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Mulheres Em Ação, Eucalipto No Chão!

category brazil/guyana/suriname/fguiana | miscellaneous | news report author Saturday March 14, 2009 07:06author by da redação - vermelhoenegro.org/fag Report this post to the editors

Entrevista com companheiras libertárias

Na madrugada de 8 para 9 de março mais de 600 mulheres do MST ocupam a fazenda Ana Paula na metade sul do estado do RGS (Brasil) para fazer ação direta contra a monocultura do eucalipto que invade a geografia do pampa. As árvores exóticas do agronegócio derrubadas pelo machado, a foice e o facão, formam os maiores investimentos dos capitais transnacionais que vem ao campo se associar com o latifúndio e se apropriar dos bens naturais para fazer produtos de exportação. As camponesas dispararam luta de massas no marco do dia da mulher trabalhadora para reivindicar sem mediações reforma agrária para produção de alimentos. Aqui entrevistamos duas companheiras libertárias: Lizandra e Gerusa vinculadas aos processos de luta e organização do MST e Via Campesina que nos falam mais dessa última jornada:
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Redação Vermelho & Negro: Para começar: podem nos contar das linhas da jornada do 8 de março desse ano (2009)?

G: Dar continuidade a denúncia do agronegócio que se manifesta através das ações das transnacionais da celulose. E também de denunciar a apropriação ilegal do uso da faixa de fronteira por estas empresas.

L: A nível nacional as ações das mulheres da Via Campesina serviram para denunciar as monoculturas como a cana de açucar, a soja transgênica, etc, que como a celulose agridem o meio ambiente, todas ligadas ao capital internacional, sustentadas com verbas públicas, e que se apropriam das áreas que deveriam ser destinadas para Reforma Agrária e a produção de alimentos.

Como operam as transnacionais do agronegócio

G: Elas agem como governos não eleitos: elegem bancadas, financiam políticos, encomendam leis e tem a repressão policial a sua disposição para garantir seus lucros e exportação. Usam “laranjas” para se instalar e explorar faixas de fronteira que são territórios de soberania nacional.

L: Governos como o de Yeda Crusius (do RS) agem não só como aliados, mas como gestores da coisa pública colocada a disposição do projeto de apropriação de nossas riquezas por estas transnacionais.

Governo Lula: refoma agrária x agronegócio



A carência de recursos para a Reforma Agráriaé resultado direto da prioridade do governo com o agronegócio e as transnacionais, os produtos transgênicos, exportação de celulose, etanol, soja... que não geram empregos.

O governo não cumpre a meta de Reforma Agrária, só assentou uns 30% daquilo que tinha sido estabelecido e contribui para ações do Ministério Público e judiciário contra os movimentos sociais, especialmente contra o MST.

V&N: Qual foi a ação tomada na jornada deste ano, que efeitos produziu e que participação tiveram as mulheres Sem Terra?

G e L: Nosso destino foi a fazenda Ana Paula que tem 18 mil hectares e é parte de 3 municípios da região sul do estado, faz divisa com Aceguá no Uruguai. Já tinha sido ocupada em 2001 pelo movimento e foi lugar de refúgio do juiz Nicolau dos Santos Neto, o “Lalau”, que operou um esquema de desvio de dinheiro público na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo. Hoje é um imenso deserto verde de propriedade da empresa Votorantin (VCP).
Ao amanhecer do dia 9 de março mais de 600 mulheres de assentamentos e acampamentos de todo o estado do Rio Grande do Sul ocuparam a fazenda e fizeram o corte de mais ou menos 3 hectares de eucalipto plantados na área.

Após saímos em marcha em direção a Candiota por 8 km de estrada e montamos acampamento em frente a sede da fazenda Ana Paula, as margens da rodovia junto ao assentamento Conquista do Paraíso. Sempre pressionadas pela brigada militar que montou 2 postos próximos ao acampamento e “congelou” a área de conflito. Houve ameaça de tirar as crianças que participavam das suas mães, muita presão psicológica. Pelas 9 hs da manhã busca e apreensão das ferramentas de trablho que forma levadas e identificação das manifestantes, entre mulheres e crianças. 7 mulheres ganharam voz de prisão e foram detidas como responsáveis pelos atos.

V&N: É inegável que nos últimos anos a Via Campesina tirou o 8 de março das festas e apelos de consumo e o recuperou no calendário de lutas como marco de ação direta das trabalhadoras. Recobrou as origens e suas veias classistas e feministas pela força dos fatos. Como a luta da mulher se articula com o projeto de transformação da realidade brasileira.

G: Hoje são as transnacionais que melhor demonstram por suas ações a lógica do sistema capitalista, gerando miséria, explorando a classe trabalhadora, poluindo o meio ambiente. Quando agimos queremos mostrar para sociedade que estas empresas são inimigas da classe trabalhadora.

L: Pela ação direta mostramos que as trabalhadoras do campo não concordam com esta sociedade dividida em ricos e pobres, onde as leis, os governos e as polícias estão a serviço das transnacionais, dos ricos. Por isso acreditamos que o 8 de março é uma luta não apenas de gênero mas também de classe.

V&N: Qual a unidade, o apoio mútuo ou a solidariedade que estas lutas de ação direta tem conseguido com os setores urbanos, com as mulheres e as demais organizações?

G: Na medida que vamos denunciando e avançando enquanto mulheres da classe trabalhadora outros tipos de protestos de companheiras vão se abrindo em diferentes frentes de luta: o MTD, MMC, Sem Teto, pastorais ligadas aos movimentos sociais, sindicatos, organizações como Resistência Popular.

L: Temos o mesmo inimigo e se para as mulheres desempregadas, oprimidas, sindicalistas, moradoras da periferia o inimigo segue sendo o mesmo a solidariedade é um valor fundamental para fazer unidade na ação.

V&N: Como ficam as coisas daqui pra frente, que perspectivas podem ter?

G: Vamos continuar lutando contra o modelo do agronegócio, buscando espaço de unidade e solidariedade entre os trabalhadores do campo e da cidade.

L: Não recuar o caráter das ações, fortalecendo a luta das mulheres da cidade. A vida não se negocia e o 8 de março passa a ser marcado pelo caráter direto de uma luta contra a opressão da mulher mas também a opressão que é exercida por estas empresas transnacionais.

Edição: pela redação de vermelhoenegro/fag Evandro Couto
Colaborou na transcrição da entrevista: João Cafone

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