles, de Sébastien Faure, foi escrito em 1928 e sustenta que o anarquismo caracteriza-se por três correntes fundamentais: anarco-sindicalismo, comunismo libertário e anarco-individualismo. Em sua concepção, estas correntes não seriam contraditórias, mas complementares, tendo cada uma delas um papel a desempenhar dentro do anarquismo: o anarco-sindicalismo como a força das organizações de massa e o melhor meio para a prática do anarquismo; o comunismo libertário como proposta de sociedade futura baseada na distribuição dos frutos de trabalho conforme a necessidade de cada um; o anarco-individualismo como negação da opressão individual e afirmação do direito ao desenvolvimento do indivíduo buscando satisfazê-lo em todos os sentidos. O segundo texto, de Volin, foi escrito em 1934 e sustenta que é necessário sintetizar as diferentes correntes anarquistas, em um “conjunto harmonioso, ordenado, acabado”. Tomando como modelo as linhas que visavam constituir a organização anarquista russa Nabat, Volin, semelhantemente a Faure, reivindica um modelo de organização em que o sindicalismo seja considerado o método da revolução social, o comunismo libertário constitua a organização da nova sociedade, e o individualismo torne-se o objetivo da sociedade pós-revolucionária, com vistas à emancipação e à felicidade do indivíduo. Para ele, seria um engano opor as correntes anarquistas umas às outras, e o mais produtivo seria realizar uma fusão delas, em um “anarquismo sintético”, indispensável a seu ver. Na atualidade, a organização anarquista sintetista de maior expressão é a Federação Anarquista (FA) da França.

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